Foreign Affairs é uma revista estadunidense de relações internacionais e política externa. O nome da revista significa relações exteriores em português.
Abaixo apresento os principais pontos de um texto que os
políticos brasileiros devem ler: A Nova Ordem
Energética, e de como os governos transformarão os mercados de energia.
Cada vez mais haverá intervenção do
Estado. Você não acredita? Veja o texto “A Nova Ordem Energética” publicado na
conceituadíssima revista estadunidense de geopolítica “Foreign Affairs”.
O texto original você
lê em https://www.foreignaffairs.com/articles/energy/2022-06-07/markets-new-energy-order
Por Jason Bordoff e
Meghan L. O'Sullivan - julho/agosto de 2022
O mundo está em transformação, e uma das provas disso é que o neoliberalismo já deixou de ser o supra sumo da economia mundial.
Além de o petróleo já não ser mais o ouro
negro de amanhã, já que o mundo busca reduzir as emissões de carbono, a
segurança energética recomenda não depender de energia vinda de fora,
considerando-se os altos preços dos combustíveis devido a guerra na Ucrânia.
A produção doméstica de energia e a
cooperação regional serão as prioridades da vez. Isso implica numa certa
desglobalização, com a intervenção dos Estados no setor de energia, numa escala
nunca vista na memória recente.
Os países ocidentais, face aos riscos geopolíticos de energia, já veem a
necessidade de participar dos processos de influência de onde as empresas
privadas compram e vendem energia.
A atuação do Estado, desde que não seja
excessiva, pode prevenir os piores efeitos das mudanças climáticas, mitigar
muitos riscos de segurança energética e ajudar a gerenciar os maiores desafios
geopolíticos da próxima transição
energética.
Os articulistas dizem que as crises
energéticas da década de 1970 se deveram ao exagero de intervenção dos
governos. O microgerenciamento havido foi o grande erro.
Mesmo o governo liberal dos Estados
Unidos fez diversas interferências no setor ao longo dos tempos.
Os articulistas esclarecem que a Rússia não é apenas o maior exportador mundial de petróleo e produtos refinados de petróleo, mas também o principal fornecedor de gás natural para a Europa e um grande exportador de carvão e urânio de baixo enriquecimento usado para alimentar usinas nucleares. Com os preços do carvão, gasolina, diesel, gás natural e outras commodities perto de recordes, novas interrupções no fornecimento de energia russo, iniciadas pela Rússia ou pela Europa, acelerariam a inflação, convidariam à recessão, demandariam racionamento de energia e forçariam o fechamento de negócios.
Os articulistas partem da premissa de que o setor
privado não consegue, por si só, construir infraestrutura para a garantia
energética dos países, que a construção da infraestrutura tornar-se-ia obsoleta
antes das empresas terem o retorno sobre o investimento realizado e os custos
para a redução de emissões em curto espaço de tempo são altos, sendo
suportados, hoje, pela sociedade.
A Lituânia é o primeiro país europeu a não importar gás russo, e isso se
deve ao investimento que o governo fez em um terminal flutuante de gás natural
liquefeito, com operação de alto custo, há uma década. Mesmo com grande
investimento, sem qualquer lucratividade, a Lituânia foi capaz de garantir a
sua necessária segurança energética.
A Alemanha tenta copiar o exemplo lituano e investe em quatro terminais
flutuantes de importação de gás natural liquefeito, mesmo que a um custo mais
alto para empresas e consumidores.
Os Estados Unidos, há décadas adota a política de estocar petróleo
através da chamada Reserva Estratégica de Petróleo. Ainda é uma boa ferramenta
para a segurança energética.
O artigo aponta que minerais necessários para uma transição energética
bem-sucedida, como lítio (Bolívia e Argentina possuem as maiores reservas),
níquel (Rússia e Canadá possuem as maiores reservas) e cobalto (Congo é o maior
produtor), provavelmente serão escassos à medida que os veículos elétricos se
tornarem mais predominante.
Biden está oferendo incentivos para o aumento da extração desses
minerais.
O texto pontua que “a intervenção governamental
para aumentar a segurança energética não precisa se limitar a subsídios,
incentivos fiscais e outros incentivos. A diplomacia também pode ajudar a
garantir suprimentos de energia adequados em uma crise”.
Sem a intervenção do governo, o mundo sofrerá
um colapso na segurança energética ou os piores efeitos das mudanças climáticas.
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JASON BORDOFF é cofundador da Columbia Climate School e diretor fundador
do Center on Global Energy Policy da Columbia University's School of
International and Public Affairs. Durante o governo Obama, atuou como
Assistente Especial do Presidente e Diretor Sênior de Energia e Mudanças
Climáticas na equipe do Conselho de Segurança Nacional.
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MEGHAN L. O'SULLIVAN é Jeane Kirkpatrick Professora de Prática de
Assuntos Internacionais na Harvard Kennedy School e autora de Windfall: How the
New Energy Abundance Upends Global Politics and Strengthens America's Power . Durante
o governo George W. Bush, ela atuou como assistente especial do presidente e
vice-conselheira de segurança nacional para o Iraque e o Afeganistão.