quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

REVOLUÇÃO IRANIANA, CAMINHO PARA A GEOPOLÍTICA BRASILEIRA?

foto: site oficial do governo iraniano
Hoje o Irã comemora 31 anos de sua revolução. Foi uma revolução feita por religiosos, comunistas, socialistas e nacionalistas. O povo não aturava mais ser serviçal do império estadunidense nem tampouco a corrupção e o despotismo do então líder iraniano. Foi uma revolução importante. Porém, face à perseguição que o Xá Reza Pahlevi promovia aos religiosos, com o vazio de poder estes ganharam força perante a população e aos poucos houve a tomada do poder, não pacífica, pelos clérigos xiitas que ainda hoje dominam o cenário político e institucional do país. Porém, os militares, hoje, são uma força muito poderosa. Há estudiosos que afirmam que o Irã tornar-se-á uma ditadura militar. Outros dizem que dentro de 5 a 10 anos a democracia e o abrandamento das regras religiosas será uma realidade no que é o Irã.

A verdade é que o Irã é uma potência militar e econômica na região. E queiram os Estados Unidos ou não, a parceria Irã-Brasil é importante para o nosso país. Por quais motivos? Cito alguns.

O Irã é um grande produtor de petróleo, mas tem deficiência no seu refino, no que a Petrobrás tem domínio completo. A Venezuela também produz bastante, mas o seu maior problema não é o refino, mas a falta de capital. Ela precisa de capital externo, no que a Petrobrás poderia ser uma excelente parceira. Com isso, a Petrobrás poderia ganhar, e muito, com uma parceria com o Irã e também com a combatida Venezuela. Avançaríamos ainda mais e não teriamos apenas a 5ª maior petrolífera do mundo, mas talvez umas das 2 ou 3 maiores de todo o mundo. Cresceríamos vertiginosamente, o que de certo contraria interesses europeus e estadunidenses, detentores dos maiores conglomerados petrolíferos do planeta.

A parceria militar com o Irã, em paralelo a uma parceria ainda mais abrangente com a Espanha ou a França, permitiria que conseguissemos a hegemonia militar não apenas no Atlântico Sul e na América Latina, mas no hemisfério sul como um todo. É importante ao Brasil processar o urânio para o Irã e com isso ganhar acesso aos avanços dos iranianos na área. Também é importante ao Brasil associar-se no lançamento de satélites e na produção de armamentos, recebendo a tecnologia totalmente iraniana e que é de ponta. Receberíamos tecnologia de graça, sem ter que dispender bilhões de dólares. E com essa parceria ainda venderíamos centenas de aviões militares e comerciais da Embraer ao Irã. 

Não defendo as arbitrariedades eventualmente praticadas, o rigorismo desenfreado e as eventuais violações aos direitos humanos. Porém, não podemos ser hipócritas e deixar de perceber que a mídia nacional repassa de forma simplista e burra apenas aquilo que as agências noticiosas européias e estadunidenses nos vendem sobre o Irã, o que não necessariamente corresponde à verdade real, mas a uma faceta muito dramatizada e de certo modo deturpada dos fatos.

Não é o Irã que invade os países alheios. Não é o Irã que constrói muros separando religiões. Não é o Irã que utiliza o seu exército para demonstrar força imperialista. Está certo que no Irã não há liberdade total e ainda é foco de sérias denúncias de violações a direitos humanos. Porém, o Irã é o país que mais abriga refugiados em todo o planeta e é o país que reúne melhores condições políticas de pacificar o Iraque, e o que é melhor, sem ter que invadí-lo. Independentemente de fazer parte do eixo do bem ou do mal, a verdade é que o Irã é importante para o Brasil também no aspecto geopolítico e não tão somente econômico.

O Irã está muito próximo da Índia, China e Rússia, os outros 3 grandes países emergentes que são potências econômicas, possuem armamentos nucleares e, principalmente a China e a Rússia, possuem grande contingente de militares e materiais bélicos de tecnologia de ponta. Tudo isso tranforma o Irã em escudo ao Brasil, uma porta de entrada na Ásia, e bem próxima dos seus concorrentes. Seria um contraponto na Ásia aos interesses contrapostos dos demais emergentes.

Se hoje o Brasil assume uma postura cordial com o Irã, como todos deveriam adotar com todos os países, não o faz de forma infantil e inconsequente, como nos quer fazer crer a mídia tapada do nosso Brasil. O faz pensando nos interesses econômicos, estratégicos e geopolíticos não para hoje ou amanhã, mas para um futuro que não está tão distante, mas a cerca de 5, 10 ou 15 anos, não mais que isso.

É Brasil, o aniversário da revolução iraniana deve ser acompanhado bem de perto. Aos estadunidenses há todos os motivos para desejar que fiquemos distantes dos iranianos, porém, a nós, aos nossos interesses de solidariedade e fraternidade, e também aos menos dignificantes, mas que sempre existem, como o econômico, estratégico-científico e o geopolítico, muito nos interessa parcerias cada vez mais intensas com o Irã, mas não só com ele, note-se bem.

A participação da comemoração do aniversário da revolução iraniana talvez seja um passo para uma possível futura revolução geopolítica do Brasil, um país que cresce e aparece*.


* não deixo de citar e lembrar que temos problemas sociais graves que precisamos solucionar com urgência. Não vivemos em um mar de rosas e por isso precisamos também olhar para dentro de nós.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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