Recentemente li um livro que retrata um relatório da CIA de como será o mundo daqui 20 ou 30 anos. O relatório é do final da era Bush.
Eles não têm dúvida em afirmar que a China e a Índia serão grandes potências, embora tenham problemas internos a serem resolvidos. Falam que próxima delas está a Rússia, que, como todo mundo já sabe, precisa barrar o crime organizado. Mais distante está o ... sim, o nosso país. Falam que o Brasil só foi incluído na lista dos BRICs porque faltava país com a letra B. Ironia ou não da CIA, eles se reportam ao nosso país como futura potência REGIONAL. Dizem que temos que deter a criminalidade, dentre outras "recomendações".
O mais engraçado é que o relatório cita muitas vezes o Irã como futura potência e recomenda que os países não dependam só do petróleo, mas invistam em tecnologia nuclear, para que possam avançar economicamente. E agora que o Irã investe em energia nuclear lá vem os EUA ameaçando retaliá-lo. Brincadeira? Não. São palavras da CIA. Se essas palavras são confiáveis ou não, aí já é outra história.
Quanto à América do Sul, o relatório diz que ainda haverá muitos governos representando as maiorias indígenas, chamando-os de populistas. Bem, não é aprimeira vez que os estadunidenses demonstram que não sabem diferenciar popular de populista, coisas diametralmente diferentes. Já ouvi de uma americana que o Bush era carismático, ou seja, populista, o que penso que o igualaria ao Hugo Chavez. Porém, nós já sabemos no que deu o governo "populista" de Bush. O maior desastre econômico, bélico e de liderança nas últimas décadas para os Estados Unidos. Enquanto isso, Chavez mantém-se no poder há mais de uma década, através das urnas, enfrentando tentativas de golpes orquestradas por forças internas e pela própria CIA estadunidense.
Como todo relatório aberto de uma agência de inteligência, devemos ler nas entrelinhas. Obviamente, nem tudo o que é escrito corresponde à verdade. Manipulações sempre existiram e existirão nesse meio, tanto que as contra-informações são velhas exitosas armas para confundir.
Falar mal dos governos populares é uma tática. Falar da criminalidade exacerbada na Rússia, que ameaça a própria democracia de lá, também parece ser uma, afinal, a Rússia, hoje, é o segundo país em força bélica, embora conte com menos de 200 milhões de habitantes.
Se o recado da CIA era que as grandes potências seriam aquelas que não dependeriam apenas da exploração dos combustíveis fósseis, o Irã o compreendeu adequadamente, sendo manipulado ou não, não se sabe. O resultado da reação, porém, nós já podemos perceber.