Não gosto muito de publicar textos jurídicos de minha autoria no meu blog pessoal, mas a questão dos atos preconceituosos praticados na internet têm me revoltado e deram ensejo a um texto escrito com o fígado, sem cebola e sem o tempero da poesia, mas com muito calor e emoção, para reflexão.
foto: internet
Os atos execráveis de
discriminação praticados contra diversos personagens públicos, com destaque a
jornalistas e atrizes negras, não configura tão somente crime de racismo. É
muito mais que isso.
O racismo, como qualquer ato
discriminatório, configura um ato horripilante, típico da era das trevas. Se
estivéssemos na Europa, ofender a etnia negra poderia ser simplesmente crime
tipificado como racismo, mas não no Brasil, onde o negro faz parte de nossa
identidade nacional. Somos um país de maioria negra. Somos um país onde os afrodescendentes,
negros ou pardos, compõem mais de 51% de nossa população.
Uma ofensa à raça negra propagada
na internet ou em qualquer mídia não é apenas um crime de racismo. É um crime
de lesa pátria tipificado no art. 22 da Lei 7170, de 14 de dezembro de 1983, e
assim também deve ser tratado.
Assim dispõe o referido
dispositivo:
“Art. 22 - Fazer, em público, propaganda: (...)
II - de discriminação racial, de luta pela
violência entre as classes sociais, de perseguição religiosa; (...)
Pena: detenção, de 1 a 4 anos.”
Um ato contra um elemento
integrante de nossa entidade afronta mais que o indivíduo diretamente atingido
e mais também que a coletividade racial. Tal ato violenta o cerne de nossa
identidade, alcançando o próprio povo brasileiro e a imagem de nossa nossa
pátria. É o que prevê desde 1983 a tão polêmica Lei de Segurança Nacional,
ainda em vigor.
Chega dessa barbárie. Chega do
silêncio complacente. Chega da barbárie praticada contra a alma de tantos
brasileiros e que alcança diretamente a nossa identidade. Somos uma Nação
formada por diversos povos, dentre eles o negro, que é a maioria de nossa
população.
É passada da hora da Justiça se
impor como garantidora dessa maioria negra e da identidade de nossa Nação. O
Brasil não pode ser compelido a busca o exemplo de Europa homogênea, que já não
existe mais. Somos europeus, um pouco asiáticos, mas também somos indígenas e
mais ainda negros. Essa é a nossa identidade que muitos não querem aceitar.
Os brasileiros negros, assim como
qualquer outro nacional, não pode ser compelido a ler e ouvir tantas ofensas
propagadas na mídia contra a nossa identidade. Essa propaganda do terror, de
uma imagem que não é nossa, diminuindo com caneta ácida a identidade brasileira,
afronta a própria Nação, e não há como não ser considerada um crime de lesa
pátria.