Embora a propaganda do governo extremista de Israel queira apregoar que o judaísmo e o sionismo são a mesma coisa, de forma a tornar qualquer ataque ao governo israelense como um ato contra o próprio judaísmo, caracterizando-o, então, como ato antissemita, a verdade é que sionismo e judaísmo são muito diferentes.
A confusão, embora tente proteger o governo israelense dos excessos de seus governos e de suas forças armadas contra a crítica da opinião pública internacional, na verdade tem feito muito mal ao povo judeu, que tem sofrido cada vez mais com a consequência de atos antissemitas tanto na Europa quanto nos próprios Estados Unidos.
Graças à pressão do poderoso lobby sionista, os governos dos Estados Unidos, Alemanha, Países Baixos, Grã-Bretanha e outros, utilizam qualquer manifestação contra Israel como se fosse um ato racista contra o próprio povo judeu. Nos Estados Unidos, o lobby sionista exerce forte poder sobre políticos, sejam republicanos ou democratas (Biden foi o político que mais recebeu dinheiro sionista. Foram mais de 14 milhões de dólares de financiamento para suas campanhas eleitorais), e até sobre entidades e instituições públicas. Existem muitas organizações pró-sionistas, ou seja, pró-governo de Israel, atuando nos Estados Unidos, sendo a mais famosa delas a AIPAC (Comitê Americanos de Assuntos Públicos de Israel). E é por isso que manifestações pró-Palestina são fortemente reprimidas pelas polícias nos Estados Unidos A maior parte dessas forças policiais, inclusive, tem recebido treinamento em Israel, como denunciava o site Intercept ainda em 2017.
Embora pouco se aprofunde a respeito, o lobby sionista tem compelido políticos estadunidenses a doarem fortunas ao Estado de Israel, mesmo que o império americano esteja economicamente decadente, com grande parte da sua população empobrecida. Cerca de 50% dos estadunidenses estão empobrecidos ou miseráveis. Há um sério risco de os Estados Unidos, futuramente, se tornarem uma Nação com fortes ondas antissemitas justamente em razão dos Estados Unidos agirem mais em benefício de Israel do que de sua própria população estadunidense.
Netanyahu, que já foi visto como um líder israelense hábil em trazer segurança aos israelenses, hoje põe os israelenses, assim como os próprios judeus que moram nos mais diversos países, sejam eles sionistas ou antissionistas, a sérios riscos de ataques racistas.
A bem da verdade, qualquer ato segregacionista ou racista não deveria e não pode ser aceito, seja ele em Israel, como vem sendo praticado pelos sionistas radicais contra palestinos na Cisjordânia ou em Gaza, ou em qualquer lugar do planeta, como vem sendo praticado, de fato, pelos antissemitas contra populações de origem judaica. As vítimas dos atos excessivos de Netanyahu são não só os palestinos (vítimas diretas), mas os próprios judeus (vítimas indiretas).
O sionismo, por defender uma Nação artificial para um povo, é extremamente maléfico para os povos originários, no caso o palestino. O estabelecimento de uma nação para uma religião específica, impõe, necessariamente, a expulsão ou a eliminação da população palestina, através de atos de supremacia da religião (no caso, judaica), do apartheid, que é a segregação de um grupo (palestino) e do genocídio, que na minha concepção vem sendo praticado contra a população palestina (cristã e islâmica) antes mesmo da criação de Israel. Na definição do termo sionista trago o risco de, em um futuro não muito distante, haver perseguição a judeus pelos cristãos sionistas neo-pentecostais.
Vamos a conceitos básicos para a compreensão do tema.
JUDAÍSMO - O judaísmo é uma das principais religiões monoteístas ditas abrâmicacas, ao lado do cristianismo e do islamismo, e surgiu cerca de três mil anos atrás na região da Mesopotâmia (e não em Israel, ao contrário do que o sionismo afirma).
JUDEUS - São os que nascem ou são convertidos ao judaísmo, ou seja à Fé judaica (na verdade, judeu é todo aquele descendente, em razão da origem materna, de judia). Somam mais de 13,4 milhões em todo o globo, 42% deles residindo em Israel, outros 42% nos Estados Unidos e Canadá. Mais de 500 mil (4% do total) residem na França. Os demais estão espalhados por todo o globo. No Brasil existem mais de 120 mil judeus (menos de 1% do total), a maior parte residente na cidade de São Paulo.
Embora a Bíblia mencione que judeus o são em razão do parentesco paterno, a lei rabínica (interpretação da Fé Judaica) o faz em razão de sua ascendência materna. Assim, pode-se ser de origem judaica e, ao mesmo tempo, não professar a religião judaica e até ser ateu.
SIONISMO - Movimento político surgido na Europa no final do século XIX que prega a formação de uma Nação exclusivamente para os judeus. O termo sionismo deriva de Sião, Monte Sião, uma colina existente em Jerusalém, rememorando a Terra Prometida aos judeus. Houve estudos sionistas para criar-se uma Nação judaica na Argentina, na África e até na Sibéria. Na União Soviética pré-Israel, à época de Stalin, tentou-se fixar judeus na Crimeia e também na Sibéria. O movimento sionista ganhou força mundial após os atos crueis do nazismo, praticados na Segunda Guerra Mundial na Europa.
SIONISTA - É aquele que defende o Estado de Israel. E sionista pode ser ateu, cristão ou de qualquer outra religião, não necessitando ser judeu. Por sinal,.nem todos os judeus são sionistas. Muitos deles são críticos e contrários ao sionismo. Os sionistas cristãos normalmente são evangélicos pentecostais ou neopentecostais que acreditam que a Bíblia teria previsto o retorno dos judeus à chamada Terra Santa com a consequente Segunda Vinda de Jesus Cristo, que seria capaz ainda de converter os judeus ao cristianismo (supremacia cristã). Não apenas a supremacia judaica prevista no sionismo pode acarretar graves consequências, como já temos visto, mas a própria supremacia cristã dos neo-pentecostais, decorrente da "automática conversão de judeus", pode levar, em um futuro não muito distante, a atos de discriminação, e até de perseguição, contra judeus que não se convertam.
SEMITA - Termo que se refere a um grupo étnico (hebreus, os árabes, os assírios e outros) e até linguístico (hebraico, aramaico e árabe) que tem Sem (filho de Noé) como ancestral comum.
ANTISSEMITISMO - perseguição e discriminação ao povo semita. Erroneamente, associa-se antissemitismo exclusivamente a atos contra judeu em razão de sua religião e costumes, mas semanticamente abrange qualquer discriminação a qualquer povo semita em razão de seus costumes e tradições, incluindo-se aí, obviamente, qualquer membro do povo judeu.
ISRAEL - Estado artificialmente criado em 1948 após o Mandato Britânico na Palestina.
ISRAELENSES - pessoas nascidas em Israel e que recebem a cidadania israelense.
PALESTINA - Termo derivado do grego e do árabe, que se relaciona a terra dos Gigantes, que é a área onde Jesus nasceu, sob o mandato romano e que cujo nome foi sendo sucessivamente adotado por outros povos, inclusive pelos turcos-otomanos e britânicos. Hoje, o nome palestina é destinado à porção de área que seria destinada aos palestinos, ao lado de Israel, como previa a ONU já em 1947.
PALESTINOS - Pessoas nascidas na antiga Palestina e descendentes, incluindo os que nasceram e moram em Gaza e Cisjordânia.