domingo, 25 de dezembro de 2011

UM PAPAI NOEL DAS ARÁBIAS

O espírito de Natal talvez tenha sido esquecido em alguns cantos do mundo, mas não aonde ele se originou. E para quem acha que o Natal teve início e possui sede na Finlândia ou no Polo Norte, tenho que advertir que está redondamente (que nem o famoso gorducho barbudo) enganado.

O Natal representa o nascimento de Jesus Cristo, considerado o filho de Deus para os cristãos e profeta para algumas outras religiões, dentre as quais os muçulmanos. E Jesus nasceu na cidade de Belém, na atual Palestina, localizada lá no Oriente Médio, um lugar muito diferente e distante do Polo Norte.

Já o Papai Noel, apelido dado a São Nicolau, nasceu na Turquia, que se situa entre a Europa e a Ásia. Lá ele é conhecido como “Noel Baba”. E a Turquia também não é nada próxima do Polo Norte.

Portanto, esse velhinho gorducho e de roupas vermelhas, que vive em regiões geladas e entra na casa das pessoas pela Chaminé, é mera ficção, um verdadeiro ideal daqueles que idolatram o consumismo e daquelas indústrias que ganham muito dinheiro com o desejo fantasioso das crianças.
Bem, como os brasileiros sempre confundiram árabes e turcos, me dou o direito de dar a este texto o título de “Um Papai Noel das Arábias”, quando o correto seria Um Papai Noel Turco.

Explico. Como o mundo árabe se expandiu entre os séculos VII e XV para vários países da África, Europa e Ásia, incluindo a Turquia, e os turcos ocuparam o lugar dos árabes em parte desses territórios, ocupando os Bálcãs, inclusive, entre os séculos XV e XX, muitos confundem árabes e turcos, etnias diversas, que têm em comum alguns hábitos e o próprio islamismo, que é predominante em suas populações. Mas muitos turcos e árabes são cristãos também.

Voltando àquilo que nos propomos, vou tratar aqui do Noel Baba, que não se veste de vermelho, não tem carruagem nem trenó e pouco menos renas, mas apenas um camelo, muito velho e nada bonito ou charmoso, por sinal.

Noel Baba era um velhinho barbudo e magro, muito simpático e extremamente religioso, que vivia nas Arábias e professava o cristianismo ortodoxo. Embora rico, ele não era apegado às coisas materiais. Largou sua família e foi morar com os pobres, na periferia de uma grande cidade, em uma habitação que muito se assemelha às nossas favelas aqui do Brasil.

Mas Noel Baba era muito engraçado. Não tinha bicicleta ou carro, mas um camelo velho que adotou quando o viu largado no deserto. E era com esse camelo que ele realizava as suas boas ações. Afinal, o Noel Baba era, sim, o bom velhinho. Porém, ele tinha diferenças cruciais em relação a esse Papai Noel que nos ensinaram a adorar.

Noel Baba ia à casa das crianças de famílias desassistidas, que são muitas lá nas Arábias. Ao chegar na casa de cada criança, ele batia na porta, pedia licença à mãe e ao pai, ou à própria criança se ela não tinha responsável, e dava a elas um livro. Era usado, mas não deixava de reunir todo o encanto de um livro infantil.

Olha, se você perguntou se o nosso Papai Noel dava o livro das Mil e Uma Noites às crianças, não posso negar que algumas vezes ele entregava esse livro, sim. Para alguns infantes, inclusive, ele chegava a narrar algumas das históricas daquele conto magnífico, com toda a paciência e magia que só ele reunia. E as crianças, nessa simplicidade, se maravilhavam e sorriam, esquecendo as dores, a fome e muitas vezes o abandono decorrente da morte de seus familiares pelas seguidas e constantes guerras.

Noel Baba não era gordo, não tinha a famosa risada do Oh-oh-oh, mas era uma pessoa afetuosa, simpática e atenciosa com todos. E contava histórias como ninguém. Ah, se um dia você pudesse ouvir uma das histórias do bom velhinho, jamais esqueceria...

E era o seu velho camelo, todo desajeitado, mas forte, um tanto rabugento, até, que carregava as várias toneladas de livros usados que eram recolhidos através de doação de pessoas mais afortunadas.

Esses personagens simples, mas importantes, o camelo e o seu adotante, continuam vivendo lá nas Arábias, naquele lugar distante, que imaginamos ser repleto de desertos, e realmente é. Mas é justamente lá que o bom velhinho promove o verdadeiro espírito de Natal, com a ajuda do seu fiel Camelo.

Se você pedir para eu apresentar uma foto do Noel Baba ou do seu camelo, eu me recuso. Esse Papai Noel não gosta de aparecer em shoppings ou em fotos, mas sim em estar na imaginação de cada criança que não tem condições de sonhar com uma vida melhor. E ele acha que é assim que cultivará sempre o hábito das crianças sonharem com algo, muito melhor que a vida sofrida de infantes de todas as idades.

Ah, não duvido que se o Noel Baba viesse para o ocidente, talvez ele fosse chamado de charlatão. Justo ele, todo preocupado com as pessoas...

Você quer saber mais sobre o Noel Baba e o seu fiel camelo? Talvez eu conte mais a respeito dele em um próximo texto. Aguarde!

(foto extraída da internet)

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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