Quando falamos em
nacionalismo, a nossa mente nos remete aos anos Vargas, em que a Bandeira e o
Hino eram prestigiados, mas não só. Mesmo naqueles anos, alguns de ditadura
civil, houve o início do reconhecimento de direitos dos trabalhadores urbanos e
às mulheres que passaram, então, a poder votar. Houve a instituição do concurso
público para o ingresso no serviço público, prestigiando a transparência e
igualdade, sem privilégios a parentes ou membros dos partidos dominantes.
Também foi nos diversos governos Vargas que a industrialização tomou forma e
foi implementada, permitindo o engrandecimento do Brasil que ocorreria por 50
anos seguidos, de 1930 a 1980, como o maior do mundo, mesmo se equiparado hoje
ao da gigante China. Foi com Vargas que a música, o teatro e o cinema
brasileiros começaram a se despontar e alcançar o mundo. Embora polêmico em
questões indígenas, foi Vargas quem convenceu todos os países do continente
americano a instituírem o dia do Índio (19 de abril). O nacionalismo de Vargas
deu forma ao Estado brasileiro, incluiu minorias e promoveu o maior crescimento
da história brasileira e também mundial.
Foi graças a ele que o
Brasil foi e ainda é visto como um gigante em potencial, merecendo ser chamado
de China das Américas por diversos governos estadunidenses no século passado.
Vargas desagradou os
extremistas, de direita e de esquerda, que se opunham a ele com veemência.
Vargas era nacionalista e pragmático, não se importando com denominações que
lhes eram impostas. Quando percebia que algum membro de esquerda ou de direita
era inteligente e competente, o chamava a integrar o governo.
O crescimento do Brasil
industrializado e a inclusão de grupos marginalizados incomodava a extrema
direita, que, através da UDN e de setores ultraconservadores, planejaram
seguidos golpes políticos.
Em 1954, prevendo um
golpe, Vargas pratica suicídio, evitando que a extrema direita se apoderasse do
poder. Seu herdeiro político, João Goulart, viria a ocupar a presidência em
1961, mas seria destituído por um golpe civil-militar em 1964.
E é a partir da tomada de
poder pelos militares que o conceito de nacionalismo foi adulterado, tentando-se
criar a imagem de que as Forças Armadas eram a essência de um nacionalismo
brasileiro e centro de proteção dos interesses da população brasileira.
Salvo Geisel,
nacionalista que tentou promover o crescimento econômico com uma política
planejada, e que foi levado a se afastar dos Estados Unidos, os demais presidentes
militares não primavam pelos interesses propriamente brasileiros, confundindo
ideologia política com submissão aos interesses dos Estados Unidos.
Hoje, os que se auto intitulam
nacionalistas envergonham os grandes brasileiros que por cá já estiveram, desdenhando
do gigantesco número de mortos, de desempregados, de famintos e de comerciantes
quebrados. Na verdade, pouco se importam com o Brasil, primando apenas pelos seus interesses salariais e políticos.
O ex-militar que ocupa o
cargo de presidente brasileiro presta continência à bandeira dos Estados
Unidos, prega contra o nosso maior parceiro comercial (em compra e venda), a
China, não tem política econômica sólida e preside pensando tão somente na
reeleição em 2022, abandonando o Brasil à sorte dos interesses de grupos
poderosos e de potências rivais.
Não há nacionalismo nas
atitudes do atual Sr. Presidente da República, mas entreguismo da pior espécie,
que envergonha a todos que efetivamente amam esse país.
Embora a esquerda
tradicionalmente associe os nacionalismos a movimentos de extrema direita, o
fato é que o Brasil jamais teve governos efetivamente preocupados com a
inclusão e Justiça sociais e desenvolvimento sólido econômico, salvo os
nacionalistas Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.
Mesmo Lula, que praticou um governo altivo em política externa e de forte inclusão social, não
promoveu uma política desenvolvimentista nacional, mas sim neoliberal, seguindo
os passos de Fernando Henrique Cardoso, segundo grande parte dos Economistas. O
resultado, com isso, é que o Brasil não cresce vertiginosamente desde 1980. Os
crescimentos são curtos e equivalem a pequenos voos de galinha.
As políticas neoliberais fracassaram em todo o planeta, inclusive no
Chile e o Brasil não pode, não deve e não tem o direito de seguir uma política
falida de 40 anos e que compromete o já tão sofrido Brasil e o seu povo. É necessário garantir futuro e esperança aos brasileiros, idosos, maduros ou infantes.
Mas o que o novo nacionalismo brasileiro tem a ver com o crescimento
econômico? Tudo, e também tem a ver com a inclusão social, o respeito às
minorias e o incentivo à educação crítica, tão necessária para um país que se pretende formado por mentes brilhantes.
O novo nacionalismo reconhece os elementos de formação do povo
brasileiro e sua diversidade e tem como uma de suas bandeiras o respeito e
fortalecimento de todas as minorias, como elementos necessários para a formação
do povo brasileiro.
O novo nacionalismo vê um Brasil grande não através dos números
econômicos ou do poder individual de consumo, mas da efetiva qualidade de vida
dos brasileiros, com moradia, lazer, saúde e educação de qualidades e acesso à
cultura.
O novo nacionalismo, como já anteviam os governos João Goulart (Brasil),
Brizola (Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro) e Darcy Ribeiro (Rio de Janeiro),
tem como base de formação o investimento e incentivo da formação educacional critica.
O novo nacionalismo é o desenvolvimentista, defendido no Projeto e Plano
de Governo de um dos candidatos à Presidência da República, Ciro Gomes.
Embora de língua afiada, Ciro Gomes, advogado e professor, é um político
conciliador que já ocupou cargos de destaque nos Poderes Executivo e Legislativo
e que foi Ministro da Economia, ajudando a criar o Plano Real no governo Itamar
Franco. Ciro, portanto, é hábil na fala, no conhecimento do país e em questão econômica.
Ciro Gomes entende que o Estado brasileiro tem um papel importante no
processo de desenvolvimento nacional, como promotor e alavancador educacional,
cultural e tecnológico e norteador econômico, mas que a iniciativa privada tem
os elementos necessários e ágeis para, a partir daí, assegurar o novo
crescimento contínuo brasileiro, que criará empregos e promoverá melhorias
salariais contínuas, ao lado de um Estado que, com garantia Constitucional a ser implementada, deve primar pelo zelo e investimento em cultura, educação,
tecnologia, de forma contínua, e também na necessária inclusão e Justiça social.
O novo nacionalismo desenvolvimentista é a opção aprimorada do
nacionalismo desenvolvimentista de Vargas e de JK para o futuro. O resto, como
sempre se viu, é a representação do Brasil do atraso, da inflação, das crises
econômicas, do desemprego e da fome.
A crítica cega ao nacionalismo,
qualificando-o genericamente como necessariamente um movimento de extrema
direita, é rasa e não provém somente da extrema esquerda, mas também dos
neoliberais, temerosos do crescimento vertiginoso da economia brasileira.
Esse novo nacionalismo,
desenvolvimentista, não é sectário, mas integrador e, ao contrário do que
primam os neoliberais, não é submisso aos interesses imperialistas, mas
libertador dessas amarras.
Somente uma política nacional
desenvolvimentista será capaz de olhar para as necessidades do povo brasileiro,
de todo o povo e, ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento econômico contínuo, acelerado e seguro que o Brasil tanto necessita e espera.