Está cada dia mais difícil ser
humano e continuar a gostar desse ser.
Nos primórdios, a luta era pela sobrevivência
individual e da espécie. Hoje é pelo acúmulo de bens e capital.
Nos primórdios, o ser humano
criou o fogo para o aquecimento, cozimento e iluminação. Hoje, criou a selfie
para “brilhar” individualmente, já que o resto, hoje, é supérfluo.
No início, havia a penitência e o
isolamento em algumas religiões. O enriquecimento era espiritual. Hoje, as
novas igrejas (com “i” minúsculo, mesmo) são edificadas em busca da contribuição
dos fiéis, e esses frequentam tais locais simplesmente pelo interesse em participar
de grupos sociais, visando ao enriquecimento financeiro.
A fé não é mais em Deus. A
humildade não é mais uma busca. Solidariedade e empatia estão fora de moda.
Hoje, o indivíduo se acha deus (sim, com “d” minúsculo) onipotente e
onipresente e cercado de espelhos que refletem uma imagem ampliada.
Antes, os políticos até podiam se
seduzir pelo poder, mas a finalidade era a prosperidade da Nação. Hoje, grande
parte dos candidatos a políticos ingressam nessa lucrativa “carreira” pela
prosperidade financeira pessoal, lícita e ilícita. E o termo país ficou
reservado ao local a ser explorado.
Os Monarcas preocupavam-se com os
mendigos, moradores das poucas ruas e mandavam pessoas de confiança ver de
perto as condições dos mais pobres. Hoje, os políticos se aproximam dos pobres
apenas nas eleições. Depois, somem das ruas.
A coisa pública do termo
república, hoje, com o capitalismo brasileiro, uma versão ainda mais doente da doença
que assola as mentes, foi privatizada.
Nacionalismo deixou de ser uma
palavra voltada à preocupação com o país e o povo para retratar um
posicionamento ideológico de oposição a algo, somente isso.
Antes, as palavras eram
lapidadas, utilizadas de forma precisa e poética. Hoje, as palavras vazias e as
sentenças sem sentido ganharam vulto nunca visto anteriormente. Entender e ser
compreendido não é mais uma preocupação. Hoje, procura-se “lacrar” com frases
feitas que induzam a algo, ainda que não tenham sentido, expressão ou
comprovação.
Contestar o incontestável,
principalmente a firmeza e certeza da ciência, da educação, da cultura, da
vacina e da própria humanidade virou moda em tempos de terra plana.
O amor pregado por Cristo deixou
de ser moda, para dar vazão ao ódio materializado pelos discursos de ódio,
armas e pouco respeito pelas pessoas.
Se Noé estivesse entre nós
certamente repetiria: eu não disse? Olha no que deu.
Se Cristo encarnasse nesse
momento, certamente voltaria como psiquiatra para analisar cada mente e alma
que habita esse planeta.
Dessas frases e suas conclusões
resultam inúmeras perguntas. Cá estão algumas delas. Uma mente desconexa e
preocupada apenas com o ego indica uma alma extremamente primitiva e imperfeita?
Se a resposta for afirmativa, esse mundo e os seres ditos inteligentes que cá
habitam, são primitivos ao extremo? O dito mundo de prova e expiações do
Espiritismo estaria na fase de revelações individual e coletiva? A terra tão
perfeita, repleta de vida e diversidade, que abrigou dinossauros e os homens
das cavernas, expurgaria seres tão imperfeitos quanto o homem das selfies?
Quando a Bíblia trata do fim dos tempos, demonstra o inconformismo dos escribas
e profetas bíblicos com o que se revelaria nos tempos atuais ou revela a
dicotomia do ser humano que alberga ao mesmo tempo evolução e involução e
início e fim? Darwin reescreveria sua
teoria nos tempos atuais?