Nas entrelinhas, o jornalista Luis Nassif não descarta o risco de golpe militar se Temer não for destituído.
DO SITE GGN
Peça 3 – as vozes dos quartéis
Vive-se um quadro de ampla desordem institucional, um tiroteio sem fim entre o Executivo, Congresso, Ministério Público, Supremo, Tribunal Superior Eleitoral, acirrado pela reforma trabalhista e da Previdência. Externamente, uma indignação popular que se alastra, que já resultou em uma greve geral, resultará em outra.
A grande incógnita é como o único poder silencioso – o militar – se manifestará.
No comando das Forças Armadas se tem um militar legalista, o general Eduardo Villas Boas. No Gabinete de Segurança Institucional outro nem tanto, o general Sérgio Etchegoyen.
As discussões políticas internas, que se consegue acompanhar em alguns sites especializados, mostram dois temas bastante sensíveis à corporação: a corrupção e os resquícios da guerra fria.
Recentemente, foi divulgada a reunião do Comandante do Exército com representantes de alas político-militares, os generais da reserva Alberto Cardoso, ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Augusto Heleno, que sempre defendeu protagonismo maior das Forças Armadas, Bolívar Goellner, ligado a Etchegoyen e o general de divisão Rocha Paiva, teórico militar.
Os conceitos de "guerra híbrida" já foram assimilados pelos estrategistas militares. Sabe-se que há movimentos internacionais que, através de redes sociais, provocam burburinhos populares, as chamadas primaveras, e que por trás há posições nitidamente antinacionais, interessadas no pré-sal, na derrocada das empresas brasileiras, na venda das terras a estrangeiros.
Os diagnósticos divergem quanto às motivações.
Parte dos analistas entende se tratar de movimentos conduzidos por grandes corporações e governos estrangeiros ligados ao grande capital. Parte vê traços da influência russa e dos chamados países bolivarianos.
Em uma dessas análises, o observador juntava os quebra-paus em Brasília com as denúncias aos organismos internacionais de direitos humanos e a supostas ofensivas diplomáticas de vizinhos bolivarianos. Dizia que 24 de maio marcou oficialmente o início da guerra híbrida.
Nota-se que ao pouco conhecimento que o mundo externo tem da corporação militar, corresponde o pouco conhecimento da corporação sobre o mundo externo.
De todo modo, é esse tipo de sentimento que explica a ideia fixa do ex-chanceler José Serra e de seu alter ego Aloysio Nunes Ferreira, de insistir na guerra diplomática com a Venezuela.
Não se trata meramente de condenar o governo venezuelano, mas de conduzir uma cruzada, transformar em tema único da diplomacia brasileira. Em parte, se explica pela absoluta carência de conhecimento e de projeto diplomático. Mas, seguramente, o que mais pesa é a tentativa de se aproximar de segmentos militares anti-bolivarianistas.
Ao estimular a Lava Jato, foram devorados pelas investigações. Mas a síndrome do escorpião não os abandona.
Ainda há carência de informações para um diagnóstico mais preciso sobre os rumos dos ventos na caserna. Mas, como em política não existe o vácuo, não custa prestar atenção.