segunda-feira, 31 de março de 2014
31 de março de 1964 - uma noite que durou 21 anos
31 de março de 1964 foi uma noite que durou 21 anos, e deixou sequelas ao Brasil.
Muitos dizem que se trata de uma divisão de comunistas e nacionalistas. Nada disso. Militares nacionalistas e legalistas foram perseguidos, torturados e até mortos pela ditadura que se implantou no país. A questão não era de comunismo, pois João Goulart era latifundiário e nunca foi comunista e nunca pretendeu implantar no país um sistema de tal natureza. Era nacionalista. Queria ver um país grande, economicamente forte e produtivo, uma população educada e culta e um país independente, não ligado umbilicalmente aos Estados Unidos, líder capitalista, nem à então União Soviética, que liderava o bloco de países comunistas. Queria integrar o bloco dos não alinhados, que inclui diversos países, inclusive da Europa e do qual a Índia, que se desenvolveu muito e hoje é uma potência tecnológica, é o mais forte exemplo.
A intenção do golpe foi apagar as conquistas de Vargas e evitar que os trabalhadores tivessem mais acesso à cultura e educação. Foi um golpe orquestrado pela extrema direita que gozou de simpatia da direita e de setores militares e que contou com forte influência e interesse dos Estados Unidos. Os golpistas perseguiram a todos os integrantes do então PTB, que corresponde hoje ao PDT de Brizola. Muitos deputados desse partido foram torturados e mortos. O que fizeram não foi simplesmente um ato de vingança. Cometeram um ato que jamais poderíamos aceitar. Rasgaram a Constituição mais democrática que o Brasil conheceu até então, a de 1946, cassaram políticos populares e democraticamente eleitos e afogaram de vez a esperança de um Brasil mais próspero. Passados 50 anos, não recuperamos o que perdemos, principalmente o amor próprio de brasileiros.
De lá para cá a educação tornou-se uma vergonha nacional. De lá para cá a cultura, incluindo a música, afundou-se no obscurantismo do desconhecimento e da falta de sentimento. O máximo que temos é um funk carioca sem letra, sem melodia e que só serve para alienar. De lá para cá o fazer política piorou, com mais corrupção e conchavos execráveis. De lá para cá o salário mínimo minguou, deixando o trabalhador com menor poder de compra. De lá para cá apagou-se a participação popular de verdade, com conhecimento de causa e deu lugar ao reivindicar sem motivo, sem conhecimento, sem causa à qual defender. De lá para cá o Brasil tornou-se um país mais dividido, mais fraco, mais colonizado e menos independente.
O então Presidente João Goulart disse não à invasão de Cuba e buscava independência no cenário político internacional, buscando ampliar o comércio e, por consequência, aumentar a pauta de exportações. Lula tentou imitar Jango ao voltar-se ao Oriente Médio e África, enquanto que Dilma não teve visão de liderança nesse aspecto.
João Goulart foi derrubado de 31 de março de 1964 a 1º de abril por um golpe ordinário, orquestrado pelo o que há de pior no país e no mundo. O Brasil vivenciou nesse período a maior penumbra de sua história, vivenciou silenciosamente o assassinato de João Goulart, em 1979, e começou a acordar em 1982, com as eleições diretas a governador. Brizola, Montoro e Miguel Arraes saíram vitoriosos nos seus Estados. Brizola, foi fundador do PDT, Partido Democrático Trabalhista, a maior e mais influente legenda de esquerda na década de 80. Era uma legenda nacionalista e voltada aos interesses desenvolvimentistas e trabalhistas. O PT, Partido dos Trabalhadores, estava surgindo forte, mas ainda não tinha a força do PDT, nem Lula, líder sindical de renome, tinha a influência e o respeito que Brizola possuía. Brizola havia sido governador do Rio Grande do Sul antes do golpe e resistiu bravamente a uma tentativa de derrubada de Jango em 1961, na chamada campanha da legalidade. Conseguiu unir no seu partido trabalhistas históricos, intelectuais como Darcy Ribeiro e comunistas como Prestes. Foi uma legenda de grande importância na luta pelas eleições diretas para presidente. Se fosse Brizola que tivesse disputado com Collor a vaga a presidente da República em 1989, quando perdeu para Lula por 0,5%, o Brasil vivenciaria uma outra história, sem impeachment e sem a quebra do Brasil. Brizola era imbatível no debate e na apresentação de ideias. Seria um grande presidente. Mas não teve essa chance. Aos poucos deixou de influenciar o cenário político e o PDT foi se apagando e perdendo seus líderes já idosos. Hoje, quase nada resta desse partido tão importante à história nacional. É um partido que julgo que não pode se apagar. Tem espaço na atual política, mas precisa revolucionar-se internamente.
A ditadura apagou os grandes líderes, os grandes partidos, o grande Brasil, a bela música brasileira, a educação de qualidade, a saúde digna, a economia forte e crescente, um posicionamento independente e abriu oportunidades a golpistas, corruptos e a uma subserviência aos Estados Unidos e europeus nunca antes visto em nossa história.
Não somos os mesmos. Perdemos 21 anos de nossas vidas e depois não soubemos trilhar o melhor dos caminhos. Estamos alcançando a democracia, mas precisamos de mais. Precisamos de Justiça Social, de menos violência, de mais segurança, de uma educação de qualidade a todos os brasileiros e brasileirinhos, de uma saúde que nos conforte, de um salário mínimo justo e real e de melhores condições a cada um dos brasileiros que vivenciam a alegria e o drama de morar nesse vasto e injusto País.
Precisamos revolucionarmo-nos. Parar de lamentar e lutar por ideais para que os nossos filhos tenham um país mais digno. Precisamos ser menos egoístas e pensar mais nos brasileiros excluídos, que são muitos, desde as crianças abrigadas, os moradores de rua, os dependentes de drogas, os que trabalham como escravos, as vítimas de crimes... São muitos brasileiros que choram a todo instante porque o nosso país não é justo. E não podemos virar o rosto e os olhos a essa realidade. Precisamos mudá-la.
Nesses 50 anos, dos quais 21 foram de escuridão plena, não conseguimos voltar ao que éramos, mas podemos inclusive avançar. Para isso não podemos esquecer quem somos, o que vivenciamos e o que precisamos mudar. Sabemos de tudo isso, mas não podemos esquecer, nunca!
O Brasil é um grande país e você, assim como eu, sabe disso. Nós, agora, é que precisamos ser grandes e ajudar esse país a voltar ao seu rumo na história.
Não tenho dúvida de que o Brasil poderá ser uma potência. Mas antes disso precisará ser justo com todos os seus cidadãos, sem hipocrisia e sem discursos fáceis. Precisamos ser brasileiros melhores. Você está disposto? Eu estou, podemos nos dar as mãos rumo a um Brasil de destaque.
Vamos nessa, brasileiros. Outros brasileiros precisam de você!
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Para refletir:
Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.
Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.
O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.
Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.
O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.
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