Há um discurso que maqueia a realidade que diz que o mundo se divide entre esquerda e direita.
Isso poderia ser à época da guerra fria, entre o bloco comandado pelos Estados Unidos e o bloco soviético, que perdurou até 1990/1991, mas não agora.
O sistema vigente na quase totalidade do planeta é o de mercado e ao Estado, também na quase totalidade do planeta, cabe dar base e sustentação à economia nacional e amparar a sociedade civil.
O problema, em si, não é entre direita e esquerda. Na verdade, nunca foi.
O governante, a não ser que seja totalitário, não pode assumir a feição "esquerdista", comunista, ou "direitista", fascista ou liberal. Quem dá a diretriz ao Estado é a Constituição e basta ao governante, numa democracia, cumprí-la. Ademais, o Estado não se confunde com a iniciativa privada ou a sociedade civil. O Estado tem que pensar na prosperidade do seu povo, na educação, na cultura e na tecnologia. O Estado tem que fomentar o desenvolvimento nacional e a indústria nacional que respeite o meio ambiente, os direitos trabalhistas e sociais.
Se o governante gerir um Estado dessa forma, contribuirá para o desenvolvimento da economia, da sociedade e de cada cidadão.
Porém, quando um governante apresenta um discurso direitista ou esquerdista, desconfie. O governante governa de acordo com a Constituição, diretriz do país. Essa, sim, pode ser mais à esquerda ou à direita, mas não o governante. Quando se utiliza do discurso direita e esquerda, ou anti-esquerda ou anti-direita, o governante quer ser maior que a Constituição e dar a ela uma diretriz não prevista, em claro caráter autoritário. E vemos isso, hoje, às claras.
O governante deve cumprir fielmente a Constituição, e só. Se cumprí-la, ajudará a erradicar a miséria, fortalecerá a cidadania e a democracia, como prevê a senhora das Leis. O contrário ocorrerá se ficar nos discursos ácidos, contra fantasmas inexistentes e posturas costuradas para enganar a população. Nesse caso, certamente se utilizará de medidas demagógicas e eleitoreiras para simplesmente renovar o seu mandato, perpetuando-se no poder sem cumprir o seu dever constitucional. Um governante assim não age simplesmente contra as leis e a Constituição. Age contra o seu povo e o próprio Estado Brasileiro, prejudicando o seu desenvolvimento nacional, bem como o progresso individual e coletivo.
Quando alguém se declara um gestor ele não está totalmente equivocado. O Brasil realmente precisa de gestores, mas que conheçam os problemas nacionais, o direito público e, principalmente, a Constituição Brasileira, a senhora das leis. Assim, o gestor público, da coisa pública, de todos, não se confunde com o gestor privado, que defende tão somente interesses próprios.
Obviamente, um governante pode ter uma visão com mais preocupação social ou com menos visão social, mas não pode afrontar o arcabouço legal, afrontar direitos adquiridos e se utilizar de pressão indevida sobre os outros poderes. Certa pressão sempre há, pois faz parte dos atritos e limites dos poderes, mas não pode dar dinheiro em troca de apoio em nenhum sentido. Essa distorção, praticada por alguns governos, como o atual, é a base da corrupção sistêmica.
O governante, ao contrário do que pensa, não é o Estado em si, mas alguém a serviço do povo, e que deve satisfações ao povo, como totalidade da população, seja a parcela eleitora dele ou não.
Assim, não pode o governante pretender dar ao governo uma diretriz que privilegie "a" ou "b", como ocorre hoje. O governo tem que ser de todos e para todos e resolver os problemas que o país enfrenta.
Privilegiou, desconfie. Usa discurso direita versus esquerda ou dessa contra aquela, também desconfie. Alguém assim não quer governar na forma da Constituição, mas de forma que lhe convenha financeira e/ou eleitoralmente, uma forma velada de desvio de finalidade, de advocacia administrativa e até de corrupção.
Ao contrário, um governante que respeite e faça cumprir a Constituição, certamente será exitoso em suas ações, e ajudará a fortalecer a democracia e o próprio Brasil, além de propiciar o progresso individual de cada cidadão.