Que os Estados Unidos ameacem o Ghadafi, também é compreensível.
Mas, os Estados Unidos levarem sua 5ª Frota ao mar líbio causa o receio de uma invasão e de uma guerra ao estilo Iraque. Não é isso o que desejam os líbios, partidários de Ghadafi ou opositores, e tampouco a opinião pública internacional.
Talvez isso atenda ao interesse escuso de alguns países e de suas multinacionais, como já alertava Fidel Castro a respeito do risco da invasão do território líbio por forças estrangeiras.
E essa invasão não seria para pacificar, por mais que se propague essa falsa ideia. Seria para tomar o território líbio rico em petróleo e gás, garantindo às empresas dos países invasores o direito de prospecção do petróleo, como ocorreu no Iraque e no Afeganistão.
O que os Estados Unidos poderiam fazer era dar garantias ao Ghadafi de que assegurariam que as empresas petrolíferas seriam nacionalizadas para o povo líbio e que a ele (Ghadafi) seria garantida a integridade física e o asilo político nos Estados Unidos. Essa seria a media ideal, tanto para uma imagem de líder pacifista de Obama (se ele realmente quisesse isso, seria a salvação de sua imagem perante a desapontada opinião pública internacional). Porém, é quase impossível que isso ocorra, já que os Estados Unidos estão numa crise econômica e anseiam por garantias de acesso às riquezas de outros países a um preço baixo.
Essa é a triste realidade. E quem sofre com isso é o povo líbio.
Se o Ghadafi realmente for nacionalista, talvez desista do poder e se refugie em algum país árabe do norte da África, justamente para evitar a invasão do seu país e garantir o mínimo de força bélica ao seu exército. Porém, parece ser pouco provável que isso aconteça. O líder em decadência acostumou-se com o poder e parece que quer morrer como mártir. O mundo lamenta não só por sua decisão, mas pelas consequências já esperadas do que isso pode acarretar ao povo local.
Agora surge uma questão. Se os Estados Unidos invadirem a Líbia, a oposição ao Ghadafi permanecerá quieta, sem criar resistência à força invasora? Parece que não. E a suposta Al Qaeda do norte da África terá motivos para promover a resistência ou o terrorismo em um país em que não tem forte atuação?
A ONU tem que ser forte e promover garantias de transferência de poder na Líbia, sem permitir que qualquer país tenha a autorização para invadir e causar massacre de civis.
Os Estados Unidos ainda se sentem os donos do mundo. E o mundo ainda permite isso. Quando a China despertar, teremos mais um dono do mundo, mas realmente à altura da denominação, para o nosso azar.
Que Ghadafi tenha bom senso e renuncie ao "poder" exercido de fato (já que diz que não tem "cargo" político).