Nunca fiz viagens deslumbrantes, dignas de revista de ricos e famosos, mas fiz muitas que estão até hoje em meu coração, como as três que fiz a Canudos e região e posso afirmar que não há morros, luz e povo como aqueles do sertão.
Todo brasileiro deveria passar
alguns dias naquela região e perceber a religiosidade presente, a força de
vontade e a alegria do povo sertanejo, mesmo em meio às dificuldades, como a
seca e a pobreza.
Recentemente, questão de poucos
dias, Ciro Gomes foi ao interior baiano, um dos lugares mais lindos do Brasil e
do mundo e conheceu a região de Canudos, como o fizeram alguns dos poucos presidentes
que governaram o Brasil por mais de um mandato, Getúlio e Lula.
Canudos não é simplesmente
histórico; é na verdade um marco delineador do autoconhecimento do Brasil. Foi
lá que o Exército praticou a atrocidade da degola de brasileiros, foi lá que a
República destruiu um sonho de liberdade de um povo oprimido pela fome, sede e
desemprego e foi lá que o franzino Euclydes da Cunha, um grande jornalista,
conseguiu desbravar na gigantesca obra “Os Sertões a essência dos Brasis que
ainda perduram nesse solo. De um lado, o sertão tipicamente brasileiro,
miscigenado e que é voltado ao interior, e de outro o litorâneo, voltado às
grandes metrópoles do Atlântico Norte e que despreza a brasilidade.
Canudos revelou a miséria e a
ausência de identificação com o povo brasileiro por parte da elite, que adota hábitos
e costumes do hemisfério norte, o que sempre provocou o atraso do país. Getúlio
tentou mudar e, dentre outras realizações, construiu a transnordestina para
integrar o nordeste ao sul e sudeste. Lula prometeu trazer a Justiça Social,
mas não percebeu essa dicotomia entre a elite brasileira e o seu próprio país.
Ciro Gomes, paulista que foi viver no nordeste e herdeiro político de Getúlio
Vargas, Leonel Brizola, João Goulart e Darcy Ribeiro, percebeu essa grave
dicotomia e propõe um novo projeto econômico e de país, prometendo trazer
desenvolvimento econômico sustentável e duradouro, bem como Justiça Social.
Um país tão rico em minério, terra, água e povo tem tudo para dar certo. Mas isso só não ocorre porque significativa parte da elite que domina os poderes econômico, político e militar não se identifica com o próprio país e o seu povo, prejudicando progressos consistentes e tramando contra qualquer projeto efetivo. Daí a rejeição à educação de qualidade e aos direitos sociais por grande parte da elite empresarial, política e Militar. A essa visão retrógada também aderem a classe média, sempre seguidora do modo de pensar da classe social dominante, e a elite do Serviço Público.
Mas, o Brasil, segundo os Espiritualistas, como o Mestre Espírita Chico Xavier, tem um destino e missão a cumprir, em prol do amor, solidariedade e paz mundiais, e espera-se que irá cumprir! E Canudos, onde na visão de Antônio Conselheiro, jorrava leite e mel, alimentos do corpo e alma, pode ser o início e meio dessa jornada e profecia!