Vivemos uma crise financeira, de caráter ou de humanidade?
Na atual desordem humana, bancos e empresas quebram e com isso vem o desemprego de centenas de milhões de seres.
Os governos investem centenas de bilhões de dólares em socorro ao mercado, mas esquecem-se do ser humano que perdeu a sua única fonte de renda: o trabalho.
E é quem trabalha que consome ao menos o básico, ou estou enganado?
E é quem consome o básico que fomenta a economia que não quebra, a de alimentos, a da sobrevivência, ou estou enganado?
E é essa economia básica que garante o rumo normal das coisas que nunca quebra, ou estou enganado?
A economia do supérfluo garante a diferença, o "plus" aos mais agraciados, pois os periféricos dessa relação apenas vêem e consomem a publicidade, apenas isso, ou estou enganado?
Gera-se a desordem, a briga pelo poder de consumo, pelo "status", pelo dinheiro.
Os roubos, a extorsão e a corrupção aumentam.
O investimento em cultura e educação caem.
Hoje, garante-se o plus, mas não o necessário.
Garante-se aquilo que as pessoas gostariam de consumir e ser, e não a essência daquilo que são e necessitam.
Garante-se não o conhecimento, mas o desconhecimento generalizado.
Os professores são os que menos ganham, em contraposição aos publicitários e vendedores da alma.
É a desordem filosófica e racional em benefício de uma economia que corrói a essência humana.
Tornamo-nos dinossauros próximos do fim.
De nada adianta investir em pesquisa médica e produtos retardantes do envelhecimento se esquecemos quem somos ou fomos. Não há passado para garantir o futuro.
Tornamo-nos marionetes de consumo, para o consumo e pelo consumo.
E esquecemos daquilo que nos dava movimento: a sede de conhecimento, das indagações, do não conformismo, das utopias, das revoluções culturais e do aprofundamento do conhecimento da alma humana.
Hoje, até o que se diz conhecimento da alma humana é voltado às relações do trabalho, ao negócio, apenas isso. O budismo é a grande vítima dessa nova ordem.
Aculturamo-nos. Desaprendemos. Irracionalizamo-nos. Tudo em prol de uma nova seita, a do consumo. E esse "pretenso" e falso Deus sabemos quem é. É quase igual a nós, mas nos escraviza e cria dogmas que nos tornam imóveis.
Esperaremos um messias para nos salvar da morte que se avizinha ou faremos nós uma revolução ainda possível, a interna, a de valores, a da alma?
