Que os maiores exportadores de armas são Estados Unidos, Rússia e França, todos sabem. A esse grupo, devido ao aumento de sua capacidade de produção de armamentos com alta tecnologia, deve ser acrescida a China.
Os países produtores e exportadores detêm capacidade de controlar ou, ao menos, monitorar para onde os seus armamentos são inicialmente direcionados. Depois, obviamente, pode haver desvios mais difíceis de controlar, como tem ocorrido com parcela de armas inicialmente direcionadas à Ucrânia.
Os Estados Unidos detêm uma grande capacidade de monitorar os compradores de armamentos fabricados ou apenas revendidos em seu território, seja através do FBI ou de agências como a ATF ou a própria CIA. São cadastros e relatórios produzidos aos montes, de forma minuciosa, todos disponibilizados a todos os serviços de segurança e agências de inteligência daaquele país. Assim, ninguém consegue comprar uma grande quantidade de armas sem o consentimento, ainda que não expresso, mas tácito, do governo dos Estados Unidos.
A isso pode se chamar movimento de interesse geopolítico obscuro, como algumas agências fazem ao fortalecer ou facilitar o fortalecimento de grupos criminosos armados, sejam terroristas, traficantes etc. Se atender aos interesses das grandes potências imperialistas, serviços de inteligência colaborarão para que grupos criminosos se fortaleçam e provoquem a falência do Estado adversário, beneficiando os interesses imperialistas, redundando em revoluções coloridas exitosas em países adversários ou não tão alinhados, aos olhos gananciosos dos impérios.
Segundo alguns estudiosos, é isso o que a CIA, em especial, está a promover no Rio e em São Paulo, criando um alarde que favorece o discurso e a tomada de poder pela extrema direita demagógica e antinacionalista, além da importação de caríssimos equipamentos estadunidenses, israelenses e franceses de segurança em princípio desnecessários, já que o que é capaz de controlar efetivamente o crime organizado é um bom e robusto serviço de inteligência, além de muita tecnologia, o que pode ser conseguido através de parcerias entre universidades públicas e os entes federativos interessados. É evidente que armamentos também são necessários ao combate do crime organizado, mas não em tal volume e de tal custo.
Considerando-se essa realidade, soa estranho o site G1 chamar um brasileiro de Senhor das Armas. Realmente assusta alguém conseguir trazer ilegalmente duas mil armas de grosso calibre para o crime organizado no Brasil, mas isso não ocorreria sem o consentimento tácito das agências estadunidenses, já que não estamos falando aqui de uma ou duas armas, mas de dois milhares.
Para quem não está acompanhando a mídia, desde a última quinta feira a polícia federal está tentando prender um ex-policial federal aposentado, Josias João do Nascimento, que é acusado de ter comprado em Miami, nos Estados Unidos, e trazido ilegalmente ao país, via aeroporto do Galeão, mais de dois mil fuzis AK 47 e AR 10, que seriam destinados inicialmente ao crime organizado do Rio de Janeiro.
Uma investigação minuciosa pode vir a comprovar a compra dos armamentos pelo ex-policial brasileiro, mas certamente permitirá perceber que há agentes dos Estados Unidos envolvidos nessa facilitação de compra e trânsito de armas até o Rio de Janeiro.
Uma ação contra o crime organizado exige o controle de importações e uma fiscalização rigorosa, mas não só isso, passando principalmente pelo fortalecimento de nossos serviços de inteligência, espionagem, contra-inteligência e contra-espionagem. Sem isso, o Brasil estará suscetível a novas revoluções coloridas e a novos golpes contra nossas instituições e democracia, fragmentando a nossa economia e sociedade em benefício de interesses mesquinhos nacionais muito particulares e de potências estrangeiras que muitas vezes, e de forma hipócrita, se dizem amigas.