Queria tanto ter sido um escritor do período pré Cristo.
Teria visto tantas mudanças, tantas evoluções e também maldades. Escreveria tantas coisas sobre a humanidade. Não faltaria sobre o que escrever.
Embora a raça humana esqueça o que leu e até sobre o que já se escreveu, os escritos, ainda que feitos por um não grego, não filósofo, não renomado, são capazes de eternizar um olhar sobre os fatos.
Adoraria ter escrito, à época, sobre uma questão específica, os sorrisos das crianças.
Para mim eles são mágicos, nos conquistam, nos confortam, nos fazem abstrair dos problemas que criamos, daqueles que nos martirizam e que não passam de frutos de uma abstração humana - provavelmente doentia.
As crianças nos levam para outro tempo, próximo ou distante. Nos transportam para outro espaço, mais cheio de cores brilhantes e marcantes. E ainda nos fazem perceber a graça da vida, ainda que por um breve instante.
Os sorrisos das crianças encantam e criam uma mágica peculiar que nos fazem voltar no tempo, avançar no espaço e recriar em nós aquele espírito humano capaz de superar qualquer limite. Qualquer um!
São a fonte mais pura de luz, de sabedoria e da mágica do auto conhecimento que temos e que relativizam tudo aquilo em que acreditamos, incluindo o tempo e o espaço.
Ao vermos ou sentirmos o sorriso das crianças, nos encantamos e nos aproximamos da sensação própria daquela que julgamos ser a mais característica do Criador.
Para mim esses sorrisos não são uma janela da alma humana, mas a verdadeira janela da alma divina e que nos permitem, ainda que de forma diminuta, perceber, sentir e imaginar o Criador não como julgador, mas como amor puro, lá presente, onipresente.
De certo, o futuro da raça humana está nas crianças, e cabe a nós permitir que elas percebam um mundo mais puro, mais justo, mais humano, mais solidário e mais feliz! Cabe a nós preservar essa mágica do olhar e do sorriso mágicos. Elas, tão puras, são capazes de transformar muitos de nós em pequenos anjos, ainda que não percebamos. E percebemos, pelo simples sorriso dessas crianças, que o reino dos Céus não está em outro tempo ou espaço, mas em nós mesmos!