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Particularmente, não acreditava que o mundo pudesse entrar em um conflito generalizado que desencadeasse a Terceira Guerra Mundial, mas ouvindo muitos analistas e vendo o que está ocorrendo, não há como se afirmar que estamos distante dela. Parece que esse perigo tem se aproximado mais de nós a cada dia que passa.
Vamos analisar alguns eventos, para facilitar a compreensão do todo.
UCRÂNIA
A guerra na Ucrânia já perdura mais de dois anos e, mesmo com aporte de material bélico moderno dos membros da OTAN, e muito dinheiro para o governo ucraniano, além de fortes sanções à Rússia, este país continua dominando os territórios do leste ucraniano.
Alguns países da Europa dizem que querem mandar soldados e autorizar o uso das armas da OTAN para atacar o interior do território russo, e não apenas a área em conflito. Também se fala em reposicionar ogivas nucleares para as regiões fronteiriças com a Rússia. Mas a ajuda vem de diversos países do globo e não apenas por parte de membros da OTAN.
Ao mesmo tempo, a OTAN exige dos seus integrantes o aumento do investimento do PIB em armamentos, para 2% do PIB neste ano, mesmo diante da crise econômica e inflacionária que assola o continente europeu.
Nesse panorama, o mundo viu aumentar significativamente o número de ogivas nucleares neste ano. Já são quase 10 mil ogivas, sendo que os Estados Unidos são responsáveis por 80% dos gastos com os ditos arsenais.
Diante do rearmamento da OTAN, do deslocamento de ogivas nucleares, da cessão de armamentos pela OTAN, do financiamento da guerra pelos Estados Unidos e por alguns países europeus e da participação efetiva e dissimulada de comandantes da OTAN em território ucraniano, os russos têm aumentado o tom e já dizem que compartilharão avanços tecnológicos em armamentos com países inimigos de todos os que estão, de alguma forma, colaborando com a Ucrânia na guerra contra a Rússia. A colaboração referida pela Rússia pode ser financeira, de inteligência, com fornecimento de armas ou até de comandos para qualificação e treinamento de militares.
A Rússia enfrenta de frente as ameaças da OTAN, mas sabe que o ocidente não desistirá até ver algum enfraquecimento considerável da Rússia, seja no campo militar, econômico ou político.
Parece ser lógico que um outro conflito que envolvessem os Estados Unidos ou países da OTAN provocaria uma perda de atenção à guerra na Ucrânia, facilitando a situação russa. Isso facilitaria a vida da Rússia, e muito.
ISRAEL E FAIXA DE GAZA
A guerra na Faixa de Gaza tem consumido dinheiro e recursos dos Estados Unidos, e também a moral do governo, enquanto Israel não cessa as violações ao direito internacional e agora já diz que invadirá o Líbano.
O Líbano tem Forças Armadas enfraquecidas e mal aparelhadas, incapazes de resistir a um eventual ataque israelense. Porém, o sul do Líbano é guarnecido pelo grupo Hezbollah, que é bem treinado e bem armado, atuando por túneis, o que dificultaria a ação israelense e seria capaz de provocar grande perda de pessoal e de tanques de Israel.
Alguns analistas dizem que o governo extremista de Israel, sabedor dos enormes riscos, deverá agir pontualmente e até vir a utilizar armas nucleares de uso tático, com menor poder explosivo, no sul do Líbano, a fim de aniquilar o Hezbollah, mas isso traria sérias consequências jurídicas e militares a Israel, inclusive com a possivel invasão territorial por grupos de resistência e a participação efetiva de alguns países islâmicos. Além, efetivamente, das consequências dos efeitos nocivos nucleares ao norte de Israel.
Não se esqueça de que os talibans, que governam o Afeganistão, prometeram ajudar o Hezbollah com o envio de tropas. Não seria difícil que Nações como o Paquistão, que possui armamento nuclear, também auxiliasse o Líbano, o que colocaria o mundo em alerta. A população daquele país é uma das que mais se manifesta contrariamente ao massacre em Gaza. Se outras Nações ingressarem no conflito, o Irã se verá obrigado a também participar, e Israel não teria como reagir sozinho, necessitando de apoio de seus aliados ocidentais. Quanto aos países árabes, resta saber como a população reagiria ao bombardeamento do Líbano, além da Faixa de Gaza, e como isso pressionaria os governos a adotar alguma atitude efetiva em defesa dos libaneses e palestinos. O Egito e a Arábia Saudita, devido às pressões internas, podem vir a participar militarmente do conflito, embora tenham se mantido distantes até agora. O rei jordaniano, com a sua ligação estreita com Israel, poderá até mesmo vir a ser deposto pelas Forças Armadas, com os militares pressionados por familiares e amigos, além das ruas. O Iêmen passaria a agir mais de perto e não apenas atacando navios no Mar Vermelho. Síria e Iraque, enfraquecidos militarmente, possivelmente dariam alguma espécie de apoio tático e bélico ao Hezbollah.
A invasão do Líbano tende, então, a atrair uma série de países para a guerra. Os Estados Unidos, assim como o Irã, não querem atuar diretamente no conflito. O primeiro em razão das eleições neste ano e o segundo por questões econômicas, já que sofre sérias sanções ocidentais.
Resta ainda saber o que farão a Rússia e a China neste possível conflito ampliado, já que têm ligações estreitas com o Irã e bom relacionamento econômico com Israel.
Caso o conflito no Oriente Médio se amplie, a Ucrânia não receberá mais tanta atenção dos Estados Unidos e Europeus, que estariam preocupados em ajudar Israel, e a guerra naquele país europeu poderá ter fim em questão de pouquíssimos meses ou até dias. Contudo, a tendência é que grupos armados, as chamadas milícias, continuem a atuar de forma independente contra os russos e também no próprio território ucraniano mantido pelo governo. A situação lá exige uma solução definitiva, duradoura e pacificadora, a fim de não trazer mais malefícios à já sofrida população.
ÁFRICA
Os europeus e os estadunidenses estão perdendo influência na África para os chineses e russos. A guerra por proxies pode ser uma alternativa aos Estados Unidos naquela região tão sofrida.
AMÉRICA DO SUL
Muito se fala em conflitos na África, no Oriente Médio e até na Europa, mas a América do Sul, um continente que se manteve relativamente pacificado, poderá presenciar o ressurgimento de guerrilhas e a radicalização de grupos criminosos em alguns países, com ajuda externa, a fim de desestabilizar alguns governos ditos progressistas. Tudo isso para afastar a aproximação desses países progressistas da Rússia e da China. Nisso, o país que tem mais a perder é o Brasil, que é membro do BRICS e importante parceiro, no bloco, tanto da China quanto da Rússia.
Os Estados Unidos já atuaram e continuam a agir através de proxies na África, Oriente Médio e até na América do Sul, não sendo novidade para eles. O Irã copiou e aperfeiçoou o modelo na região do Oeste da Ásia (Oriente Médio).
Os sul americanos como um todo têm que trocar informações de inteligência e agir preventivamente contra as organizações criminosas e as supostas enfraquecidas guerrilhas, monitorando-as de perto e agindo contra os seus ditos "cabeças".
Os Estados Unidos não têm como agir militarmente na América do Sul diante da situação mundial, mas não aceitam perder a influência sobre nenhum dos países que julgam pertencer ao seu quintal. A solução que resta a eles é agir por proxies; através da inflamação, pelas mídias convencionais e sociais, de revoluções coloridas; e também através de sua influência nos quadros jurídicos, pelo chamado law fare.
SUDESTE ASIÁTICO
Os Estados Unidos têm certa influência no sudeste asiático, assim como a China e também a Rússia, mas nada aponta, até agora, para um conflito regional, embora a intenção dos Estados Unidos seja a de inflamar países contra o poder e a influência da China.
A GUERRA QUE SE ESPALHA SE TORNARÁ TERCEIRA GUERRA MUNDIAL?
As guerras tendem a se espalhar por muitos dos continentes e alcançar mais de perto os europeus e estadunidenses. No entanto, resta saber se elas se ligarão a ponto de provocar a participação de países pelo mundo afora. A tendência, infelizmente, é que sim.
Caso os Estados Unidos ataquem o Irã, a Rússia não permaneceria silente, pois este é um importante parceiro estratégico e militar russo. E, numa situação dessas, os russos autorizariam os sírios a utilizar suas potentes armas antiaéreas contra aviões israelenses que violassem o espaço aéreo sírio e, talvez, até regionalmente.
Ou os Estados Unidos agem eficazmente em Israel, contra o radical Netanyahu, ou a terceira guerra poderá se formar em questão de muito pouco tempo. Esta é a única solução viável para se preservar e resguardar a humanidade do eventual uso do arsenal de armas nucleares.