Uma agência noticiosa russa publicou uma nota interessante sobre a guerra na Ucrânia. Por mais que você tenha o pé atrás com as agências de notícias russas, assim como você também deve tê-lo com as agências ocidentais, aquelas (que não são do ocidente) nos apresentam uma outra visão sobre os acontecimentos, e assim nos fazem pensar, refletir e enxergar de forma mais ampla os acontecimentos.
A Sputnik, a agência russa que mencionei, trouxe, na sua página brasileira (https://br.sputniknews.com/20220621/analista-norte-americana-diz-que-eua-cruzaram-a-linha-e-participam-de-fato-do-conflito-na-ucrania-23202944.html), a notícia de que especialistas entendem que os Estados Unidos já cruzaram a frágil linha precedente à participação da guerra e já estão, de fato, no conflito na Ucrânia.
Como já foi noticiado por inúmeras vezes, os Estados Unidos têm laboratórios biológicos e químicos na Ucrânia, estão cedendo armamento bélico e financiamento à Ucrânia, em plena guerra com a Rússia. Além do mais, implantaram contra a Rússia a maior série de sanções jamais vistas, com claro intuito de provocar a ruína econômica da Rússia, fomentando a pressão popular interna contra o líder russo Vladimir Putin.
Bonnie Kristian, pesquisadora do laboratório de ideias Defense Priorities, escreveu para o New York Times, na edição de 20 de junho, justamente isso, ou seja, que os Estados Unidos estão na guerra da Ucrânia contra a Rússia.
Segundo ela, a atuação dos Estados Unidos na Ucrânia equipara-se à do Iêmen, onde cede armamentos à coalizão liderada pela Arábia Saudita. Mesmo não mandando soldados para nenhuma dessas duas localidades, os Estados Unidos atuam nessas guerras, pois sabem da existência de tais conflitos e dos mortos que as suas armas causam, inclusive a civis. Mais, assim como ocorre no solo iemenita, os Estados Unidos também colaboram na escolha dos objetivos a serem atacados pelas forças ucranianas. A assistência militar dos Estados Unidos é fundamental nessas duas guerras.
E essa visão não é apenas dos especialistas, mas também dos congressistas dos Estados Unidos, que entendem que houve uma violação aos artigo primeiro da Constituição estadunidense, que concede com exclusividade ao Congresso o direito de declarar guerra.
Dos 40 bilhões de dólares prometidos pelos Estados Unidos à Ucrânia, parte considerável é destinada a envio de armamentos e fornecimento de dados de inteligência.
E tanto na Rússia quanto no Iêmem, os Estados Unidos também têm procurado enfraquecer os governos locais.
Kristian explica ainda que os avanços tecnológicos da atualidade, que permitem ataques cibernéticos, interceptação de dados ou de conversas e uso de drones para espionagem ou ataques pontuais, nos afastam da fácil e tradicional afirmação de que as guerras se caracterizavam pelo simples enfrentamento militar.
Hoje, várias ações podem caracterizar, ou não, a participação de um país nos conflitos militares, e não é necessário que suas forças ataquem outro país. Basta que se forneça armamentos militares, incluindo espionagem e inteligência militar, além de instrumentos econômicos para o fortalecimento ou enfraquecimento de um dado país.