sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

A EXTREMA DIREITA NÃO É FRUTO DA CHAMADA CRISE DA DEMOCRACIA, MAS DA CRISE DA SOCIEDADE, APODRECIDA PELO MATERIALISMO, REPRESENTADO HOJE PELO CAPITALISMO HÁ 100 ANOS DECADENTE

Para quem deseja compreender o complexo mundo político atual e o ressurgimento do extremismo de direita, a prestigiada FOREIGN AFFAIRS, revista estadunidense especializada em política internacional, com mais de 100 anos de existência, traz uma importante matéria, assim denominada em português, A IRRITANTE ASCENSÃO DA DIREITA TRANSNACIONAL (tradução livre do google), que pode ser acessada no link: https://www.foreignaffairs.com/world/vexing-rise-transnational-right .

Abaixo você lerá alguns poucos parágrafos que traduzem a importância da análise crítica da revista.

Na parte final você poderá ler as considerações deste blogueiro.


(...)

O dinheiro sujo americano apóia forças de extrema direita no exterior: o openDemocracy relatou que, entre 2008 e 2017, fundamentalistas cristãos baseados nos EUA doaram US$ 50 milhões para apoiar causas e partidos de extrema direita em toda a Europa (uma soma significativa no contexto europeu). Dinheiro, bots, hackers e propaganda russos também apoiaram vários partidos populistas reacionários. A Rússia emprestou dinheiro à Frente Nacional, um partido de extrema direita na França liderado por Marine Le Pen, em 2014, e apoiou a campanha do Brexit para tirar o Reino Unido da União Europeia. Apesar de sua calamitosa e brutal invasão da Ucrânia, o presidente russo ainda é muito estimado por alguns da direita que o veem como um defensor dos valores tradicionais. Nos Estados Unidos, uma campanha de direita em andamento para minar o apoio a Kyiv teve algum sucesso.

Em segundo lugar, os partidos de extrema-direita tendem a emular uns aos outros. Mesmo quando adaptam ideias e ideologias para o público local, os avanços em um país fornecem “efeitos de demonstração” que ajudam a legitimar movimentos de extrema direita em outros lugares e a construir um repertório de práticas a partir do qual se basear. Os trágicos acontecimentos no Brasil revelam esse fenômeno. Bolsonaro parecia pegar emprestado da retórica de Trump antes, durante e depois do ciclo eleitoral de 2022 no Brasil, ecoando as alegações conspiratórias de fraude e roubo do ex-presidente dos EUA.

A estética fascista se espalhou rapidamente durante as décadas de 1920 e 1930; uniformes marciais se tornaram um símbolo onipresente do movimento. Agora, populistas reacionários em todo o mundo adotaram a linguagem e os temas das “guerras culturais” dos Estados Unidos. A extrema direita francesa fez do “wokeness” – um termo frequentemente usado pelos americanos para ridicularizar as visões progressistas sobre raça e gênero – um importante ponto de discussão durante as eleições nacionais em 2022, emprestando explicitamente da retórica do Partido Republicano e de outros conservadores dos EUA.

Aprender e adaptar as técnicas, métodos, retórica e estilo de grupos de outros lugares pode levar à radicalização. A ascensão da Alemanha nazista encorajou muitos partidos de extrema-direita a se tornarem mais abertamente anti-semitas. No final da década de 1930, a Itália fascista estava adotando políticas racistas e anti-semitas.

(...)

Uma das principais diferenças entre o período entre guerras e a era atual, como Sheri Berman apresentou em seu texto na Foreign Affairs, é a ausência de socialismo revolucionárioA esquerda simplesmente não representa um desafio para a democracia liberal, em termos de alcance, apoio popular, ambições e capacidades, como fazia há um século. A falta de tal ameaça deve melhorar a resiliência das instituições ocidentais e ajudar a obrigar os movimentos de direita a se tornarem mais moderados.

(...)

(do autor do blog): Daí a pergunta que não quer calar: será? Será que a ausência de uma esquerda radical promoverá a moderação da direita ou, ao contrário, a sua mais rápida e generalizada expansão pelos continentes afora?

O materialismo exagerado dos tempos atuais não teria facilitado o ressurgimento de uma anacrônica e cruel extrema direita, tão apegada e beneficiada com os fracassos econômicos dos países e também com os insucessos individuais e coletivos como mote? A extrema direita não seria, assim, a revelação do continuado fracasso das democracias ocidentais?

Por um tempo, a sociedade ocidental valorizou a dita alta cultura e se afastou das visões extremadas das religiões Hoje, porém, a cultura de massa, próxima dos interesses comerciais e capitalistas ganhou espaço, reaproximando-se, inclusive, do que há de pior nas religiões e tornando a sociedade refém de um sistema que nada enriquece o ser humano.

O problema do ressurgimento constante da extrema direita, que ameaça a paz global, parece ser, em grande parte, produto da crise do materialismo e de sua presença nociva nos valores das sociedades.

Disse materialismo para abranger não só o capitalismo dos países ocidentais, mas também o comunismo dos países da esfera de influência da ex-União Soviética. A visão materialista do mundo, sem uma correspondente e larga espiritualidade, apega o ser humano ao consumo e à falsa necessidade de banalidades.

Um sistema econômico deveria ser apenas um sistema econômico. Quando adentra na sociedade, pervertendo-a, e a afastando de valores tão caros à humanidade, como solidariedade, conhecimento e felicidade, torna-se nocivo e desastroso sob todos os aspectos.

Pode-se dizer que o capitalismo que vemos hoje, decadente e perverso, que facilitou o surgimento de religiões sedentas por dinheiro, de partidos políticos que pregam apenas bonança econômica e de relacionamentos baseados na troca de dinheiro, favores ou conveniência, é a maior ameaça à democracia e à própria humanidade!

Porém, as pessoas ainda parecem seduzidas por um sistema que não têm trazido benefícios à natureza e à humanidade, mas a uma pequena parcela da sociedade global.

Ou a sociedade se reinventa e impõe readequações ao capitalismo, ou será tragada pelo radicalismo de direita ou, se houver agravamento da crise, por uma nova extrema esquerda, inexistente nos tempos atuais.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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