Não sei o que mais precisa acontecer no mundo para que as pessoas se sensibilizem. Aliás, a começar pelo Brasil.
Nós brasileiros não conseguimos enxergar ou sentir o que acontece bem aqui na nossa terra, imagine então a milhares de quilômetros de distância.
Antes dos europeus chegarem aqui, nessa vasta terra, havia humanos indígenas que retiravam recursos da natureza, mas sem esgotá-la, que não poluíam as águas que bebiam e que não escravizavam outros seres simplesmente porque tinham cor, religião ou etnia diferentes. Eles conviviam em harmonia com o meio ambiente.
Com a chegada dos europeus, os índios foram dizimados e escravizados. As águas começaram a ficar poluídas e as matas a serem derrubadas. Muitas espécies animais daquela época hoje já não existem mais. Foram extintas. Não bastasse o caos que estavam a criar nessa terra, ainda escravizaram pessoas na África e as trouxeram acorrentadas para cá, aonde muitos de seus descendentes até hoje não tiveram acesso a uma boa escola e a um bom hospital e sequer são cidadãos em seu sentido Constitucional.
Nós brasileiros, temos os lados bons e ruins dos índios, dos negros e dos europeus. Somos um povo verdadeiramente bipolar, que desde os tempos da colônia oscila entre a mestiçagem e a visão europeia de mundo. Um povo que se julga povinho, que aceita a corrupção, que permite que os governos não resolvam o problema das pessoas em situação de rua, dos dependentes de drogas e dos enfermos, dentre outros.
Somos um povo violento no falar, que agride verbalmente o outro por detrás, mas que se cala perante os abusos que são cometidos pelos que detêm o poder.
Somos um país gigante e rico, mas que permite que apequenar perante as injustiças praticadas dentro e fora do Brasil.
Se não somos capazes de nos indignar e fazer resolver os problemas internos, como poderemos nos sensibilizar e pretender que se mude as injustiças que vemos no mundo afora, em particular na guerra da Síria, por exemplo?
Teremos a coragem de exigir que países parem de financiar os grupos terroristas e radicais que ainda lutam na Síria? Teremos coragem de apontar quem são e de exigir que parem de financiar, armar e treinar?
Teremos coragem de agir em prol do povo da Síria, que sofre há sete anos os efeitos de uma das guerras mais cruéis do mundo?
Se mal somos capazes de exigir providências para os miseráveis que vemos a todo instante ao nosso redor, teremos condições de exigir algo que vai contra interesses de grandes e médias potências?
Para resolvermos os problemas internos e para atuarmos com firmeza no plano internacional, primeiramente teremos que ser sérios na solução das nossas vergonhas e misérias. Depois, teremos elevação moral para pontuar com seriedade o que deve ser respeitado acima de tudo no plano internacional.
Essa mudança, para o bem do futuro dos nossos descendentes e para o mundo em geral, precisa começar agora!