A Síria é um país árabe que fica bem próximo do ocidente, já no mediterrâneo e próximo da Europa. É um país que foi berço de grandes civilizações e que já sediou grandes impérios, como o Assírio, o Bizantino e o Omíada.
Hoje, a Síria vive uma convulsão social e temos poucas notícias sobre o que realmente se passa naquele país.
É bom lembrar que o Brasil possui milhões de sírios e descendentes vivendo em seu território.
Eu mesmo sou neto de sírio que veio de Damasco, a cidade mais antiga continuamente habitada do planeta, e que visava fugir da guerra entre os insurgentes sírios e o forte império turco-otomano. Pobre, o meu avô veio para cá falando o árabe, o inglês, o francês e o aramaico, a língua que dizem que era falada por Jesus Cristo. Em solo brasileiro, o meu avô aprendeu o português e o seu nome foi traduzido para Luis, e assim era conhecido por muitos.
Batalhador, sereno e justo, o meu grande avô recebeu de braços abertos os refugiados europeus em solo brasileiro, incluindo os judeus, principalmente os vindos da Polônia. Os recebeu como irmãos, como não poderia deixar de fazê-lo.
Nunca ficou rico, mas fez muitos amigos.
Escrevo tudo isso para lamentar o que acontece na terra do meu avô, um árabe-cristão.
De antemão digo que é um absurdo qualquer tipo de ditadura, qualquer tipo de censura e qualquer tipo de manipulação de informações. E isso vale para o regime sírio que comanda aquele país e também para a ditadura midiática ocidental fundada em falsos boatos.
Quando vejo refugiados, não importando se hoje são sírios, palestinos ou africanos, e que ontem eram europeus e muitos judeus, sensibilizo-me, como a grande parte da população mundial. É inconcebível que pessoas tenham que abandonar os seus lares por motivos de perseguição política (dentre outros motivos também deploráveis).
A Síria é um país que já vinha se empobrecendo ao longo dos anos face aos boicotes que sofria dos Estados Unidos e também em razão das guerras que enfrentou com Israel. Hoje, então, a Síria está ainda mais marginalizada economicamente, por mais que o atual presidente tenha buscado uma abertura econômica e a inserção em um bloco regional.
Um país em que os pobres falavam vários idiomas, como é o caso do meu avô, não pode permitir que a barbárie que as televisões mostram continue a prosperar.
Um país de cultura milenar corre o risco de virar mais um país turbulento e onde o radicalismo pode vir a prosperar, infelizmente. Só espera-se que os sunitas, xiitas, alauítas, católicos, cristãos, drusos e ateus, além dos judeus que lá habitam, não façam guerras religiosas.
O bom combate seria o das ideias, sem armas, mas parece que ao menos por enquanto esse enfrentamente não ocorrerá.
Torço aqui, solitariamente, pelo fim dos conflitos e por um futuro de prosperidade humana e econômica da Sìria, como não poderia deixar de fazê-lo, até em respeito à vida do meu avô.
Aos sírios e aos cidadãos do mundo, salam! Paz! E que o tempo sedimente a verdadeira saadeh! Felicidade!