III Mostra de Cinema Imagens do Oriente
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Este projeto surgiu há poucos anos, fruto do encontro de jovens cineastas iranianos com estudiosos brasileiros, árabes e descendentes. Desde o princípio ficou claro que não gostaríamos de apenas mostrar como vemos certas sociedades mais a leste do oceano Atlântico, e sim de possibilitar que elas mesmas se representem, trazendo sua produção artística diretamente ao Brasil sem passar pelo filtro dos aclamados festivais europeus e norte-americanos.
Na presente versão, Imagens do Oriente exibe uma série de filmes árabes, iranianos, turco e curdo, ou relacionados a populações muçulmanas como os bósnios da ex-Iugoslávia. Ou, ainda, o numeroso povo Uighur da China, convertido ao islamismo após as incursões árabes em séculos longínquos, que mantém até hoje a religião islâmica e o emprego do alfabeto árabe, além de práticas como a de “andar na corda bamba”, atribuída a esse antigo contato. Do conjunto sobressai uma rica diversidade, de origem étnica, de idioma ou de religião.
A guerra, ou a vida em meio a ela, aparece quase como uma constante na expressão cinematográfica dos países em questão. Vincado pela resistência às vezes heróica das pessoas envolvidas, o tema surge em documentários ou em ficções sobre perguntas íntimas que afloram não obstante as ofensivas militares, sendo por estas reprimidas ou aguçadas. Na medida em que as narrativas se revelam delicadas e complexas, cai por terra o senso comum do momento – de que os habitantes dessas regiões conflagradas naturalmente se inclinam à discórdia. Em última instância, dada a realidade do conflito bélico lá imposta por diferentes motivos, fica-se com a sensação de que as histórias convergem para a hipótese ventilada pelo grande poeta árabe Adonis: “Nada justifica a guerra”. É o que se constata no docu-ficção Caminho e caminham atrás de mim as estrelas, que fecha a seleção com encanto e graça. O filme revolve de maneira algo incômoda a polêmica sobre a busca da identidade, que pode estar no passado, numa trajetória de família não por acaso imigrante, ou no futuro, na projeção de nossos anseios.
Paralelamente às sessões de Imagens do Oriente, preveem-se encontros com cineastas estrangeiros convidados, numa iniciativa que busca ampliar o diálogo dos profissionais da área, expondo ao público o que há de mais recente na filmografia de um grupo de nações heterogêneo e multifacetado. Evidencia-se a pluralidade do assunto já no saguão do CineSESC com a exposição fotográfica Outono em Cabul, sobre o Afeganistão, que captura o olhar e oferece a oportunidade de conhecermos mais de perto alguns lugares dos quais atualmente muito se fala mas pouco se informa.
Agradecemos antes de tudo ao espectador, que se arrisca sempre ao eNtrar na sala escura disposto e aberto a uma nova experiência estética e sensorial. Estendemos o agradecimento a todos os amigos, por dispensarem seu tempo na realização desta Mostra; ao Centro de Cinema Documentário e Experimental do Irã; às fundações particulares apoiadoras. E nosso muito obrigado vai também para as instituições que nos acolhem: o Instituto da Cultura Árabe, que soube encampar Imagens do Oriente desde o início; a Secretaria de Cultura do Município de São Paulo, o Centro Cultural São Paulo e a Galeria Olido; e o SESC–SP, que teve papel fundamental no processo de elaboração deste evento.
Os organizadores