Suponha que o regime nazista volte a ameaçar o mundo, perseguindo exclusivamente os ciganos, agora, e ainda invadindo países fracos militarmente. Quem vocês acham que de imediato combateria esses inimigos da humanidade?
Europa
Não acredito que os líderes europeus se voltassem contra essa crueldade. Vide o que está a ocorrer na França e na Itália, exemplificativamente. Na França a perseguição é expressa. Além do mais, a Europa inteira está sensibilizada pela crise econômica que a assola, xenófoba, inclusive contra recém-ingressos na União Européia, como o povo da Romênia.
Duvido que os russos também ingressassem numa guerra aberta, a não ser que fossem chamados a compor uma aliança para deter o avanço dos nazistas ou que o seu interesse geopolítico estivesse ameaçado.
Estados Unidos
Não sei se os Estados Unidos ingressariam numa guerra aberta, principalmente se os nazistas fossem oriundos de uma grande potência. Eles estão traumatizados de tantas guerras, tantas guerras sem vitórias e com os altos custos financeiros. Se não tivessem seus interesses estratégicos ameaçados, duvido que arrumassem mais um confronto de alto custo.
Ásia
China? Japão? Índia? Hummmm. Tenho sérias dúvidas se esses países ingressariam abertamente num confronto militar, hoje. Talvez a China, mas apenas se fossem invadidos os seus importantes fornecedores de energia, como o Irã, exemplificativamente.
Irã? Hoje, com o risco de ser atacado por Israel e os Estados Unidos, dificilmente ingressaria em um confronto externo que não fosse imprescindível à sua defesa.
Oriente Médio
Aliados de peso na região? A maior potência militar é Israel, mas será que o seu governo de extrema direita ingressaria em um confronto com outro regime também de extrema direita? Duvido. Uma guerra distante não lhes interessaria, por mais que os judeus tenham sofrido os percalços da perseguição nazista há apenas 60 anos.
América Latina
O Brasil? Hummmm... O Brasil ingressaria, sem dúvida, se fosse chamado a intervir, mas duvido que espontaneamente o fizesse.
Cuba? Com certeza não, devido à fraca economia e à crise vivenciada há duas décadas.
Vocês podem não acreditar, mas eu tenho a impressão de que o único país latino-americano a ingressar de pronto em um confronto desses seria a Venezuela. Motivos não faltam, seja para defender sua política de esquerda contra o perigo da extrema direita mundial, seja para marcar presença geopoliticamente, seja ainda pelo claro caráter fraterno do povo venezuelano e também do seu governo.
Motivo da questão
Você pode estar a se perguntar por que levantei essa questão aparentemente ridícula. Ora, de ridícula não tem nada, primeiro porque há muitos países liderados por partidos de extrema direita, principalmente no velho continente. Segundo, porque a xenofobia e o ódio aos estrangeiros cresce assustadoramente nos países outrora muito poderosos, mas que hoje enfrentam séria crise econômica. Terceiro, porque não percebemos as discriminações cada vez maiores contra muçulmanos, seja pelas vestimentas, seja pela construção de mesquitas, contra ciganos e até contra os latino-americanos, sendo que para estes elas ocorrem de uma forma muito mais sutil.
Por isso não é difícil supor que muito em breve uma potência decadente caia em mãos de extremistas dispostos a ampliar suas fontes de energia e até o seu próprio território. Parece ser a sina dos regimes totalitários de direita que pretendem garantir o poderio econômico e bélico.
Bem, os Estados Unidos quando eram liderados por Bush eram um exemplo bem próximo disso, quando invadiu países com grandes reservas de petróleo e gás. Hoje, a França, a Itália, a Áustria e alguns outros países são liderados por direitistas que o mundo não julga perigosos, mas que estão implantando políticas xenófobas perigosas. Só falta o expansionismo direto.
Não é difícil imaginar, portanto, que uma potência decadente economicamente venha a provocar o mundo com a segregação de uma raça, um povo ou uma religião, aliado à expansão territorial, sempre em busca de novos recursos minerais.
O mundo precisa estar alerta, mais do que antes. E, pásmen, a Venezuela é um país imprescindível para o equilíbrio. Pode ter um governante popular e populista, mas o país é democrático e preocupa-se com as questões mundiais de uma forma diferente da adotada pelo Brasil, inclusive. Enquanto buscamos posicionamentos conciliadores, voltados à perspectiva de conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, a Venezuela age por ideais e princípios, mesmo sabendo que desagrada importantes lideranças mundiais.
Por isso eu afirmo que a Venezuela é um país imprescindível à paz regional e mundial, hoje.