O heroi de
guerra e intelectual e sociólogo, filósofo e antropólogo francês Edgar Morin, descreve
que a humanidade, surgida há mais de cem mil anos, é dúbia e que ao mesmo tempo
em que demonstra um intelecto racional, ordenado e lógico, também se aproxima
da desordem e da insanidade e que todos os sentimentos e emoções influenciam em
nosso raciocínio.
Para Morin,
todos são ao mesmo tempo sábios e dementes, sapiens
e demens. Mas me pergunto se alguns aqui
no Brasil não são mais demens, ou
quase que exclusivamente demens, e
outros mais sapiens, ou menos demens.
Os tempos
modernos têm dado demonstração de que alguns seres que se dizem racionais e que
se intitulam brasileiros, mesmo adorando uma certa Nação estrangeira e
idolatrando personagens nada nacionais, andam exagerando na dose da raiva há
mais de seis anos.
As vítimas têm
sido os cientistas, os jornalistas e os pensadores em geral. Não há, hoje,
tolerância para o discurso ou o pensamento diferente que permita uma conclusão
que destoe daquele que uma certa massa possui quase que intrinsecamente.
O lado
irracional e agressivo tem preponderado. O mesmo discurso que prega a ordem, o
militarismo, a volta da ditadura e da cassação de políticos e de magistrados,
prega um suposto respeito à ordem. É o grito da desordem, da raiva, da
convulsão que diz pregar a ordem. Mas que ordem pregada que destrói tudo o que
vê é essa?
Os discursos
inflamados e demagógicos do então deputado federal Jair Bolsonaro, contra tudo
e contra todos, ecoam hoje nos discursos dos seguidores da seita de Olavo de
Carvalho e do Presidente Jair Bolsonaro.
Nos discursos dos
homens demens brasileiros não há sinais de aproximações ou de diálogo com
outros setores, mas sim de uma eterna radicalização que leva a uma diminuição
dos seguidores dessa seita quase satânica, mas não necessariamente ao seu
enfraquecimento.
O ódio a tudo o
que pensa e que se opõe ou se cala é o mote. O outro é sempre visto como um
inimigo a ser combatido e eliminado.
Para o homem
demens brasileiro, que semeia a desordem, ao contrário do que supõe pregar, o
caos passa a ser a solução contra tudo aquilo que odeia, ainda que a sociedade,
o Brasil e o Mundo paguem um preço alto por isso.
O discurso do
homem demens brasileiro é desprovido de qualquer valor ético e há no seu discurso
uma ânsia beligerante contra tudo o que se supõe ser o oposto.
Esse discurso vai
criando novos inimigos a cada dia, afastando supostos aliados. Porém, por
interesses políticos e à custa do toma lá, dá cá, criam-se novos aliados,
anteriormente inimigos, E o mote de combate à corrupção se esvai, pois o que
interessa ao homem demens que lidera o país e aos seus seguidores é a
permanência do líder no poder, sem qualquer respeito à ética ou a qualquer
ordem.
O fim objetivado
é a permanência no poder, custe o que custar. E essa ordem pregada, que cria
desordem para a permanência no poder, é um grande risco à democracia, seja pela
falta de limites éticos, seja pela pregação permanente contra as instituições
que fiscalizam e limitam os poderes do Presidente da República.
Por mais que
soe estranho, desordens política, institucional e social não combinam com a Democracia,
muito pelo contrário: a enfraquecem ou anulam.
Enquanto o
homem sapiens busca a ordem lógica estabilizadora, o homem demens busca a
desordem por si só, na busca da implementação da insanidade que o atormenta e o
rege. O risco de um homo demens estar no poder é a mutilação e a destruição total
daquilo que deveria cuidar ou liderar, o país.
O risco não é
pequeno, seja para os aspectos cultural, social, econômico e, inclusive,
territorial.
Não há mais
como os militares permanecerem aliados aos que pregam o fim de tudo, numa clara
desordem.
Tempos difíceis
para o presente e o futuro do Brasil.