quarta-feira, 18 de maio de 2016

OLHAR HUMANO

desenho: internet


Em pleno século XXI, após duas horríveis guerras mundiais, genocídios, escravidão e tantas outras barbáries, o ser humano continua a sofrer não apenas por causas naturais, como seca e outras catástrofes eventuais, mas pela ação contínua e destruidora do próprio homem.

O ser humano tem se preocupado em acumular riquezas de forma infinita, em sugar de forma avassaladora tudo o que a terra proporciona e em utilizar coisas e o próprio humano como meros objetos para uma pretensa felicidade, nessa era do ter, e não pensa nos meios para alcançá-la.

O materialismo, seja ele de qual ordem for, não permite a vivência plena e digna do ser humano.

A felicidade não se alcança com o materialismo, o estar rodeado de coisas, mas internamente, pelo estado de espírito e pelo fortalecimento da inteligência, ou seja, depende de fortalecimento do seu próprio eu, como aludem de certa forma Frei Betto, Leonardo Boff e Mário Sérgio Cortella no livro “Felicidade foi-se embora?”.

É possível sermos felizes! Mas para isso, temos que, primeiramente, olhar para o ser humano ao lado, nosso reflexo de humanidade. Se o vizinho estiver sendo respeitado e vivendo com dignidade, haverá motivos para estarmos felizes! Se contribuirmos para isso, também!

Mas se nos encastelarmos em um mundo onde a aparência, o consumir e o usar sejam prioridades, a felicidade certamente cederá espaço a uma alegria egoística temporária e superficial, que é um dos sentidos do próprio poder.

Não aplaudo violações a direitos humanos, sejam elas quais forem. Elas podem ocorrer tanto em prejuízo das maiorias, como mulheres e negros, como das minorias, sejam indígenas, portadores de deficiência, não heterossexuais ou integrantes de determinada etnia ou religião, dentre outros. E elas ocorrem em todos os graus, dos mais sutis aos mais perceptíveis.

Um mundo que preze pelo ser humano feliz, certamente estará mais próximo dos direitos humanos. Um mundo sem opressão, sem atrocidades, sem injustiças, sem dores e com muito amor, certamente proporcionará felicidade, e a todos, sejam os que já foram oprimidos, sejam os que ajudaram a romper esse círculo vicioso de desumanidade que nos acompanha desde os primórdios.

Não é fácil ser forte o suficiente para abstrair os prazeres do egoísmo. Essa falta de limite e de preocupação com o outro, representada muitas vezes pela conjugação dos verbos ter, acumular, e usar, conjugados na primeira pessoa, e de forma desenfreada, tem levado a humanidade a vivenciar de forma muito intensa a constante proximidade de seu fim.

Respeitar o ser humano, seja um parente, alguém que está ao nosso lado ou mesmo distante, é uma forma de ter um olhar humano. Ter um olhar humano é limitar suas ambições desproporcionais para permitir a que o outro seja feliz. Ter um olhar humano é se preocupar com o outro, seja conhecido ou não. Ter um olhar humano é cuidar. Ter um olhar humano é ser solidário. Ter um olhar humano, como se verifica, exige antes de tudo um amor próprio e verdadeiro pela nossa humanidade.

E é óbvio que tudo isso passa pelo crivo da inteligência e da capacidade de compreensão do significado das coisas e dos seres, inclusive humanos. Para muitos isso é quase intuitivo e natural. Para outros é uma conquista decorrente do conhecimento.

Havendo a conjugação da busca pelo amor e pela felicidade, necessariamente teremos um olhar humano.

E, segundo algumas religiões do Oriente Médio e da Ásia, somente conjugando e ampliando sentimentos de amor e felicidade alcançaremos o próprio sentido do divino.

Seja pela razão ou pela espiritualidade, não há como fugir da busca individual e coletiva pelo amor e pela felicidade! São a nossa essência, o que nos dá sentido!

E é por isso que me antagonizo com os egoístas, os que ambicionam o poder desenfreado, os que pensam serem superiores e os que defendem o uso da força, sob qualquer pretexto.

Pode ser chique para alguns ou estar na moda destilar ódios, ser arrogante e ter vaidade sem limites, mas certamente não é reflexo de inteligência, e sim de uma atitude mesquinha e tacanha que atenta contra a razão e também contra o cerne defendido pelas religiões, sejam elas quais forem.

Ter um olhar humano é desbravador, desafiador e necessário! Ousemos buscá-lo e aprimorá-lo, pois é sempre possível enxergarmos mais longe os erros próprios e também os da humanidade!

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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