O governo
brasileiro atualmente é composto por hereges. Não hereges no aspecto religioso,
mas no aspecto filosófico.
O dicionário
Houaiss explica que herege, dentre outros significados, é quem adota ou sustenta ideias, opiniões, doutrinas etc, contrárias às
admitidas (por um grupo).
Explico. o motivo de chamá-los de hereges.
O mundo passou
por diversas etapas históricas, dentre elas o Renascimento e o Iluminismo, este
último nos Séculos XVII e XVIII, baseado na ciência e na razão.
Após tal
movimento, a humanidade enfrentou as revoluções industrial e bolchevique, esta
na Rússia, as duas grandes Guerras Mundiais, legislações que protegiam o
bem-estar e os direitos humanos, o neoliberalismo e a sua globalização
econômica e de modos, com restrição a direitos sociais, trabalhistas e
previdenciários.
Principalmente
após a crise econômica do capitalismo de 2008, que dos Estados Unidos
alastrou-se para o mundo inteiro, a extrema direita passou a fortalecer-se na
Europa, Ásia e no continente americano.
Hoje a extrema
direita está presente nos governos brasileiro e estadunidense, além das
Filipinas, Índia e países europeus, inclusive.
Tais governos
não são norteados pela razão, pelo senso comum e pela filosofia mais moderna,
mas pela contradição. Ao mesmo tempo em que defendem o neoliberalismo que
exporta suas culturas e produtos, propagam a aversão ao multilateralismo e aos
órgãos estatais multinacionais, em um nacionalismo xenófobo. Ao mesmo tempo em
que a extrema direita se intitula nacionalista, prega adesão aos valores do
país mais rico do mundo, seguindo suas decisões e determinações. Os seus
inimigos são os direitos humanos, trabalhistas e previdenciários, os
trabalhadores, os sindicatos, a estrutura estatal, os órgãos de controle e os
próprios partidos políticos, principalmente os de esquerda. Esse conjunto de
inimigos é taxado indiscriminadamente de comunista. No Brasil, os inimigos
ainda incluem os seus principais parceiros econômicos, os que mais compram
produtos brasileiros, como a China e o próprio Mercosul.
Muitas vezes
eleitos com bandeiras de desenvolvimento da economia e anticorrupção, entregam-se
aos conchavos mais sujos. O exemplo brasileiro é evidente, com a demissão do
Ministro Moro e a aproximação do governo com o chamado Centrão, liderado por
Roberto Jefferson e outros acusados ou condenados pela Justiça e que
participaram anos atrás do maior esquema de corrupção do país.
A bandeira de
progresso econômico, no caso brasileiro é vergonhosa. A privação de direitos
trabalhistas e previdenciários aos trabalhadores não promoveu qualquer avanço,
e agora a pandemia serve de desculpa a uma forte recessão que se avizinha.
Além disso,
esses hereges brasileiros voltam-se contra a formação de nossa própria
nacionalidade, cuja raiz é a integração indígena, negra e do homem branco, passando
a valorizar apenas este último, inclusive em campanhas publicitárias do próprio
governo.
A defesa dos
interesses dos negros e dos índios, além de outras maiorias e minorias, passou
a ser combatida e vetada.
A cultura
nacional, outro aspecto importante de nossa nacionalidade brasileira, passou a
ser vilipendiada.
A educação,
base para a formação de um povo, também passou a sofrer forte dogmatização, visando impedir o conhecimento
aprofundado da história brasileira e mundial, visando com isso formatar pessoas
menos sensíveis, menos críticas e menos cidadãs.
Um dos gurus
desse pensamento é um filósofo autodidata, que não tem formação profissional e
que ao invés de utilizar palavras com forte sentido, utiliza palavrões com
fortes sentidos.
É um grupo que
se opõe à racionalidade, à ciência, ao conhecimento, à nacionalidade brasileira
e a tudo o que diz respeito à raiz de nosso povo e o respeito que deveria ser
correspondente.
O armamentismo generalizado
e o combate às leis ambientais é outro símbolo do anacronismo da heresia
governamental.
É um grupo
quase anarquista, que se contrapõe ao lema positivista da nossa bandeira, de
ordem e progresso.
O retrocesso se
avizinha, contando, infelizmente, com o apoio de ala considerável dos militares
de nossas forças armadas, que, ao contrário, deveriam defender o nosso povo, a
nossa raiz e a nossa soberania, o que retrata a nossa Nação.
Os hereges
estão aí, à solta, comandando o país e o destruindo de forma rápida e insana.
Resta uma
pergunta. Passada essa fase, serão eles justiçados, queimados ou mortos, por um
movimento tão ríspido e perverso quanto?
Que a ciência e
a racionalidade nos permeiem e protejam!