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Os Estadunidenses, ingleses e franceses atacaram alvos sírios durante a madrugada. Teriam sido lançados 105 mísseis, de navios e aviões, contra três localidades: Homs, Damasco e região ao sul de Damasco. A intenção, segundo dizem esses três países ocidentais, teria sido locais de fabrico e guarda de armas químicas.
O estranho é que na data de hoje, membros da OPAC - ONU - iriam a Damasco investigar a autoria do ataque químico. Os três países ocidentais não esperaram e lançaram essa ofensiva que deixou o mundo apreensivo.
Do total de mísseis lançados, 71 teriam sido derrubados pelo exército sírio. Ou seja, pouco mais de 30 teriam atingido alguns objetivos. Segundo fontes do governo sírio, apenas 3 civis restaram feridos. Não teria havido mortes. Obviamente o ataque não foi diminuto, mas está longe de ser devastador, para a sorte de toda a humanidade.
A questão que está em jogo é saber se foi jogo de cena de Trump; se a Rússia negociou nos bastidores para uma redução de danos; se os alvos dos ocidentais eram realmente, desde o início, apenas aqueles três pontos parcialmente destruídos; ou se realmente o exército sírio foi exitoso e conseguiu evitar danos maiores ao seu país e à sua população.
Enquanto o mundo se assusta com a beligerância de Trump e aliados, os turcos continuam invadindo o norte da síria; os curdos, com apoio de forças estadunidenses e francesas estacionadas na Síria continuam a se expandir e a ocupar uma enorme faixa ao norte e ao leste da Síria. Os radicais e terroristas, financiados, treinados e armados pelas grandes e médias potências de sempre (Estados Unidos, Inglaterra, Arábia Saudita, Catar, Kwait, Turquia) continuam a apavorar a população síria e a afugentá-los de suas casas.
O governo sírio tenta reagir em todos os cantos do país, mas enfrenta dificuldades, pois, embora lute com o apoio da Rússia e Irã, enfrenta diversos inimigos, a grande maioria de estrangeiros em seu país. Lá estão estadunidenses, franceses e turcos que lutam em território sírio e ainda apoiam opositores ao governo daquele país.
Allepo e Damasco, as maiores cidades sírias, continuam a ser bombardeadas pelos radicais ligadas a Al Qaeda e ao Daesh (Estado Islâmico).
A situação da Síria ainda está longe de ser resolvida e a paz, como visto, parece estar ainda distante.
A terra que serviu de partida para a expansão do Cristianismo, que foi o local de conversão de Saulo, que guarda vilas em que a língua oficial é a língua de Cristo (aramaico), que abriga um número gigantesco de etnias e religiões diversas, muitas desconhecidas dos ocidentais, e que serviu de capital para um iluminado império Árabe na idade média é ameaçada por uma guerra insana e recheada de interesses localizados das grandes e médias potências.
Lá o mundo revela toda a sua perversidade, onde os interesses econômicos e geopolíticos se sobrepõem ao respeito pelo humano, pela história e pelo sagrado. Lá, parte dos seres humanos revela a sua podridão, a sua falta de espiritualidade e o seu apego pelo poder e pelo o que ele necessita para se impor. Os terroristas mostram suas maldades. Os ocidentais manipulam, mas os seus atos revelam seus objetivos doentios.
Mas será lá, exatamente lá, que fará a humanidade se recordar do Caminho de Damasco, da visão de Paulo, das religiões que por lá passaram e se expandiram. É o contraponto ao presente, recheado de caos.
Vivemos um momento único, sem Messias, sem que as religiões preguem efetivamente o amor, mas será a terra de Damasco que tem o potencial para nos fazer enxergar a podridão do caminho seguido pela humanidade.
Que digamos não ao que vemos de insano e que repensemos as relações humanas. Podemos basear a nossa sociedade em questões como propriedade, consumo e poder?
Para os que odeiam as religiões e os religiosos, muitas vezes com razão, há que se ver que espiritualidade não se confunde com religião, mas com uma visão de mundo não baseada na relação e com a matéria e o prazer daí advindo. A espiritualidade busca outras fontes de prazer.
Que o novo caminho de Damasco possa trazer à humanidade a possibilidade de mudança de comportamento e de valores, assegurando às crianças que hoje povoam a terra um futuro de paz, sem beligerância, sem ódio, sem matança indiscriminada, sem escravidão, sem relações insanas de poderes.
Que a humanidade possa ver de perto os seus erros e rever valores. A guerra destrói, é certo, mas com ela vemos o que a humanidade está a produzir ou a destruir. Nos mostra o outro caminho.