É algo que ainda não assusta a muitos, mas devia.
O crescimento do número de membros da classe média tem o seu efeito benéfico tanto no aspecto social quanto econômico, mas a questão não para aí, pois não se trata que fato tão simples.
Estamos vendo crescer a classe média, justamente aquela que se encanta pelo poder de compra do dinheiro, o consumismo barato e a aderência a padrões estranhos ao nosso, normalmente ligados a padrões estadunidenses ou europeus.
O número crescente de membros da classe média sem que tenha acesso à instrução e cultura, faz aumentar o número dos ditos reacionários, que não querem abrir mão do “status” que alcançaram. E por desconhecerem a si, ao seu passado e aos outros, reservam-se numa caserna repleta de preconceitos. E é aí que reside boa parte do perigo.
Hoje não se fomenta o separatismo territorial como há pouco se via. A questão que atormenta agora é a não aceitação das minorias ou daqueles que simbolizam algo que muitos não querem ver.
Moradores de rua, dependentes de drogas, homossexuais, indígenas, nordestinos e, negros e defensores dos direitos humanos são os alvos preferidos da vez. Simbolizam o que os que almejam sucesso não suportam ver. Parece ter virado rotina ver nos noticiários fatos como os de queimar moradores de rua; expulsar os mendigos e os dependentes de drogas de ruas; humilhar negros; queimar índios; agredir e assassinar homossexuais e defensores dos direitos humanos... São atitudes de extrema direita. Ainda que não assumam, os agressores não admitem o diferente e pensam numa eugenia social.
Não somos que nem a Europa, onde em muitos países os idosos não são bem vistos (ainda bem que neste aspecto não somos que nem eles), mas queremos ser que nem os povos de lá, um povo branco, não miscigenado, sem moradores de rua, indígenas, nordestinos e negros. E, mais, numa criação absurda, também queremos acrescentar a esse rol os defensores de direitos humanos e homossexuais.
Somos um país que não se enxerga, e a mídia e o governo não fomentam isso. Não descobrimos a brasilidade por absoluto desconhecimento de nossa história.
Não sabemos de nossa história, de forma que não podemos ter orgulho de como criamos essa Nação tão rica e diversificada.
Como já disse Darcy Ribeiro, fomos deseuropeizados, desindianizados e desafricanizados e resultamos nisso, no povo brasileiro. Somos brasileiros, uma mistura única.
As eleições que se aproximam serão um grande divisor de águas. Espera-se que os políticos sejam responsáveis e não apresentem discurso discriminatório ou que fomente a discriminação. Um partido que a represente é o que falta para a extrema direita, diluída nos pensamentos e atitudes de muitos, tomar a forma partidária e daí fomentar, por ações políticas, o que hoje é feito por ações de indivíduos e grupos.