Nenhum atentado me representa.
Atentado a algum direito ou à
própria vida é a aberração extrema da falta de diálogo na própria era da
comunicação em que estamos, e não me representa.
Diz-se era da comunicação ou da
informação, mas ela nada mais é que a era do consumo em massa do que é “produzido”
ou defecado pelos meios de comunicação, incluindo-se aí cinema, tevê e
internet. Vivemos a era da massificação e da mera representatividade dos
rótulos e das aparências de acordo com a moda. Os selfies, o facebook e os bbbs
das nossas tevês são provas vivas disso. E, na contramão da comunicação, do
diálogo e da interatividade, cada vez mais pessoas em todo o mundo vivenciam
crises assustadoras de solidão e de depressão.
Não nos importamos mais com os
conteúdos e com a cultura clássica. Disso resulta o falecimento dos grandes
meios impressos, onde os grandes jornais estão sucumbindo a uma forte crise
econômica. Sobrevivem e vendem cada vez mais aquelas revistas que misturam
entretenimento com notícias que seriam furos, mas que pouco foram apuradas.
Nada disso, nada disso desse
mundo odiento e hodierno, me representa.
O que me representa são as
pessoas que morreram e que de certa forma deram vida a uma causa, à da
liberdade de manifestação, incluindo-se aí o policial francês muçulmano
assassinado a sangue frio por dois ditos muçulmanos inconformados com sátira
grosseira ao seu profeta maior.
A manifestação é o primeiro passo
ao diálogo, que tanto falta nessa era da comunicação. O radicalismo e o
preconceito imperam entre os radicais, os preconceituosos e os que apenas olham
para o seu próprio umbigo. Devido a isso, há um sério perigo de recrudescimento
de conquistas históricas, como as dos negros, das mulheres e dos homossexuais.
Radicais de um lado e de outro,
seja do ocidente ou do oriente, seja dos ateus ou dos grupos que acham que
representam Deus ou qualquer Divindade com exclusividade, seja do mundo
capitalista e do anticapitalista, sejam os anarquistas ou fascistas, se
encontrarão em determinado momento e, muito provavelmente, se aniquilarão
reciprocamente. Ao invés de acabar com o nosso planeta e as nossas crianças,
que esses grupos exaltados em seu radicalismo possam desaparecer e se entender
no mais profundo aniquilamento recíproco. Entre eles inexiste o diálogo. Falta-lhes
disposição a isso. Ingressaram numa luta fantasiosa que não tem fim, e a visão
tacanha de suas ideias e pensamentos impede que a luz incida sobre o caos
criado. Digo isso em relação a todos os radicais, fascistas, neonazistas e
membros dessas organizações terroristas que assassinam crianças e cidadãos
comuns.
Que possamos defender o bom
senso, o diálogo e a cultura, nossos bens maiores e que seriam os autênticos
ícones de representatividade de uma verdadeira Era da Informação ou Comunicação.
Chega de provocação, de
oportunismo e de vestir campanhas sem conteúdo. Chega dessa era do marketing
fácil e barato. Sejamos mais críticos e analíticos e que possamos ser nós
mesmos, mais autênticos nas defesas da igualdade de tratamento e de liberdade,
seja ela de se expressar, de se locomover, de vivenciar uma religião, de viver
um gênero ou de livremente fazer uma opção sexual.
Vamos vestir a camisa da
liberdade, que é muito maior que uma revista satírica. Chega de oportunismos
que representam verdadeiras provocações e que nos levam a mais radicalismos.