O que acontece na Líbia é reprovável. Um ditador que se diz de esquerda e mata o seu povo nada mais é que um carrasco do mesmo tamanho moral insignificante daqueles de extrema direita, como Mussolini, Hitler e outros, igualando-se em pequeneza de dignidade ao soviético Stalin, que também matou muitos do seu próprio país.
Esses vilões em nada se diferem. Sentem-se como Deuses, como verdadeiros escolhidos, esquecendo-se de que a sua missão se reserva a praticar a vontade do povo, visando sempre o interesse desse e jamais o pessoal. A frieza desses líderes não é aliviada pela honra do passado, mas serve para demonstrar como o poder foi capaz de corrompê-los e de torná-los tão vis quanto aqueles que repudiavam, tão monstros quanto.
Se no passado havia um brilho na condução política de Kadafi, agora ele demonstra que usufruiu dos poderes, mas não deseja repartí-lo com o povo, numa atitude que não tem nada de digna. E usando da força para perpetuar-se no comando do país, apenas demonstra a frágil moralidade que o norteia.
Sou de esquerda, mas não posso pactuar com um genocídio como o comandado pelo Coronel Kadafi, justo contra aqueles que comanda. Um mundo árabe livre dos déspotas é o sonho de todos os árabes. Um mundo livre dos déspotas é o sonho de todos neste planeta. Que sejamos livres e que o povo líbio também alcance a dignidade de eleger os seus governantes e do poder de tirar do comando aqueles que não merecem a sua confiança.
Viva a Revolução árabe, que começou silenciosa e hoje espalha-se por todo o Oriente Médio, capaz de energizar o ocidente e de nos fazer crer que a globalização não nos tornou frígidos, não nos calou nem retirou a sensibilidade de questionar.