foto: Euclydes da Cunha
terça-feira, 30 de junho de 2009
Euclides da Cunha está vivo
foto: Euclydes da Cunha
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Uma luta invisível
25/06/2009
Dos povos oprimidos, a população do Saara Ocidental talvez seja a mais esquecida do planeta. Poucos sabem que esse país do noroeste da África está ocupado desde 1882. Primeiro, pela Espanha. E, a partir de 1975, pelo Marrocos, que aproveitou a saída das tropas coloniais para impor seu domínio sobre o território saarauí, rico em fosfato, pesca e petróleo. Desde então, os saarauís, reunidos politicamente e militarmente na Frente Polisario, lutam contra as forças marroquinas – apoiadas atualmente pela França –, pela realização de um referendo sobre sua independência e, até, contra um muro de 2.500 quilômetros de extensão. Leia, a seguir, trechos da entrevista com Emiliano Gómez López, presidente da Associação Uruguaia de Amizade com a República Árabe Saarauí Democrática (RASD), que visitou por diversas vezes a nação africana.
Brasil de Fato – O que é a Frente Polisario?
Provavelmente, com a ajuda financeira dos EUA, França...
Nesses acordos de 1991, além da realização do referendo, quais eram as bases dele?
Como é a economia do Saara Ocidental?
domingo, 28 de junho de 2009
MAUS TRATOS A PALESTINOS NO LÍBANO
23/6/2009
Campos de refugiados
Human Rights Watch denuncia maus tratos a palestinos no Líbano
Campo de Nahr El Bared, no Líbano, em 1948
Por Carolina Montenegro, em Beirute*
sábado, 27 de junho de 2009
PARAGUAI PRENDE HOMEM FORTE DA OPERAÇÃO CONDOR
foto: Alertnet
26/06/2009
Daniel Cassol, Paraguai
Aos 86 anos, Sabino Augusto Montanaro, ministro do Interior entre os anos de 1967 e 1989 da ditadura de Alfredo Stroessner, recebeu nesta quarta-feira (24) o destino desejado por familiares de vítimas da repressão desde sua chegada ao país: a penitenciária de Tacumbú, localizada em Asunción. A Corte Suprema de Justiça, no entanto, deve decidir hoje se concede ou não habeas corpus ao “homem forte” do ditador Stroessner.
Exilado em Honduras desde 1989, Montanaro voltou ao Paraguai no dia 1º de maio deste ano, provocando uma série de mobilizações para a sua condenação. Nos últimos dias, após receber alta do hospital, sua casa na região central de Asunción teve as grades cobertas com tapumes e passou a ser vigiada por seguranças privados, reforçando suspeitas de que ele iria ser deslocado para sua residência.
Nesta quarta-feira, porém, Montanaro foi preso preventivamente na penitenciária de Tacumbú. Os diretores da instituição penitenciária prometem não dar privilégios ao preso número 3.073, que chegou ao local sobre os gritos de “assassino” por familiares de vítimas da ditadura, que exigiam sua prisão desde sua chegada ao país.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
UMA CHANCE PARA A CIDADANIA
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Meninas na rota da prostituição
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A exploração sexual infantojuvenil não dá tréguas e deixa suas tristes marcas pelas rodovias do País. Na Régis Bittencourt, A BR-116, que liga São Paulo ao Paraná, não é diferente. Por míseros trocados, crianças e adolescentes vendem o corpo. Ficam paradas nos postos, entre os caminhões, ou no acostamento.
Como estava Fernanda (nome fictício), próximo ao Km 372, altura do município de Miracatu. Ao ver um carro parado do outro lado da pista, atravessou correndo. "Cobro R$ 10,00". O olhar parado, quase perdido, denunciava que a menina estava sob efeito de drogas. "Tenho 17 anos". Não aparentava mais do que 15.
Fazia muito frio naquela noite de quarta-feira. Magrinha e baixinha, usava minissaia, camiseta, uma jaqueta fina e uma touca. Nos pés, chinelos. Fernanda é nova de idade mas experiente quando o assunto é estrada. "Estou aqui desde os 12". A inocência perdida no dia a dia de uma vida sem perspectivas fica clara quando a jovem explica ao que o cliente terá direito se topar o programa. "Uma chupetinha e uma transada".
Fernanda podia ser sua irmã caçula, sua sobrinha, sua filha. Fernanda deveria ter direito a uma vida de sonhos. Só que não. Por razões tão diversas quanto injustas, tornou-se vítima de um crime. Porque quem paga para fazer sexo com ela está sujeito a sofrer punições, como prevê o artigo 244A do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Pena de 4 a 10 anos de reclusão "a todo aquele que submeter a criança e o adolescente à prática sexual".
Um detalhe estarrecedor: Fernanda não se reconhece como vítima. "Não tem perigo, já estou acostumada".
Nesse universo repugnante ela está longe de ser a única. Mapeamento feito em 2007 pela Polícia Rodoviária Federal com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nas rodovias federais e publicado no ano passado mostra um número impressionante: 1.819 pontos de vulnerabilidade relacionados à exploração sexual infanto-juvenil. Só no Estado de São Paulo são mais de 400.
No Vale do Ribeira, justamente às margens da Régis Bittencourt, foram destacados 44. São bares, postos de combustíveis, motéis, restaurantes, boates que ficam em áreas urbanas ou rurais, seja na beira da estrada ou dentro das comunidades de cidades como Miracatu, Juquiá, Registro, Jacupiranga, Cajati.
PACTO DO SILÊNCIO
E foi em Jacupiranga, exata- mente num desses lugares apontados pelo levantamento, Km 479, que a equipe de A Tribuna flagrou, em dois momentos de um mesmo dia, ce- nas com indícios de comércio sexual infantil. Na primeira, à tarde, uma menina, ao ver três caminhões chegando, correu para o pátio. Depois de alguns minutos e uma rápida conversa, se encaminhou para a lanchonete com os motoristas. No início da madrugada, eram duas. Uma, parada em frente a um veículo. A outra, conversando com um caminhoneiro.
Ao contrário do que aconteceu com Fernanda, foi impossível qualquer tipo de aproximação com essas jovens. No posto de combustível desativado, existe um amplo espaço, que funciona como estacionamento para caminhões. Fica a uns 200 metros do restaurante, de uma farmácia e dos sanitários. Ao lado, existe uma espécie de oficina. Apesar disso, o movimento ali era fraco. De acordo com o balconista da farmácia, há pelo menos três anos o local deixou de vender combustível.
O fato de estarmos com um carro sem a identificação de imprensa não foi o suficiente para passarmos despercebidos nas duas vezes em que estivemos no posto.
Sob olhares desconfiados dos funcionários do tal restaurante e farmácia, era arriscado tocar no assunto com estranhos. Em muitas situações, como confirmouAnália Belisa Ribeiro, coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo (Sejuc), o aliciador está por perto dessa adolescente. "O dinheiro que ela ganha é dividido, no mínimo, por três: para ela, família e aliciador".
Portanto, a máquina do repórter fotográfico Davi Ribeiro permaneceu dentro do veículo e, sem usar o flash, ele teve de recorrer à luz que saía do farol para capturar as imagens e contar com a habilidade do motorista Clineu Ferreira Júnior, que precisava ser rápido para não despertar (ainda) mais a atenção.
Ao longo de mais de mil quilômetros que rodamos durante o final de semana e numa quarta-feira à noite, pela Régis Bittencourt em diferentes horários, estivemos em diversos desses pontos marcados. Não é fácil encontrar alguém disposto a falar ou a comentar a questão da exploração sexual infantil. Sob o pacto do silêncio, poucos se dispõem a conversar. "Eu sei que aqui não tem", desconversa um frentista de um posto de marca famosa.
QUESTÃO DE ESTRUTURA
O que acontece, então, é que essas jovens em situação de risco vão para locais que podemos chamar, tranquilamente, de facilitadores para esse tipo de crime. São postos, estacionamentos e oficinas mecânicas que viram alvo da prostituição por conta do aspecto de abandono. Aquele mesmo funcionário desconfiado do ponto vulnerável da região da Jacupiranga fez uma espécie de radiografia. "Nos postos maiores os caminhões são cadastrados pelas empresas para que os motoristas possam passar a noite. Nos outros, estaciona quem quer". Isso fica evidente quando se observam as diferenças estruturais. Iluminados, com instalações para banhos, restaurantes melhores.
A presença de seguranças particulares também inibe a prática criminosa. Muitos profissionais acabam sendo atraídos por essa sensação de proteção transmitida por esses lugares, que ficam, realmente, lotados durante a madrugada. Bem diferente dosoutros cenários. "Prefiro os postos grandes, mas hoje cheguei tarde e tive que parar aqui. Fico de olho e longe dessas meninas", relata um caminhoneiro de Bagé, no Rio Grande do Sul. "Elas chegam e se oferecem", afirma ao lado do seu veículo, parado em um estacionamento escuro, sem qualquer infraestrutura.
De Carlos da Nóbrega, também no Rio Grande do Sul, outro motorista de carga fala: "Onde tem essas meninas tem ladrão, roubo de carga, assalto. Eu não paro".
Não bastassem vítimas, muitas delas são usadas como instrumentos para práticas criminosas. "Existe um associação muito grande com o tráfico de drogas e a questão do roubo de carga. E a própria família estimula a permanência dela para poder ter um resultado financeiro melhor", confirma Anália.
SONHO INTERROMPIDO
Não é fácil retomar uma vida cuja base está longe de ser sólida. Por isso, muitas meninas, mesmo quando retiradas da prostituição, acabam voltando. "Essa menina não vê horizonte. Qual é o seu sonho? Muitas não têm sonho. A visão é limitada com o dia de amanhã", lamenta Yuri Giuseppe Castiglione, promotor de Justiça da Infância e Juventude e integrante do grupo de enfrentamento ao tráfico de seres humanos e exploração sexual de crianças e adolescentes do Ministério Público do Estado de São Paulo.
Conselheiro tutelar em Miracatu, João Batista Tosta conhece bem essa realidade. Tanto que ao ser informado sobre o caso de Fernanda, a jovem do início dessa matéria, contou sua lamentável história. A menina quando foi abordada pela equipe de A Tribuna revelou seu nome verdadeiro já foi retirada da beira da estrada dez vezes (isso mesmo). Seu último recolhimento aconteceu no dia 30 de maio, sendo encaminhada para a promotoria da infância e juventude de Registro, seu município de origem. "Ela é usuária de drogas e já fugiu de uma clínica. Possui um histórico bem complicado, não tem família e tinha um senhor que a ajudava. De vez em quando, pede ajuda, comida, roupas, porque chega em um estado lastimável", informa o conselheiro tutelar.
João confirma sua idade: 15 anos. "Ela nos relatou fazer programas por R$ 1,00 para comprar drogas. Certa vez, foi jogada, com o caminhão em movimento, para a estrada. Ficou toda machucada e precisou ser internada".
No caso dessas jovens, especificamente, o fato de ser vítima acaba atrapalhando e dificultando que ela receba ajuda. "Ela não é autora de um ato infracional. Se fosse, o juiz poderia determinar sua internação em um estabelecimento adequado. Na verdade ela é a vítima, e a forma de abordagem, as medidas legais existentes para o tratamento da vítima são aplicação de medidas protetivas. Acompanhamento psicológico e da família para buscar conscientizar. A grande dificuldade é situação de miserabilidade".
A lista de apoios a que essa adolescente teria de contar para não interromper sua juventude é grande: família, políticas públicas, educação, emprego, cursos. Não é somente fora de casa que os acessos são limitados. No núcleo familiar, a adolescente encontra sua primeira barreira. "Muitas mães não estão nem aí". É uma situação bem difícil de lidar, relata Ligiane Santana, conselheira Municipal de Jacupiranga.
A coordenadora do Sejuc, Anália Belisa Ribeiro, acredita que a prevenção seja o grande vetor, a grande alavanca para mudança. Claro que aliada à assistência e ao monitoramento dessas vítimas e das famílias. "As famílias são vulneráveis também. Quando a gente fala de família tem que entender que família é essa, que não tem uma estrutura como a que conhecemos".
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Agualusa: Brasil deve fazer mais pelo português
Escritor angolano diz à Rádio ONU que o maior país de língua portuguesa não promove o idioma como deveria; ele participou, nesta terça-feira, de um seminário no Parlamento em Lisboa sobre internacionalização da língua.
A declaração foi dada à Rádio ONU nesta terça-feira, antes da participação dele num seminário sobre o idioma na Assembleia da República em Lisboa.
Promoção do Idioma
De acordo com o escritor angolano, o Brasil deveria seguir o exemplo de Portugal na difusão da língua. No ano passado, o Parlamento do país aprovou uma política de promoção do idioma no mundo.
A iniciativa foi depois endossada pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp. Mas de acordo com Agualusa, o Brasil ainda não se deu conta da relação entre língua e poder político na hora de divulgar o seu próprio idioma.
Traduções
"O Brasil não está a fazer o que Portugal está a fazer, por exemplo. Portugal tem o Instituto Camões cujo objetivo é exatamente o de promover a língua portuguesa no mundo e o Brasil não tem nada equivalente. O Brasil, por exemplo, não dá apoio às traduções de seus autores no estrangeiro. Portugal tem uma política eficiente de apoiar tradução, apoiando inclusive autores africanos também e o Brasil não tem esta política. De vez em quando, a Biblioteca Nacional apoia uma ou outra tradução, mas não há uma política definida. O Brasil tem que fazer isso. O Brasil tem que entender que a cultura traz muito dinheiro ao país. A Música Popular Brasileira hoje está trazendo muito dinheiro ao país através do turismo, por exemplo. A literatura brasileira também. Então o Brasil tem que compreender isso. Tem que compreender que sua afirmação no mundo passa também pela afirmação da língua portuguesa e tem que criar estruturas de promoção da língua e tem que começar a apoiar seus escritores, seus cantores e seus músicos", afirmou.
Comunidade Diplomática
O seminário sobre Internacionalização da Língua Portuguesa reuniu além do autor angolano, representantes da comunidade diplomática, especialistas e os ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Luís Amado, e da Cultura, José António Pinto Ribeiro.
O papel do português nas Nações Unidas também foi tema de uma das apresentações realizada pela encarregada da editoria de Português no Centro de Informação da ONU em Bruxelas, Mafalda Tello.
*Foto: Jorge Simão. Site Agualusa.Info
terça-feira, 23 de junho de 2009
Escritora analisa o resultado das eleições no Irã
Kathleen McCaul - Al Jazeera
Azar Nafisi é mais conhecida como autora do Reading Lolita in Tehran: A Memoir in Books [algo como: “Lendo Lolita em Teerã: uma autobiografia nos livros”], um retrato sempre angustiante de como a Revolução Islâmica no Irã afetou uma professora e seus estudantes. Seu novo livro, Things I've Been Silent About [“Coisas que tenho silenciado”], é um livro de memórias sobre como foi ter crescido contra o pano de fundo da revolução política iraniana.Ela é professora visitante e diretora executiva das Cultural Conversations no Instituto de Política Externa da Faculdade de Estudos Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins em Washington DC. Nafisi é professora de estética, cultura e literatura, e dá cursos sobre a relação entre cultura e política. A Al Jazeera conversou com ela sobre as recentes eleições no Irã. Al Jazeera – O que acaba de acontecer no Irã?Azar Nafisi – Bem, o que acaba de acontecer no Irã é a continuação do que vem acontecendo há trinta anos. O povo iraniano levantou oposição e usou um espaço aberto para expressar o que quer. Eles votaram não apenas contra [o presidente Mahmoud] Ahmadinejad, mas pelo que defendem. AJ – Mas parece que Ahmadinejad ganhou com uma esmagadora maioria.AN – Mas o mais impressionante é que tanta gente vá às ruas para demonstrar e protestar e tornar seus desejos conhecidos. Isso é ótimo porque desfaz o mito de que no o povo iraniano aprova as leis extremistas sobre eles imposta pelo regime islâmico. Em qualquer sociedade há extremistas. Sempre haverá pessoas apoiando aqueles como Ahmadinejad, assim como muitos estadunidenses apoiaram o Senhor Bush ou os cristãos fundamentalistas. Mas isso não significa que o povo iraniano prefira uma teocracia a um país pluralista com liberdade religiosa e de expressão para todos. Nos seus slogans e pedidos durante as eleições eles queriam liberdade e democracia e repudiaram as leis repressivas. Mas tão importante quanto isso é o fato de que muita gente da elite dominante no Irã estão entendendo que não podem comandar a sociedade do jeito que diziam que podiam. Um bom exemplo é o próprio Senhor Mousavi. Para vencer, Mousavi assumiu alguns slogans progressistas, contra os quais ele já tinha lutado. Eu estava lá no começo da Revolução Islãmica, quando ele foi Primeiro Ministro, e implementou muitas das medidas repressivas que agora denuncia. Eu (assim como muitos outros) saí da universidade que Mousavi ajudou a fechar, como parte da Revolução Cultural. O fato de Mousavi ou Karoobi escolherem falar de liberdade e direitos humanos mostra em que medida o regime está afetado pela resistência do povo iraniano. Eu penso que esses são pontos importantes a respeito das eleições e não apenas quem venceu e quem perdeu.AJ – Mas você não acha que o resultado dessas eleições, a eleição da linha dura de Ahmadinejad contra Mousavi, reformista, sugere que a maioria dos iranianos quer que sua teocracia continue?AN – Para mim, eleições num país como o Irã não tem o mesmo significado que em países como os Estados Unidos. Nós dificilmente temos escolha em quem votar, de qualquer forma. Também não houve um só observador internacional. Um número razoável de pessoas não pode sequer ler no Irã e votará em Ahmadinejad. Eu admito que posso estar enganada, mas para mim o verdadeiro critério de avaliação não é o número de votos. O verdadeiro critério está nas plataformas que os candidatos usam para vencer. Foi realmente impressionante e interessante ver o que Mousavi escolheu como plataforma para ganhar. Ele não fez campanha apenas contra Ahmadinejad, mas contra os próprios fundamentos da República Islãmica. O fato de que Mousavi tenha posto sua carreira política em risco para defender essas posições indica que um número considerável de pessoas não quer o que existe agora. AJ – Então você, enquanto liberal, está otimista com o resultado dessas eleições?AN – Sim, sem dúvida – quer dizer -, não otimista, mas esperançosa. Eu vivi 18 anos com a República Islãmica – nos piores anos. O que me deu esperança foi o modo como essa sociedade não-violenta resistiu ao poder oficial. E não tenho qualquer razão para mudar essa perspectiva. Mas o povo iraniano votou nesse poder oficial – eles votaram na República Islãmica. Agora votaram num presidente ortodoxo. Um dos problemas das revoluções é que são um período de grande agitação mas também de grande confusão. Isso sempre me preocupa. As pessoas estão muito certas do que não querem, mas não muito do que querem. Quando o povo votou pela república islâmica não sabia em quê estava votando. A J – Os resultados dessas eleições pegaram o mundo de surpresa. A mídia internacional fracassou na percepção dos assuntos e sentimentos dos iranianos?AN – Sim! Isso é o que me fascina toda vez que venho aos EUA. Quando eu escrevi sobre os estudantes lendo Lolita em Teerã fui acusada de dizer que a literatura ocidental é maior. Não era isso o que eu estava dizendo. O que eu estava dizendo era que as pessoas no Irã estavam tomando e analisando e vendo esse texto à sua própria maneira – de uma maneira que o Ocidente não faz. O quadro homogêneo pintado extremamente apresentado, em que a maioria das pessoas no Irã acreditam no islamismo ortodoxo não é verdadeira. O Irã é um país de diferentes minorias étnicas e de diferentes religiões. Muitas das minorias têm sido oprimidas pelo regime. Isso não é o islamismo – é um estado usando o Islã para ter poder e nós precisamos acabar com essa mentira. AJ – Você tem falado e escrito sobre a importância da literatura e da cultura na luta pelos direitos humanos e liberdades no Irã e ao redor do mundo, mas será que a arte, a cultura e a literatura serão algum dia mais poderosas que a religião? É suficiente começar uma revolução?AN – Se você observa isso no longo prazo, sim, serão. Eu nunca esqueço que Paul Ricoeur, o filósofo, veio falar no Irã. Ele tinha 80 anos mas foi tratado como Bon Jovi.Em determinada altura, o Ministro para Orientação Islãmica disse a Ricoeur: “Pessoas como nós [políticos] vamos desaparecer, mas vocês, o povo, vai permanecer”. Isso sempre fica na minha lembrança. Nós não lembramos do rei da Pérsia No século XIV; tempo do poeta Hafiz; nós lembramos de Hafiz. AJ – Você trabalha para a Universidade John Hopkins como diretora executiva de conversações culturais. Como essa eleição influenciará as conversações do Irã com o resto do mundo?AN – Parte disso depende do resto do mundo – como escolherá conversar com o Irã. O governo dos EUA é muitas vezes tolo nas suas respostas ao Irã. Para eles, apoiar os direitos humanos se traduz em dar dinheiro a vários grupos e indivíduos e em ter um tratamento hostil com o país. Mas o ponto é não agir por trás de indivíduo algum, mas dar voz ao povo. Shirin Ebadi, a advogada vencedora do Nobel, é alguém cuja confiança no Irã não é posta em questão. A mídia deveria dar-lhe mais espaço do que a Ahmadinejad. Eu penso que Barack Obama deveria reconhecer que o povo iraniano tem uma história, uma cultura e aspirações que diferem do que diz o regime [de Ahmadinejad].AJ – Seu último livro trata de um grupo de mulheres vivendo em Teerã e você tem conduzido muitos workshops para promover a atuação das mulheres na luta pelos direitos humanos e a cultura. O que o resutlado dessas eleições dizem a respeito da mulher hoje?AN- Eu acho que as mulheres do Irã têm se tornado os canários do espírito. Se você quer medir o quanto uma sociedade é livre, observe as suas mulheres. As mulheres iranianas trabalharam verdadeiramente por sua liberdade nessas eleições. Veja a sua campanha pelas assinaturas – elas escolheram uma campanha não-violenta para educar as pessoas dentro e fora do país a respeito das leis repressivas do seu país. Elas desempenharam um papel importante no último século trazendo para a disputa política uma revolução constitutional. No começo deste século, elas jogarão um papel central na mudança da sociedade em direção a sua abertura. Tradução: Katarina Peixoto
segunda-feira, 22 de junho de 2009
IRÃ: ATUALIDADE E ANTIGUIDADE
domingo, 21 de junho de 2009
A ACEITAÇÃO DA VIDA
Talvez a própria vida torne-se sem sentido.
Talvez não tenhamos motivação para viver.
Mas já pensou que talvez a vida não seja só isso?
_________________________
A vida é algo repleto de infinitudes e possibilidades.
sábado, 20 de junho de 2009
PARQUES NACIONAIS
sexta-feira, 19 de junho de 2009
OS EUA E A SUA DIREITA TERRORISTA
por ARGEMIRO FERREIRA - jornalista (escreve para o jornal Tribuna da Imprensa do Rio de Janeiro) e escritor (autor dos livros Informação e Dominação, Caça às Bruxas – Macartismo: Uma Tragédia Americana, O Império Contra-Ataca – As guerras de George W. Bush antes e depois do 11 de setembro).
Em abril a secretária de Segurança Interna dos EUA, Janet Napolitano, divulgou o extenso relatório de seu departamento (DHS, Homeland Security) sobre a ameaça do extremismo de direita no país. Foi ridicularizada pelo império Murdoch de mídia, Fox News à frente. Apesar da reação inicial, a advertência é afinal levada a sério depois de dois ataques extremistas – que podem ainda dividir o jornalismo da Fox.
Aparentemente os excessos dos talk shows de Murdoch preocupam também alguns jornalistas da casa. A vítima do primeiro dos ataques terroristas, em maio, foi o médico de uma clínica de aborto do Kansas, George Tiller, assassinado por um fanático da direita religiosa (saiba mais AQUI). No segundo, a 10 de junho, um extremista defensor da supremacia branca, James W. von Brunn, atacou o museu do Holocausto, na capital dos EUA, e matou um segurança a tiros (leia AQUI).
Em razão disso veio ainda a reação inesperada dentro da própria Fox de Murdoch. O jornalista Shepard Smith (saiba mais AQUI), que apresenta de Nova York o noticiário Studio B, e a correspondente Catherine Harridge, que cobre o Pentágono e assuntos de segurança nacional, disseram que a morte do dr. Tiller e o ataque de James W. von Brunn ao museu do Holocausto davam relevância maior ao relatório do DHS.
A preocupação das autoridades do DHS, a começar pela secretária Napolitano, é compreensível. A partir do 11/9 a obsessão do país tinha passado a ser o extremismo muçulmano mas antes disso os terroristas mais ativos estavam na direita – entre eles milicianos brancos motivados pela supremacia racial e o fundamentalismo cristão obscurantista, na linha de Osama Bin Laden.
Tratar com leviandade a morte de dr. Tiller e o ataque ao museu em Washington é um risco, como perceberam Smith e Herridge. Os bandos de direita talvez prefiram ser tratados como piada, mas são reais. Mais sensato é não subestimá-los. Até porque, com base naquele alerta do DHS, o grupo Liberty Counsel (conheça-o AQUI) já pede doações pela internet e oferece carteiras especiais aos que se orgulham de ser “extremista de direita” – para enfrentar o DHS.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
A QUEM INTERESSA O FIM DO DIPLOMA DE JORNALISTA?
quarta-feira, 17 de junho de 2009
terça-feira, 16 de junho de 2009
TRANSEXUAL FEMININO CONSEGUE ALTERAR NOME SEM CIRURGIA
“Em relação ao procedimento cirúrgico de transgenitalização é providência de cunho essencialmente íntimo, a ser realizado quando quiser. A inexistência desse procedimento (...) não implica em impossibilidade de retificação do registro civil, diante do quadro real e psicológico que vivencia”, afirmou a Juíza de Direito Rossana Teresa Curioni Mergulhão, que proferiu a sentença.
A decisão baseou-se nos argumentos da defensora pública Márcia Rossi Coraini de que “a finalidade do nome é o conhecimento e individualização de uma pessoa no meio em que vive”, que o “registro público tem que manter relação direta com aquele aceito socialmente” e que a alteração pode ser feita naqueles casos em que a pessoa possua nome capaz de expor ao ridículo.
No caso o transexual foi registrado como sendo do sexo feminino, mas desde a mais tenra idade possui identidade psicológica masculina e é reconhecido no meio social como sendo do sexo masculino, sentindo-se constrangido quando seu nome é revelado em lugares públicos. O transexual, de 29 anos, se submeteu na adolescência a tratamento hormonal e cirúrgico para retirada de mamas e vive há mais de três anos em companhia de uma mulher e seus filhos.
A ação foi proposta em fevereiro de 2008 e o pedido foi julgado procedente em fevereiro deste ano. A ação tramitou na 1ª Vara Cível da Comarca de Bauru
segunda-feira, 15 de junho de 2009
UM POUCO SOBRE EUCLYDES DA CUNHA
http://www.youtube.com/watch?v=FbuddDK-2QY
domingo, 14 de junho de 2009
UM POUCO SOBRE JOÃO GOULART
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Para refletir:
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.
Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.
O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.
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