segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

INCÊNDIOS

INCÊNDIOS
Um dos melhores filmes de 2011. Imperdível. Quando um mais um é igual a um. Coisa de Deus ou do homem? Veja o trailer.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

ATROCIDADES DE UM EX-LÍDER, HOJE DÉSPOTA

O que acontece na Líbia é reprovável. Um ditador que se diz de esquerda e mata o seu povo nada mais é que um carrasco do mesmo tamanho moral insignificante daqueles de extrema direita, como Mussolini, Hitler e outros, igualando-se em pequeneza de dignidade ao soviético Stalin, que também matou muitos do seu próprio país.

Esses vilões em nada se diferem. Sentem-se como Deuses, como verdadeiros escolhidos, esquecendo-se de que a sua missão se reserva a praticar a vontade do povo, visando sempre o interesse desse e jamais o pessoal. A frieza desses líderes não é aliviada pela honra do passado, mas serve para demonstrar como o poder foi capaz de corrompê-los e de torná-los tão vis quanto aqueles que repudiavam, tão monstros quanto.

Se no passado havia um brilho na condução política de Kadafi, agora ele demonstra que usufruiu dos poderes, mas não deseja repartí-lo com o povo, numa atitude que não tem nada de digna. E usando da força para perpetuar-se no comando do país, apenas demonstra a frágil moralidade que o norteia.

Sou de esquerda, mas  não posso pactuar com um genocídio como o comandado pelo Coronel Kadafi, justo contra aqueles que comanda. Um mundo árabe livre dos déspotas é o sonho de todos os árabes. Um mundo livre dos déspotas é o sonho de todos neste planeta. Que sejamos livres e que o povo líbio também alcance a dignidade de eleger os seus governantes e do poder de tirar do comando aqueles que não merecem a sua confiança.

Viva a Revolução árabe, que começou silenciosa e hoje espalha-se por todo o Oriente Médio, capaz de energizar o ocidente e de nos fazer crer que a globalização não nos tornou frígidos, não nos calou nem retirou a sensibilidade de questionar.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Noam Chomsky: A verdadeira preocupação dos EUA não é o islã, é a independência

no jornal britânico Guardian
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu

“O mundo árabe em chamas”, a rede Al-Jazeera noticiou semana passada, enquanto em toda a região os aliados ocidentais “rapidamente perdem influência”. A onda de choque foi posta em movimento pelo levante dramático na Tunísia, que derrubou ditador apoiado pelo Ocidente, com reverberações sobretudo no Egito, onde manifestantes desafiam a polícia brutal de outro ditador.

Observadores já compararam ao fim do domínio soviético em 1989, mas há diferenças importantes. Diferença crucial, não há Mikhail Gorbachev entre as grandes potências que apoiam ditadores árabes. Em vez disso, Washington e seus aliados mantêm o bem fixado princípio segundo o qual a democracia só interessa quando atende a determinados objetivos estratégicos e econômicos: bem vinda em território inimigo (até certo ponto), mas nunca no quintal dos EUA, por favor, a menos que chegue devidamente domada.
Num ponto, a comparação com 1989 tem alguma validade: na Romenia, onde Washington manteve o apoio a Nicolae Ceausescu, o mais vicioso de todos os ditadores do leste europeu, até que aquele apoio tornou-se insustentável. Então Washington passou a pregar a derrubada daquela ditadura, e o passado foi apagado. Esse é o padrão: Ferdinand Marcos, Jean-Claude Duvalier, Chun Doo-hwan, Suharto e muitos outros gângsteres úteis. Pode estar em andamento, no caso de Hosni Mubarak, além dos esforços de rotina para assegurar que o regime sucessor não tente qualquer passo muito afastado da trilha demarcada e aprovada. A esperança de hoje parece ser o general Suleiman, homem de Mubarak, que acaba de ser nomeado vice-presidente. Suleiman foi chefe dos serviços de segurança por muito tempo; é odiado pelos manifestantes, quase tanto quanto o próprio ditador.

Jornais e programas de comentários (e futricas) não se cansam de repetir que o medo que os radicais islâmicos inspiram justifica (alguma, relutante) oposição à democracia, explicável por motivos de puro pragmatismo. Embora não seja completamente falsa, é formulação que mais desencaminha do que esclarece. A verdadeira ameaça, do ponto de vista dos EUA, sempre foi a independência. EUA e aliados têm apoiado vários radicais islâmicos, às vezes, para evitar a ameaça do nacionalismo secular.

Exemplo conhecido é a Arábia Saudita, centro ideológico e lar natal do Islã radical (e do terrorismo islâmico). Outro exemplo, numa lista longa, é Zia ul-Haq, o mais brutal dos ditadores, paquistanês, e favorito do presidente Reagan, que conduziu programa de islamização radical (com financiamento dos sauditas).

“O argumento tradicional apresentado a todo o mundo árabe é que nada há de errado, tudo perfeitamente sob controle”, diz Marwan Muasher, ex-funcionário do governo da Jordânia e atualmente diretor do Middle East Research for the Carnegie Endowment. “Por essa linha de pensamento, grupos dos dois lados argumentam sempre que os respectivos opositores que exigem reformas exageram os problemas das reais condições em campo”.

Assim sendo, basta deixar de fora a opinião pública. A doutrina é muito ampla e aplica-se a praticamente todo o mundo, assim como ao território nacional dos EUA. Serve para todos. Caso haja agitação social, pode acontecer de ser preciso introduzir alterações táticas, mas sempre com vistas a continuar mantendo pleno controle.

O vibrante movimento democrático na Tunísia visou diretamente ao “estado policial, de cidadãos sem liberdade de expressão ou de associação, com graves problemas de atentados a direitos humanos”, chefiado por um ditador cuja família era odiada, considerada corrupta e venal. Foi o que disse o embaixador dos EUA Robert Godec, em julho de 2009 – como se lê em telegrama publicado por WikiLeaks.

Por isso, alguns observaram que os documentos publicados por WikiLeaks “criam entre os norte-americanos o sentimento reconfortador de que seus diplomatas não dormem no ponto” –, e fato é que os telegramas vazados servem de apoio tão perfeito para as políticas dos EUA, que parece que o próprio Obama ordenou, em pessoa, os vazamentos (como escreveu Jacob Heilbrunn em The National Interest).

“Os EUA deveriam condecorar Assange”, diz manchete do Financial Times, e Gideon Rachman escreve: “A política exterior dos EUA aparece ali como organismo construído de princípios, inteligente e pragmática (…) a posição pública que os EUA assumiram em cada determinada questão é também, quase sempre, a posição privada”.

Desse ponto de vista, os vazamentos de WikiLeaks poriam abaixo os “teóricos da conspiração” que questionam os nobres motivos que movem as ações e declarações de Washington.

O telegrama assinado por Godec realmente permite essas conclusões – desde que não se leia mais nada, além do próprio telegrama. Se se lê, como diz Stephen Zunes, analista de política exterior de Foreign Policy in Focus, logo se vê que, com a informação que Godec lhe forneceu, Washington logo enviou $12 milhões de dólares em ajuda militar para a Tunísia. De fato, a Tunísia foi uma, dentre cinco beneficiários estrangeiros dessa ajuda militar: Israel (rotina); dois ditadores no Oriente Médio, no Egito e na Jordânia; e a Colômbia (país que ocupa o último lugar no ranking do respeito aos direitos humanos e beneficiário da maior ajuda militar, pelos EUA, no hemisfério).

A prova A de Heilbrunn é o apoio que os árabes dão às políticas dos EUA contra o Irã, revelado nos telegramas publicados por WikiLeaks. Rachman também usa esse exemplo, e praticamente toda a mídia, saudando essas estimulantes descobertas. As reações ilustram o quanto a cultura letrada nos EUA despreza a democracia.

Não se considera, até aí, a opinião das populações, naquelas ditaduras – opinião que, agora, brada nas ruas e todos ouvem. Segundo pesquisas divulgadas pela Brookings Institution em agosto, alguns árabes concordam com Washington e muitos jornalistas e jornais ocidentais, e entendem que o Irã seja ameaça: 10%. Outros consideram os EUA e Israel como ameaça mais grave: 77%, EUA; 88%, Israel.

A opinião dos árabes é tão hostil às políticas de Washington, que uma maioria (57%) entende que a segurança regional estaria mais bem atendida se o Irã tivesse armas atômicas. Mas… “nada de errado, tudo sob controle” (como Muasher apresenta a fantasia-delírio dominante). Os ditadores nos apoiam. As populações sobre as quais se impuseram podem ser ignoradas – a menos que rompam suas cadeias, caso no qual, então, é preciso promover alguns ajustes na política.

Outros vazamentos também parecem confirmar avaliações entusiásticas sobre a nobreza das intenções e atitudes de Washington. Em julho de 2009, Hugo Llorens, embaixador dos EUA em Honduras, informou Washington sobre pesquisa técnica conduzida pela própria embaixada sobre “questões legais e constitucionais que cercaram o afastamento, dia 28 de junho, do presidente Manuel ‘Mel’ Zelaya”.

A embaixada concluiu que “De qualquer modo, sejam quais forem os argumentos que haja contra Zelaya, a remoção do presidente pelos militares foi claramente ilegal e a posse de Micheletti como “presidente interino” foi totalmente ilegítima” [1]. Admirável! Exceto pelo detalhe de o presidente Obama, na contramão de toda a América Latina e Europa, ter apoiado o governo golpista e acobertado todas as atrocidades subsequentes.

O vazamento talvez mais notável, de quantos se leram em WikiLeaks, tem a ver com o Paquistão [2], analisado por Fred Branfman, analista de política externa em Truthdig [3].

Os telegramas revelam que a embaixada dos EUA sabia perfeitamente que a guerra de Washington no Afeganistão e Paquistão não só intensifica um sempre crescente antiamericanismo na região, mas, também “cria o risco de desestabilizar o estado no Paquistão”, o que faz aumentar a ameaça do pesadelo de todos os pesadelos: que armas atômicas caiam em mãos de terroristas islâmicos.

Mais uma vez, são revelações que “criam entre os norte-americanos o sentimento reconfortador de que seus diplomatas não dormem no ponto” (palavras de Heilbrunn [4])… enquanto Washington marcha em passo acelerado rumo ao desastre.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

BUROCRACIA E OS INTERESSES DA POPULAÇÃO CARENTE

Ultimamente tenho sido muito crítico com o rumo da minha vida profissional. Penso na burocracia que enfrento no dia-a-dia e nos erros primários da administração pública. Penso no quanto a burocracia desvaloriza o erário público, com gastos desnecessários, e no quanto consome em números de profissionais, que poderiam voltar-se a um atendimento direto à população. Acho que não basta o Brasil ver o número de funcionários públicos que possui. Ele precisa ver qual a percentagem desses funcionários está efetivamente voltada a atender os interesses da população. Poderemos ter uma surpresa desagradável. Temos menos funcionários do que necessitamos, sem dúvida alguma. E se verificarmos os números de funcionários efetivamente voltados aos interesses diretos dos populares, muito provavelmente perceberemos um número irrisório para um país com tantas desigualdades e necessidades sociais. É preciso repensar a administração pública. É preciso ousar. Será que é tão difícil começar algo diferente e mais próximo do ideal?
Realmente há coisas que não consigo entender. A quem interessa esses sistema que pouco resolve e muito gasta? A quem interessa não atender de pronto os interesses da população mais carente? Bem, faço também uma pergunta a todos: quem pode responder?

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

PALAVRAS E REVOLUÇÕES

Fico a pensar. Revoluções necessitam de palavras? De palavras de ordem? Mas o que seriam as ações necessárias nas revoluções sem as palavras? Atos de mera brutalidade e insensatez? E se tudo ficar só nas palavras, sem ações, não haverá revolução, mas intenção.
As palavras são necessárias, mas em conjunto com ações que as reflitam.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

POESIA INFANTIL (?) SOBRE O EGITO

Poesia infantil (?):

Digo e repito
que o que vi no Egito
não é mero agito,
mas um grande conflito
que nos deixa aflito
e que pode propagar-se ao infinito.
O que há nisso de bonito?
Saber que não houve apito,
panela ou faniquito,
mas o uso bem dito,
bem longe de Quito,
do mais certo rito,
o da realidade e do não-ficto.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

domingo, 20 de fevereiro de 2011

ONG REPÓRTERES SEM FRONTEIRA: JORNALISTAS VITIMADOS NO EGITO

O site da ONG Repórteres sem Fronteira divulgou no início de fevereiro um balanço dos jornalistas agredidos no Egito. Veja abaixo ou clique para ir à página original:

01 jornalista morto: Ahmed Mohammed Mahmoud, Al-Ahram;
75 jornalistas agredidos ou atacados, mas não detidos;
72 jornalistas presos por duas horas ou mais
7 jornalistas desaparecidos, sem notícias de seus paradeiros
25 jornalistas que tiveram seus materiais destruídos ou locais atacados;
Meio de comunicação mais atacado: Al Jazeera, com 3 repórteres agredidos e 4 presos, posteriormente liberdados, e um escritório danificado.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

EUA QUEREM A SUA AL JAZEERA

A Al Jazeera torna-se influente no Ocidente, após longos anos de prestígio no Oriente Médio. A guerra do Iraque a colocou na pauta da grande mídia. Agora, os levantes na Palestina e no Egito a tornaram ainda mais importante para quem pretende ter uma notícia mais isenta e de qualidade.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Hoje na História: Cruz Vermelha é fundada na Suíça

*Com informações do website da Cruz Vermelha Internacional


Em 17 de fevereiro de 1863, o suíço Jean-Henri Dunant funda o Comitê Internacional de Socorro aos Feridos de Guerra - a Cruz Vermelha. A idéia de fundar uma organização destinada a socorrer imparcialmente os feridos vinha do espetáculo aterrorizante ao qual Dunant assistiu na batalha de Solferino, na Guerra de Unificação Italiana, em 24 de junho de 1859.

Até meados do século XIX não existia um corpo organizado e bem estabelecido de assistência médica para os feridos em conflitos armados, tampouco instituições seguras e protegidas para acomodar pessoas feridas. Em junho de 1859, Jean-Henri Dunant viajou para a Itália para encontrar-se com o imperador francês Napoleão III, com a intenção de discutir as dificuldades em fazer negócios na Argélia, então ocupada pela França.

Quando desembarcou em Solferino, na noite de 24 de junho, Dunant testemunhou a batalha de Solferino. Em um único dia, 40 mil soldados morreram ou foram deixados feridos no campo de batalha. Dunant ficou chocado com o sofrimento dos soldados feridos e com a falta de atendimento médico. Diante disso, abandonou completamente a intenção original da viagem e, por vários dias, dedicou-se a ajudar no tratamento dos feridos. Dunant conseguiu organizar a assistência, motivando a população local para ajudar sem discriminação.

Quando Dunant voltou a Genebra, decidiu escrever um livro, Uma Memória de Solferino, publicado com recursos próprios em 1862. Enviou exemplares do livro para políticos e militares importantes de toda a Europa. Além de retratar suas experiências em Solferino, Dunant também defendeu abertamente a formação de um sistema voluntário de assistência, para colaborar no cuidado médico dos feridos em guerra. Além disso, Dunant também apelou por tratatos internacionais que garantissem a proteção da neutralidade dos médicos e hospitais de campanha para os soldados feridos em combate.

A primeira convenção da Cruz Vermelha se reuniria em 1864. Ela definiria e defenderia a imunidade do pessoal do socorrismo e seria reconhecida, de imediato, por 14 países.

No ano seguinte, houve uma conferência internacional da Cruz Vermelha em Genebra para elaborar um plano para “melhorar a sorte dos militares feridos”. A convenção previa: a obrigação de cuidar dos feridos sem distinção de nacionalidade; a neutralidade do pessoal de atendimento e dos estabelecimentos sanitários e o sinal distintivo da cruz vermelha sobre um fundo branco. Três outras convenções, em 1906, 1929 e 1949, reforçaram seu papel.

Cinco anos depois da morte de Alfred Nobel, os primeiros prêmios atribuídos em seu nome foram entregues pelo rei da Suécia. Cinco nomes deveriam encarnar os “benfeitores da humanidade”, segundo as palavras contidas no testamento do inventor. Jean-Henri Dunant dividiu o Prêmio Nobel da Paz com o presidente da Sociedade Francesa pela Arbitragem entre as Nações, Frédéric Passy.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha é membro fundador do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho e até os dias de hoje tem sua sede em Genebra. Tendo começado como entidade de assistência a soldados feridos, o CICV estendeu suas atribuições e é atualmente uma das organizações mais respeitadas do mundo, tendo exercido um importante papel no desenvolvimento da proteção à dignidade humana desde sua criação. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha foi premiado três vezes com o Nobel da Paz (em 1917, 1944, e 1963) por seus trabalhos.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A atualização do socialismo


Cuba se prepara para mudanças estruturais. Mas estaria em debate a volta do capitalismo?

Cuba, a principal experiência socialista da história do mundo ocidental, está em um processo de transformação iminente. Os cubanos devem vivenciar, nos próximos anos, as maiores mudanças no país desde o triunfo da revolução comandada por Fidel Castro em 1959.

Para reverter o processo de estagnação da economia da ilha, os dirigentes do Partido Comunista Cubano (PCC), o único do país, convocaram o seu VI Congresso para abril de 2011 para discutir mudanças econômicas e políticas no país, com o pretexto de “atualizar” o modelo cubano.

O presidente Raúl Castro, que substitui o irmão Fidel desde 2008, é apontado como um dos grandes entusiastas das mudanças e dos debates com a população, inclusive com a presença de dissensos, o que é considerado um avanço para o modelo cubano, frequentemente criticado por suas decisões de cima para baixo.
Ao contrário do que se esperava, a gestão de Barack Obama na Casa Branca, não aliviou o bloqueio à economia cubana, e esse boicote continua sendo a maior causa de atrofiamento do país.

Além do embargo, Cuba sente os efeitos da crise econômica mundial, da redução das exportações em 15% e as consequências de 16 furacões que devastaram a ilha entre 1998 e 2008. Estima-se que os fenômenos naturais causaram um prejuízo de 20,5 bilhões de dólares.

Com esse cenário, o Estado cubano acusa fadiga e apresenta sinais de que não consegue mais ser o único indutor da economia. A abertura de setores da economia à iniciativa privada talvez seja uma das principais mudanças previstas para os próximos anos. Ela, por si só, desperta uma série de questões na esquerda mundial.

Estaria Cuba migrando lentamente para o capitalismo? Estaria espelhando-se no modelo chinês? Ou trata-se de uma mudança emancipatória, com menos paternalismo estatal e mais protagonismo da população?

Associativismo

Para Frei Betto, um dos principais especialistas em Cuba no Brasil, as concessões como a instauração de empregos autônomos privados não devem ser interpretadas como privatização, mas “desestatização”. “O governo cubano, na avaliação que faz frente à crise econômica grave, constata que o Estado foi excessivamente paternalista. As pessoas dependiam do Estado como provedor, para os mínimos detalhes. O que o governo quer agora é incentivar iniciativas pessoais e associativas. Não é propriamente uma abertura para a iniciativa privada tal como a concebemos nos países capitalistas. As medidas visam a que as pessoas possam gerar a sua própria renda, a partir de iniciativas individuais, mas, sobretudo, associativas, cooperativas. É o empreendedorismo. Essa é a linha que eles querem abraçar”, explica Frei Betto.
Uma das medidas que consta do documento preparatório do Congresso do PCC, que já circula entre a população, prevê o fim da libreta de abastecimento, que subsidia produtos da cesta básica.

Estado inflado

Outra ação polêmica deve ser o enxugamento da burocracia estatal. Acredita-se que de 500 mil a 1 milhão de trabalhadores vinculados ao Estado devam deixar seus postos. A medida, inicialmente, parece extraída do receituário neoliberal, mas os defensores do modelo cubano apontam que é essencial para a manutenção do socialismo.

O cônsul-geral de Cuba no Brasil, Lázaro Méndez Cabrera, assume que o país tem errado em sua política de amparo estatal, e, ao mudá-la, o socialismo não é prejudicado, mas reforçado. “Cuba não fará uma reforma do socialismo. Estamos trabalhando numa adequação e atualização do socialismo cubano. São centenas de profissões que terão liberdade individual e livre comércio. Elas se reúnem com outras, ampliam-se, então há a necessidade de reduzir o aparato de Estado, que está completamente inflado. Não há economia que resista a isso”, aponta.

Ele também critica o que ele chama de “igualitarismo”, que tem sido praticado em Cuba. “Temos que trabalhar forte para mantermos a igualdade entre os cubanos, mas temos que trabalhar também para desterrar o igualitarismo. O igualitarismo não faz bem. Ou seja, é um problema dar a mesma coisa para os que necessitam e para aqueles que não necessitam. Muitas pessoas lucram com certos produtos e os revendem”, diz, referindo-se a algumas gratuidades existentes na ilha.

O escritor cubano Félix Contreras é um crítico do acomodamento de milhares de funcionários improdutivos dentro do Estado. Ele aponta abusos, como a presença de 300 mil funcionários no Ministério do Comércio Exterior, em um país em franca dificuldade econômica e uma população de apenas 11 milhões de habitantes.

“Para o governo Raúl – que tem os pés mais no país e os olhos voltados para dentro de casa –, o modelo econômico não dá mais. Há uma imensa improdutividade de trabalhadores, uma quantidade de postos de trabalho sem conexão com o aparato produtivo e uma colossal quantidade de gente no aparato da burocracia. A economia cubana tem sido tratada mais como um veículo de domínio político do que um processo de produção e distribuição, esquecendo uma das principais leis do socialismo: de cada qual segundo sua capacidade, e a cada qual segundo sua necessidade”, avalia.

Mudanças necessárias

Segundo o escritor, aqueles que se beneficiam do paternalismo estatal estão angustiados com a iminência de perder seus privilégios no próximo período. Para ele, as mudanças e concessões ao setor privado não contradizem os rumos socialistas da revolução, já que Cuba precisa adaptar-se às novas condições econômicas do mundo e da região.

Para o historiador brasileiro Luiz Bernardo Pericás, a dinâmica da economia cubana dos últimos anos atingiu um nível insustentável, tornando premente a necessidade de reformas e reestruturação. “Se olharmos a questão estritamente em termos econômicos, há uma urgência pela implementação de ajustes, ou corre-se o risco de uma paralisia completa do setor produtivo, que é subutilizado e mal gerenciado. Para se ter uma ideia, somente metade da área agricultável da ilha é utilizada, há um déficit habitacional enorme e pelo menos 70% dos alimentos consumidos no país são importados”, salienta.

Modelo chinês? NEP cubana?

Quando se fala em um modelo socialista em que o mercado passa a ganhar importância maior, é inevitável a comparação com as saídas chinesa e vietnamita – países governados por partidos comunistas, mas com práticas capitalistas.

A Nova Política Econômica (NEP) levada por Lênin na Rússia em 1921 também serve de comparativo, já que à época o líder soviético fez concessões a pequenas propriedades privadas a fim de reerguer o país arrasado pela 1ª Guerra Mundial. Em defesa da medida, Lênin afirmou que a União Soviética “dava um passo atrás para dar dois à frente”.

As comparações podem até ser elucidativas, mas são rechaçadas pela maioria dos especialistas. O cônsul-geral de Cuba no Brasil, Lázaro Méndez Cabrera, admite que Cuba já tentou se inspirar no modelo chinês, por vezes, mas nunca obteve êxito. “Não se pode comparar a China com Cuba, são realidades muito diferentes em vários níveis. Também não acho que estejamos dando um passo atrás para dar dois à frente”, aponta.

O historiador Luiz Bernardo Pericás acredita que exista o perigo ético na oficialização de um “socialismo de mercado” à la China e Vietnã. Mas não crê que esse seja o desfecho mais certo. “O mais provável é que Cuba construa um modelo próprio, a partir de suas características singulares, mas tendo como inspiração os modelos chinês ou vietnamita. Haverá, possivelmente, uma maior abertura para empresas privadas (em setores não-estratégicos) e a continuação e ampliação do que já existe há muitos anos no país, os pequenos negócios, serviços, restaurantes, entre outros. Uma parte da propriedade social deixaria de ficar nas mãos do Estado e passaria para cooperativas (como no caso da agricultura)”, prevê.

Eduardo Sales de Lima e Renato Godoy de Toledo

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A revolução chinesa

Por Ari de Oliveira Zenha
(parte inicial do texto)

"Lutemos para fazer com que as pessoas pensem, e não apenas para convencê-las".
Georges Braque

A era Mao Zedong não foi um caos e mesmo retrocesso para a sociedade chinesa como muitos pensam notadamente os ideólogos do capitalismo Ocidental, sua grande imprensa e os atuais burocratas vermelhos do Partido-Estado da China.

Entre 1952 e 1978, período em que Mao teve forte influência na sociedade chinesa, tanto na economia, na política e no aspecto ideológico, a sociedade chinesa obteve resultados importantes. Nesse período o PIB (Produto Interno Bruto) aumentou em 6,2% ao ano; a indústria teve forte aumento, 9,4% ao ano; os serviços cresceram a taxas de 4,5% ao ano; em relação à agricultura o seu crescimento foi de 3,4% ao ano.

A oferta de energia aumentou 36 vezes, a produção de carvão passou de 66 para 618 milhões de toneladas e a de aço aumentou de 1– um - milhão para 32 milhões de toneladas, a produção agrícola apesar dos vários contratempos, entre 1952 e 1978, aumentou de 160 para 280 milhões de toneladas de cereais.

Em relação ao comércio internacional, a China, tinha pequena participação, como mostra a Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2003; em termos percentuais, as exportações, nos anos de 1948, foram de 0,9%, em 1953 de 1,2%, em 1963, de 1,3% e, em 1973 de 1,0%. As importações obtiveram os seguintes percentuais; em 1948 de 1,1%, em 1953 de 1,7%, em 1963 de 0,9% e em 1973 de 1,1%.

François Godement é extremamente crítico ao período maoísta. Ele se apóia para criticar este período, em dados polêmicos que só foram divulgados em 1980, no apogeu das denúncias que Deng Xiaoping fez contra Mao Zedong, quando anunciou as tão propaladas reformas econômicas. Segundo Godement, a taxa de acumulação de capital foi de 43%, em 1957 e manteve-se em aproximadamente em 30% na década de 1970. A indústria pesada atraiu e concentrou 76% - 77% - dos investimentos entre 1954 e 1977. O desenvolvimento industrial e urbano teria sido financiado pelo campo, através da subavaliação dos preços agrícolas. Também teria havido uma estagnação dos salários, mantidos sem aumento do seu poder aquisitivo de 1957 a 1978. Deng divulgou várias estatísticas econômicas do período Mao, no intuito de jogar uma pá de cal sobre o legado maoísta, que Deng utilizou como herança da incapacidade das políticas de Mao para com a China, o que ele chamou de paralisia maoísta. “(...) As propostas de Deng, baseavam-se em incentivos materiais, busca de eficiência econômica e desenvolvimento com destaque ao comércio externo.”

Devemos salientar que elas ocorreram em um país atrasado com imensa população, com área agriculturável limitada e em meio a fortes convulsões políticas. Não negando estes fatos, a igualdade estava alicerçada em condições de vida modestas contando com um crescimento do consumo limitado durante o período maoísta. É dessa época o processo de construção dos direitos sociais dos trabalhadores, em que cada empresa assumia a responsabilidade pela aposentadoria, pensões, assistência à saúde, educação e habitação. Por outro lado cada comuna popular tinha obrigação de viabilizar as mínimas condições de vida das massas trabalhadoras.

Em 1976 a grande maioria dos chineses, pela primeira vez na história da China, possuía recursos sociais, embora modestos, como: alimento, moradia, roupa, educação primária e assistência médica básica.

O consumo de alimentos, em termos de calorias, estava acima da média dos países do Terceiro Mundo. A expectativa de vida passou de 35 anos para 68 anos em 1982, o número de chineses matriculados nas escolas primárias foi multiplicado por seis.

Com relação à condição das mulheres que, pela tradição cultural da China estavam submetidas a uma brutal condição de inferioridade, submissão e humilhação, houve avanços nas melhorias destas condições sociais femininas, embora ainda persistam graves problemas de discriminação até hoje.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

“Creative Commons está dentro de uma política de governo”


Em entrevista à Carta Maior, o deputado Paulo Teixeira (SP), novo líder do PT na Câmara Federal, avalia o episódio da retirada da licença Creative Commons do site do Ministério da Cultura. Crítico da decisão, Teixeira afirma que a licença "está dentro de uma política de governo, de democratização do acesso ao conhecimento e à cultura" e que "sua retirada contrasta com decisões anteriores que vêm do governo Lula". O parlamentar considera que a medida vai gerar um debate dentro do governo, mas não acredita em retrocesso na área.

Marco Aurélio Weissheimer
A decisão da ministra da Cultura, Ana de Holanda, de retirar a licença Creative Commons do site do Ministério da Cultura, provocou protestos e abriu um intenso e enérgico debate entre integrantes do governo, do movimento de software livre e defensores de recursos educacionais e culturais abertos. Afinal de contas, a decisão da ministra representa ou não uma mudança na orientação do governo federal sobre o tema?

Na avaliação do deputado federal Paulo Teixeira, novo líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, a “licença Creative Commons está dentro de uma política de governo, de democratização do acesso ao conhecimento e à cultura”. Teixeira defende que a lei de direitos autorais, assim como a lei de patentes de medicamentos devem ser subordinadas ao interesse social.

O parlamentar não acredita em retrocesso nesta área: “A posição do Ministério da Cultura vai abrir um debate no governo sobre a política nesta matéria. Não haverá retrocesso na minha opinião. Sugiro que a ministra Ana de Holanda coloque a minuta de lei que está na Casa Civil novamente em consulta pública”.
Carta Maior: Qual sua avaliação sobre a decisão da ministra da Cultura de retirar do site do Ministério da Cultura as licenças Creative Commons?
Paulo Teixeira: A licença Creative Commons está dentro de uma política de governo, de democratização do acesso ao conhecimento e à cultura. Tem respaldo na política externa praticada pelo Itamaraty, crítica da lei de direitos autorais aprovada pelo país. Ela é usada em vários órgãos da administração federal. A sua retirada contrasta com decisões anteriores que vêm do governo Lula.

Carta Maior: Há alguma mudança de concepção no governo federal sobre as questões de compartilhamento digital e software livre?

Paulo Teixeira: A Presidenta Dilma Roussef, então ministra da Casa Civil, foi à Campus Party em janeiro de 2010 e se encontrou com Lawrence Lessig, grande formulador das licenças Creative Commons. Naquele momento ela fez um pronunciamento em oposição à Lei Azeredo, de apoio ao software livre, de apoio a uma política de acesso a internet banda larga para todos brasileiros e de mudanças na lei de direito autoral.

Na minha opinião, a lei de direitos autorais, assim como a lei de patentes de medicamentos estão subordinadas ao interesse social. Ela não pode criminalizar o aluno pobre que precisa tirar xerox de livros e textos para uso estritamente pessoal. Nem tirar cópia de obras esgotadas. Isso limita o acesso ao conhecimento. A lei de direitos autorais no Brasil é uma das mais cerceadoras do mundo.

As gerações que estão no poder no Brasil estudaram comprando livros e também tirando xerox de textos. Em relação ao acesso à cultura, perguntava Fernando Anitelli,do Teatro Mágico "quem no passado não ganhou uma fita cassete de músicas do Chico, Gil, Caetano num lado e noutro lado, uma seleção de rock en roll?"

Mudar a lei de direitos autorais pode promover um melhor resultado no investimento de recursos públicos na promoção de obras culturais e educacionais em formato aberto. O MEC e o Minc podem contratar autores para produzirem obras didáticas e colocá-las à disposição de todos os professores brasileiros e da população em geral. Esse modelo é o chamado Recurso Educacional Aberto-REA e é muito utilizado pelos governos americano e europeus. Isso não quer dizer que as editoras deixarão de vender seus livros. As obras estarão disponíveis também na internet.

Atualmente,todo o investimento público é direcionado à produção de obras protegidas por modelos rígidos de direitos autorais. É o Estado atirando no próprio pé.

Sobre o ECAD, trata-se no meu modo de ver de instituição pública não estatal. Precisa haver, caso não haja, controle do Ministério Público, no mesmo modelo das Fundações e transparência na gestão dos seus recursos. O ECAD não pode ser concebido como órgão privado, como é hoje. Há um interesse difuso, tanto de quem consome os bens culturais, como de quem os produzem, de saber a destinação dos recursos. Ele interfere na produção e na distribuição de bens culturais no país.

Carta Maior: A decisão da ministra provocou muitos protestos de partidários do Software Livre e do Creative Commons que temem um retrocesso nesta área. Na sua opinião, há um risco de retrocesso?

Paulo Teixeira: A posição do Ministério da Cultura vai abrir um debate no governo sobre a política nesta matéria. Creio que todos os atores devem participar do debate para se produzir um consenso. Não haverá retrocesso na minha opinião. Sugiro que a Ministra Ana de Holanda coloque a minuta de lei que está na Casa Civil novamente em consulta pública.

Carta Maior: Como estão os debates no Congresso em torno dos projetos relacionados à regulamentação na internet?

Paulo Teixeira: Até agora conseguimos paralisar o PL Azeredo. Espero que o governo envie o Marco Civil da Internet rapidamente para o Congresso Nacional e, a partir dele, possamos fazer este debate.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Entre o Nobel e a prisão

CARTA CAPITAL

Cotado para o prêmio, Assange enfrenta o julgamento por crime sexual

Julian assange, o timoneiro do WikiLeaks, continua a assombrar o mundo. Depois de vazar documentos secretos relativos às invasões do Iraque, do Afeganistão e os recém-divulgados papéis da diplomacia americana, o australiano consegue na mesma semana uma indicação ao Nobel da Paz e um julgamento envolvendo participação em crime sexual. A honraria veio do parlamentar norueguês Snorre Valen, que declarou o WikiLeaks “um candidato natural ao Nobel” por “uma das contribuições mais importantes para a liberdade de expressão e transparência neste século”. O revés pode partir da Justiça britânica.

Assange segue detido em prisão domiciliar em Londres. Ele é acusado na Suécia de crimes sexuais, entre eles, fazer sexo sem camisinha. Na próxima segunda-feira 7, a corte inglesa decide se extradita ou não o líder do WikiLeaks. Caso a extradição se confirme, é quase certo que ele será preso em território sueco ou, no pior dos casos, extraditado pela Suécia para os Estados Unidos.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Parlamento de Israel cria comitê para investigar esquerda

Parlamento israelense criou um comitê de investigação dos grupos de esquerda, alegando que estão comprometidos com campanhas de “deslegitimação” contra o Estado de Israel e suas forças armadas. A investigação irá focar nos recursos financeiros desses grupos, supostamente para verificar se recebem dinheiro de fontes externas ou de organizações consideradas envolvidas em atividades terroristas. A medida foi iniciativa do partido de extrema-direita Yisrael Beiteinu, do ministro do Exterior Avigdor Lieberman.

Susan Webb
People's World

Cerca de 20 mil israelenses marcharam em Tel Aviv, no dia 15 de janeiro, para protestar contra a decisão do Knesset de investigar as organizações políticas de esquerda e as de defesa dos direitos humanos, em especial suas fontes de recursos. Representando uma ampla faixa do espectro político de centro e de esquerda de Israel, os manifestantes e oradores denunciaram a ação como similar à ‘caça às bruxas’ do macartismo dos anos 1950 nos Estados Unidos.

O protesto foi desencadeado pelo voto do Knesset no sentido de criar um comitê parlamentar de investigação dos grupos de esquerda, alegando que estão comprometidos com campanhas de “deslegitimação” contra o Estado de Israel e suas forças armadas. A investigação irá focar nos recursos financeiros desses grupos, supostamente para verificar se recebem dinheiro de fontes externas ou de organizações consideradas envolvidas em atividades terroristas. A medida foi iniciativa do partido de extrema-direita Yisrael Beiteinu, do ministro do Exterior Avigdor Lieberman.

Os manifestantes desfilaram sob a palavra de ordem “Ato público (enquanto for ainda possível) pela Democracia” e representavam um amplo arco de organizações inclusive o centrista Partido Kadima, o Paz Agora, a Associação pelos Direitos Civis, o partido social-democrata de esquerda Meretz, o Partido Comunista de Israel e uma série de entidades de direitos humanos. Os membros do parlamento que se opuseram à ‘caça às bruxas’ estavam entre os manifestantes e oradores.

Os manifestantes carregavam lemas em que se lia: “Perigo! Fim da Democracia à vista”; “Lutemos contra o Governo das Trevas”; “A Democracia Brada por Socorro” como reportou o jornal Haaretz.
O deputado do Kadima Meir Sheetrit disse que a decisão do Knesset é "ofensiva e perigosa para o Estado de Israel... e faz do país um dos Estados das trevas." Conclamou as organizações a rechaçar a investigação caso seja lançada.

O deputado do Meretz Nitzan Horowitz declarou: "Estamos aqui em oposição à radicalização religiosa, às leis racistas e à repugnante incitação contra os trabalhadores estrangeiros e contra aqueles que não são leais a Lieberman. E agora estão pondo as organizações de direitos humanos na alça de mira."

Horowitz disse que o primeiro ministro Benjamin Netanyahu partilha dessa vergonha uma vez que “está encorajando a celebração racista no Knesset." Criticou também o ministro da Defesa Ehud Barak, por ter aberto uma dissidência no Partido Trabalhista. “Você não está envergonhado, senhor Barak?" perguntou Horowitz. "Você e seu partido estão apoiando e possibilitando a existência do governo mais racista na história do Estado de Israel."

Hagai Elad, diretor executivo da Associação pelos Direitos Civis afirmou: “Os milhares de pessoas que aqui estão entendem que nossa democracia necessita de proteção contra aqueles que a querem destruir. Somos os porta-vozes de uma voz clara em defesa dos direitos humanos e da democracia e contra o racismo, o macartismo. Continuaremos a lutar pelos valores democráticos, liberdade de expressão, direitos iguais para os cidadãos e fim da ocupação."

A organização de Elad é uma das 16 entidades israelenses de direitos humanos bastante conhecidas que assinaram uma carta aberta protestando contra a medida do Knesset.

"Investiguem a nós todos. Não temos nada a esconder. Os senhores estão convidados a ler nossos relatórios e nossas publicações. Ficaremos felizes se responderem de modo direto os nossos questionamentos em vez de tentar atacar a nossa honra. Não funcionou no passado e não funcionará agora."

O deputado de direita Michael Ben Ari denunciou o ato de protesto, rotulando os citados grupos como “movimentos de extrema-esquerda que “gostariam de ver o Estado de Israel destruído” e que “estão traindo o Estado e, por conseguinte não há como não avançar novos passos contra eles. Iremos revelar que eles são financiados por Estados inimigos."

Até o presidente israelense Shimon Peres se opõe à investigação do Knesset, afirmando ao Haaretz que ela causa dano à democracia israelense.

Numa declaração publicada antes da marcha, Dov Khenin, dirigente do Partido Comunista, deputado e advogado de direito civis, advertiu quanto às lições do macartismo norte-americano.

"A criação de comissões parlamentares de investigação de atividades políticas está associado ao nome do senador republicano por Wisconsin, Joseph McCarthy, ativo nos dias mais sombrios da Guerra Fria" disse Khenin.

"McCarthy é tristemente célebre por sua iniciativa, apresentada num discurso de fevereiro de 1950, de investigar funcionários do governo de “colaboração com o inimigo. '
"O senator McCarthy foi indicado como presidente do Sub-comitê de Investigação. O Comitê Parlamentar de Atividades Anti-americanas trabalhou em paralelo. Os dois comitês publicaram uma lista de organizações hostis a serem investigadas. Entre elas constava o Sindicato Nacional de Advogados, acusado de antiamericanismo por incluir advogados negros em suas fileiras.

"Uma vez que é muito difícil estabelecer limites às investigações políticas, o comitê estendeu suas atividades das organizações para pessoas da indústria cinematográfica e de entretenimento. Pessoas como Charlie Chaplin, Berthold Brecht, Leonard Bernstein, Aaron Copland, Arthur Miller, Orson Welles, Paul Robeson e Pete Seeger, e muitos mais, foram investigados ou obrigados a depor.

"A ‘caça às bruxas’ contra os progressistas tomou conta do Congresso durante três anos, causando grande miséria humana e dano social. A sociedade norte-americana tratou de superar o trauma e seu pesado preço histórico e social. Temos de aprender dessa experiência. Não podemos trilhar esse caminho e criar uma comissão parlamentar de investigação política."

"O macartismo tem por objetivo a intimidação de pessoas envolvidas em ações legais no exercício de seus direitos democráticos", disse Khenin. "É isso o que o Likud e o Yisrael Beitenu estão propondo: uma injeção letal na democracia."

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A INTELECTUALIDADE ITALIANA NÃO SUPORTA MAIS BERLUSCONI

Será que depois do mundo árabe será a vez dos italianos se voltarem a atitudes mais fortes para respirar ares efetivamente mais democráticos?

Leia a matéria em espanhol no prestigiado jornal EL PAIS.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Descoberto plano para assassinato de magistrados federais


Militar preso por tráfico internacional de drogas e armas usa celular, circula fora do presídio e trama morte de juízes federais.
O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul (MPF/MS) pediu à Justiça a transferência do bombeiro Ales Marques, que está detido no Presídio Militar de Campo Grande, para um estabelecimento penal federal de segurança máxima, preferencialmente fora do estado. O pedido foi ajuizado nesta quinta (3).

Investigações revelaram que Ales, mesmo preso, arquiteta a morte de desafetos e de juízes federais que atuam nos processos nos quais é acusado de liderar quadrilha de tráfico internacional de drogas. Entre outras medidas, o MPF solicitou à Polícia Federal (PF) providências para resguardar a integridade dos magistrados ameaçados.

O Ministério Público Federal enfatiza ainda as questionáveis condições da custódia dele no presídio militar, onde está desde julho de 2010. Lá, ele continuou usando celulares livremente.
Um outro fato “estarrecedor” foi a notícia da saída dele do presídio em 14 de janeiro deste ano, em uma viatura da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, junto com um capitão e mais dois policiais militares, para uma “diligência” a uma chácara de Campo Grande, de posse alheia. Ales Marques - sem algemas ou qualquer identificação da sua condição - e os policiais ingressaram no imóvel, contra a vontade do ocupante e sem mandado judicial, onde passaram a fazer buscas, sem especificar o que procuravam.

O fato foi confirmado pela Polícia Federal (PF), que obteve vídeos da ação e colheu dados que reforçaram as suspeitas da existência de planos de Ales Marques para assassinato dos magistrados e de um esquema de corrupção envolvendo a chefia da escolta de detentos do Presídio Militar de Campo Grande.

Além da transferência, o MPF pede ainda que a Justiça autorize o compartilhamento de provas com outros órgãos como Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MP/MS), Corregedoria da Polícia Militar e a Justiça Militar Estadual. O MPF pede a instauração de inquérito na PF para apuração dos crimes de ameaça e coação contra juízes federais, por parte do preso.

entenda o caso
Ales Marques foi preso em flagrante em julho de 2010 e teve a prisão preventiva decretada em outubro de 2010, durante a operação Maré Alta. O MPF denunciou 18 pessoas da quadrilha, inclusive a ex-mulher e os filhos do militar, que também estão presos. Foram apreendidos, com a associação criminosa, quase 80 kg de cocaína.

Conforme a denúncia, a quadrilha atuava com foco no abastecimento, em larga escala, a mercados consumidores de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. A cocaína, proveniente do Paraguai, ingressava no Brasil pela fronteira seca entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã. Nesta cidade, a droga era acondicionada em veículos e seguia para o destino.

O acusado responde a duas ações penais, por tráfico e associação para o tráfico transnacional e interestadual de drogas, bem como tráfico internacional de arma de fogo. Os processos correm na Justiça Federal de Ponta Porã.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

TELESURtv: EGITO

Muito em breve, talvez até hoje mesmo, teremos uma solução para o impasse político no Egito. A Telesurtv anuncia que governo e oposição estão dialogando a portas fechadas.
Após tentar usar o exército e policiais a paisana contra os populares, Mubarak, presidente ditatorial do Egito, procura uma solução amigável para a crise desencadeada nos últimos dias. Dizem até que está certa a sua viagem à Alemanha, sob o pretexto de cuidar da saúde. Mas quem o sucederá? A Irmandade Muçulmana? Particularmente eu duvido, face às pressões dos Estados Unidos e de Israel. E quanto mais tempo demorar para a transição, maior será a chance dos religiosos chegarem ao poder.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

A DOENÇA DA HUMANIDADE

Muitos olham com as vistas que pensam que têm. Não olham com as vistas que possuem, mas com as que imaginam. Não veem, apenas se iludem. Dessas ilusões tiram conclusões, escrevem histórias e fazem julgamentos. Comete-se erros em cima de erros, apagando a verdade.

O ser humano, ao longo de sua existência, tem praticado equívocos. Hoje, muitos nos são evidentes, como a inquisição, as cruzadas, a escravidão, o nazismo, o apartheid, graças à relativa sensatez que tivemos em alguns instantes, poucos instantes.

Não se pode esquecer que para a maioria dos cristãos, nos idos de 1200 e 1300, as cruzadas eram legítimas e imprescindíveis. Para muitos católicos, a inquisição era uma forma de aprimorar a fé. Para grande parte da população das Américas e da Europa, a escravidão de africanos era algo comum, já que eles não passavam de objetos e, por isso, podiam ser comercializados. Muitos alemães e alguns cidadãos do mundo afora criam na suposta “razão” das políticas e ações nazistas, com a eugenia e a discriminação. O apartheid, até pouco tempo, era considerado absolutamente “normal”. Até anos atrás, as mulheres não votavam e ainda necessitavam da autorização do marido para alguns atos da vida civil, os adolescentes eram tratados como objetos pela Justiça, os analfabetos não podiam votar. Até hoje absurdos ocorrem, graças à nossa cegueira.

Hoje, discriminam-se muçulmanos, árabes, africanos e latino-americanos pelo mundo afora. Aqui dentro o preconceito prepondera em relação aos nordestinos, negros e aos favelados, justamente os mais desassistidos e os que sofreram as maiores agruras e injustiças.

Não somos infalíveis, muito ao contrário. Somos frágeis e não nos fortalecemos da forma adequada. Pensamos no corpo e nos prazeres materiais e esquecemo-nos dos aprimoramentos intelectual e espiritual, simplesmente porque o nosso olhar é equivocado.

Temos o pior tipo de olhar, o sádico, que reflete a nossa doença. Não temos consciência do mal que nos acomete, mas os sintomas nos dão prazer. Buscamos a qualquer preço o poder, o prazer disfarçado em ver os outros seres ou grupos como inferiores. Nos vangloriamos das guerras e das mortes causadas. Queremos dinheiro, objetos de sedução, terras, status. O poder não corrompe, destrói. Nessa sociedade, a desgraça alheia nos faz crescer. O consumismo nos distingue. As muralhas nos separam. Vivemos pelo prazer em nos sentir acima de outros seres. Não nos esqueçamos que o fascismo, o nazismo e outros tipos de segregação sempre estarão presentes, bem como as guerras, sempre injustas. Cabe a nós evitar esse mal, o pior, do sadismo humano.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O CORPO QUE CARREGA A ALMA QUE VIVE

Suba,


vá longe,

mas não se esqueça de onde veio



Veja o mundo sob outros ângulos

Converse mais

Veja mais

Leia mais

Pense mais



Liberte a alma,

feita para voar

e deixe o corpo preso ao passado

ao presente e

ao futuro.



Dê voltas,

Brinque,

Sonhe

Viva

Vivemos com a alma

e não com o corpo.

Ele apenas nos carrega

e proporciona pequenos prazeres.



A alma nos faz sonhar e

Querer viver.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

OLHE, PENSE E REFLITA

Pensamos que olhamos só quando acordamos e não quando sonhamos.
Pensamos que vemos quando estamos acordados e não dormindo.
Pensamos que aprendemos quando lemos revistas e jornais e não a própria vida.
Pensamos que somos intelectualizados por fazermos mestrado, doutorado e não por termos sensibilidade.
Pensamos tantas bobagens e nos conduzimos erroneamente na vida.
Esquecemo-nos dos sonhos, nossa primeira aula sobre a vida.
Esquecemo-nos de olhar e pensar. Olhar e demonstrar reações sem pensar é perigoso, mas olhar, pensar e refletir é mágico, pois capacita-nos a ver o que os outros não enxergam: longe e o amanhã.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

OS EGÍPCIOS E O OLHAR UNIVERSAL DA ESPERANÇA

O milenar, exótico e esotérico Egito vive uma convulsão política. O povo não quer o presidente ditador, mas este insiste em permanecer na presidência de um dos mais importantes países árabes sob o aspecto geopolítico internacional. Diz que entregará a presidência a um candidato que se elegerá pelo voto popular em setembro, garantindo que o seu nome não comporá a cédula. Será? E será que o povo suportará uma ditadura que dura mais de 30 anos pelo prazo que supera os 7 meses?

O Egito é capaz de dialogar com palestinos e israelenses. Para o governo estadunidense isso é importante, mas não só. O Canal de Suez, o gás e o forte poderio bélico e a importância do país para o mundo árabe como um todo são fatores de peso na importância, que se reflete na ajuda financeira e militar, que o governo dos Estados Unidos dão ao Egito.

O que acontece atualmente no Egito terá repercussões em muitos países árabes, isso é fato, e já está acontecendo no Iemen e na Jordânia. A questão é saber se chegará ao muçulmano e não-árabe Irã. Dizem que o ocorrido no Egito e na Tunísia favorece a posição estratégica do Irã, bem como enfraquece a pressão internacional contra o seu programa nuclear. Isso só o tempo dirá. Não afirmaria isso com certeza. Não se pode dizer que o Irã ganhará com isso, ao menos não neste momento. A questão é complexa e envolve interesses muito fortes, seja de reis ou presidentes árabes, seja do governo estadunidense ou de Israel. E o próprio Irã deve estar preocupado com as suas ruas e praças, que até recentemente acolheram manifestações vultosas.

O fato é que as pequenas grandes revoluções no mundo árabe terão repercussão em várias ditaduras. Mas ela alcançará a Arábia Saudita, uma das maiores aliadas dos interesses estadunidenses na região? Caso alcance o reino saudita, aí sim se poderá dizer que o Irã sairá vitorioso geopoliticamente.

Mas a quem interessa esse movimento popular pela democratização no mundo árabe? Aos Estados Unidos, a Israel, ao Irã, à China, à Rússia? A quem? Me parece que a luta pela democracia no Oriente Médio não agrada as grandes potências e àquelas de relevância regional. A todas elas é mais fácil controlar um ditador do que uma massa que pensa por si e cujo grito repercute além das fronteiras. A questão religiosa foi um bom pano de fundo para a ajuda às ditaduras, mas a realidade era, como sempre foi e continua a ocorrer, o interesses econômico.

A Israel também não parece interessar um regime democrático no Egito, um país árabe e majoritariamente muçulmano, cujo povo compartilha dos interesses do povo palestino de Gaza e da Cisjordânia pela independência. Ao governo israelense, parece ser claro que um ditador seria mais fácil de controlar, em prol de seus interesses. Talvez seja por isso que Israel assiste silenciosamente ao que ocorre no mundo árabe: fortalecimento do hezbollah no Líbano, redemocratização na Tunísia, possível derrubada de Mubarak no Egito, manifestações de desagrado em Marrocos, Sudão e Jordânia. Os Estados Unidos devem estar muito preocupados com a estabilidade do regime na Arábia Saudita, um país fechado e com uma teocracia que viola mais intensamente os direitos humanos que o Irã, em todos os aspectos, incluindo-se aí os direitos das mulheres. A queda do reino saudita afetará diretamente e de forma mais profunda os interesses americanos.

Pode parecer estranho, mas perto dos países acima mencionados, salvo o Líbano, o Irã é um exemplo de democracia.

Quanto aos ditos radicais islâmicos da Irmandade Muçulmana, parece que a eles não interessa um estado teocrático no Egito. Não neste momento. A Irmandade Muçulmana, hoje, financia obras sociais e é inimiga das ações praticadas pela dita Al Qaeda. Ela pretende ter relevância política, mas não contrapor-se às forças armadas de seu país.

Os representantes dos Estados Unidos, Israel e da Arábia Saudita devem estar realizando encontros com grande frequência, cercados de ansiedade, o que também deve ocorrer com o Irã. A situação, agora, já que não se consegue delimitar os alcances possíveis, não lhes é nada favorável.

O mundo árabe rompe uma nova barreira, após cerca de 60 anos de libertação do colonialismo. O muro que cai representa o fortalecimento da sociedade civil e da democratização. Nisso, a internet e as redes sociais tiveram um grande papel e a Aljazeera também.

Que o mundo árabe represente os interesses do seu povo e que possamos dialogar, seja pelas redes sociais, pelo mundo fantástico da internet ou pessoalmente, sem intérpretes, mas com o mesmo olhar de esperança de que os interesses de cada um de nós seja respeitado. E esse olhar é universal. Não exige tradução.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O MUNDO DO COLETIVO MASSIFICADOR

Ainda bem que no mundo ainda resta uma certa diversidade. Diversidade de comportamentos, de opções e de visões de mundo.

Ainda bem que a massificação do pensamento único e eugenista não atingiu a todos.

Ainda bem que podemos ousar falar o diferente, mesmo parecendo estranhos à maioria.

O ditado chinês de que a mentira pode enganar a muitos por todo o tempo e a todos por certo tempo, mas nunca a todos por todo o tempo parece ser a mais pura verdade. Hoje, sabemos a massificação que vivemos com a publicidade geopolítica do cinema comercial, com os enlatados e os valores que apresenta da vida estadunidense e ocidental, com as grandes agências noticiosas repetindo sempre o mesmo discurso: Chavez é um “retrógado”, o Irã é uma “ameaça nuclear”, os israelenses são “vítimas dos palestinos armados até os dentes”, os Estados Unidos querem a “paz” mundial. Ora, é só abrir os olhos para ver que não é bem assim, aliás, não é nada assim.

As informações que recebemos, e são muitas, nem sempre são fidedignas. Há sempre valores por detrás de cada frase. Quem diria que a internet, que servia de abrigo aos americanos na briga com os soviéticos, tornar-se-ia uma das maiores aliadas à democracia do pensamento? Graças a ela temos condições de ler e ver as notícias dos países de origem, sem precisar passar pelo filtro perigoso das agências de notícias. Podemos conhecer o pensamento de parte da população de um país e descobrir o universo, ainda que limitado ao mundo virtual.

Enquanto isso, vivemos em um mundo fático repleto de perfeições, não de contradições. Queremos ser belos, e para ser belo só há uma opção, seguir a orientação da moda que a mídia nos apresenta. Devemos ser padronizados, como se fossemos produzidos em uma linha de produção massiva, como na era dos veículos Ford há exatos 100 anos.

Vivemos em mundo de aparente perfeição de saúde, onde ser saudável significa seguir a orientação nada segura trazida pela mídia ligada a interesses das indústrias farmacêuticas e de grandes organizações industriais. A alma como componente importante da energia do corpo é esquecida, afinal vivemos em um mundo material, extremamente preocupado com o consumo, a aparência e o conceito de beleza exterior.

A alma, quando tratada pela mídia, revela a intenção de adequá-la aos interesses corporativistas, trazendo-a em formatos de livros de auto-ajuda ou como forma de progredir na carreira, não como indivíduo.

O indivíduo apenas é valorizado como consumidor e produtor, de forma coletiva e oportunista aos grandes interesses corporativos, portanto. Não há preocupação com o crescimento espiritual individual. Embora o mundo seja individualista, o é na forma competitiva, mas não no crescimento único de cada um.

Este é o momento que vivemos, mas ainda podemos ousar fazer diferente. Podemos nos manifestar e agir de forma diversa. E que tal começarmos ainda hoje, para que não corramos o risco de nos vermos massificados dentro de segundos, ainda que não percebamos?

O espírito de liberdade que ainda alguns ousam carregar consigo exigem essa expressão e manifestação, como firmamento da alma diversa que cada um carrega consigo, ainda que não perceba.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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