segunda-feira, 30 de junho de 2008

MUSEU DA TELEVISÃO BRASILEIRA

A televisão é uma das maiores paixões brasileiras e símbolo, segundo alguns, do sistema capitalista, graças à fácil veiculação de publicidade.

A verdade é que muitos pais e mães utilizam a televisão como instrumento auxiliar na educação dos filhos. Há programas educativos e também muito lixo, e isso não é de hoje.
A tevê brasileira surgiu em 1950, graças à ousadia do mega-empresário das comunicações e proprietário da Tupi, Assis Chateaubriand, que, para concretizar seu sonho, teve que importar aparelhos televisores, então inexistentes no Brasil.
A memória da televisão que temos é relativamente pequena. Quem se destacou na frágil lembrança nacional foi o apresentador Chacrinha, idolatrado pelos críticos e criador de uma linguagem fantástica, ainda copiada por muitos. Um programa jornalístico marcante foi o "Repórter Esso", da antiga TV Excelsior. E foi essa rede de televisão, que se opôs de forma contundente ao golpe militar, que inaugurou no Brasil o que se chama de padrão de qualidade, com jornalismo, programas de auditório e telenovelas de primeira linha. Ainda na década de 60, por motivos políticos, foi abruptamente cassada e seus transmissores bloqueados. Os artistas? Largados à própria sorte, com o que se aproveitou a TV Globo, que hoje se diz criadora do "Padrão de Qualidade".
Você se lembra de algum outro detalhe relevante? Eu sei que teve alguns eventos políticos que ficaram marcados na TV, como a cobertura das Diretas-Já, mas a nossa preocupação com a história da tevê é falha e lastimável, beirando a negligência.
Uma das atrizes mais importantes da TV brasileira, Vida Alves, montou em sua casa uma espécie de museu da televisão ainda na década passada, com fotos, televisores e figurinos e fundou a Associação Pró TV. Algo modesto, mas que representava a vontade de que o surgimento da nossa televisão não fosse esquecida.
Para quem não sabe, Vida é uma artista de primeira. No auge dos seus 80 anos, não se cansa nunca e continua a trabalhar, agora somente no teatro. Criteriosa e preocupada com acertos gramaticas, teve a grande sorte de trabalhar com os maiores nomes da tevê e do teatro brasileiros. Ousada, foi a personagem do primeiro beijo na tevê tupiniquim.
Em um acerto com a prefeitura da Capital Paulista e a TV Cultura de São Paulo, a sempre bem humorada e falante atriz conseguiu apoio para inaugurar em um grande prédio, no antigo gasômetro da cidade, um museu com mais de 25 mil m2 destinado à Televisão Brasileira, cuja finalidade é promover palestras, exposições, pesquisas e publicações, além de preservar materiais produzidos e os próprios equipamentos de televisão.
A inauguração está prevista para hoje, dia 30 de junho. E aí, você não quer saber um pouco mais dessa paixão dos brasileiros? Vá lá fazer uma visita.
Ah, tem a página na internet. Dê uma olhada antes de comparecer: http://www.museudatv.com.br/

terça-feira, 24 de junho de 2008

CRÔNICA - MARCIANOS

por Cyro Saadeh*


Dizem que os seres humanos têm uma necessidade vital de saber se existe vida em outro planeta. Fico imaginando se pousasse um Disco Voador não necessariamente no Iraque, no Afeganistão ou no Sudão, mas nos Estados Unidos.

Do jeito que o pessoal de lá anda assustado e vive com medo, é possível que as Forças Armadas nada fracas ou ingênuas de lá exercessem o papel sempre apregoado de defesa em prol da liberdade e começasse atirando mísseis convencionais, para logo em seguida utilizar armas químicas e também as nucleares. Coitados dos marcianos. Se não tiverem um escudo anti-mísseis, seriam carbonizados antes mesmo de entrarem na atmosfera terrestre.

Caso não fossem dizimados e chegassem a pousar no planeta Terra, o que poderíamos oferecer a eles, pobres marcianos? Escravidão, compra da sua mão-de-obra, exploração econômica, bases militares em Marte, bombas nucleares, empregos sem normas trabalhistas protetivas, exploração sexual dos seus filhos, empresas cosmosnacionais (uma versão das empresas multinacionais para o cosmos), o império da língua inglesa na cosmosnet (internet mais universalizada, digamos, assim)?

Pensando bem, estão certos esses marcianos, que apenas frequentam o nosso imaginário e permanecem distantes fisicamente. Sorte a deles.
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* jornalista

segunda-feira, 23 de junho de 2008

AMAZÔNIA, UMA GUERRA SEM ARMAS

É incrível o interesse internacional pela Amazônia. Reduto de espécies ameaçadas de extinção, essa região não é a mais rica em biodiversidade, como atestam os biólogos, inclusive. Mas, infelizmente, a propaganda é de que a Amazônia é fonte de tudo e rica em tudo. De tudo não é, mas é farta em minérios e, dizem, no ouro preto, o petróleo. Além disso, possui relevância geopolítica, pois a sua região circunvizinha diversos países da América do Sul, onde há conflito, inclusive, como na Colômbia, entre as Farcs, o exército e os paramilitares.
Mas não é só isso. Há muitos anos os Estados Unidos demonstram interesse por aquela região. Logo após a independência, o Tio do Norte mandou uma expedição para cá. No século passado, a Ford, de origem e capital estadunidenses, mantinha uma cidade em plena floresta. Hoje, dizem, há estudos científicos produzidos pelos militares estadunidenses em plena floresta, com o aval expresso do governo federal, acerca de 10 anos.
Além disso, ONGs e pretensas seitas religiosas mantêm uma relação muito próxima com os indígenas, mas com qual propósito? O de preservar as tradições indígenas? Parece que não, já que os índios não criaram as religiões cristãs e nem tinham o hábito de falar francês ou inglês.
Os índios amazônicos, como quaisquer outros no nosso País, têm pleno direito a uma vida digna e a terem respeitados os seus costumes, hábitos e culturas. No entanto, há que sopesar-se atitudes pró-índios e os atos dissimulados na proteção daqueles.
Por outro lado, o agro-negócio e o setor madeireiro têm praticado ações de desmatamento, queima e degradação ilegal da floresta. O governo federal e os estaduais têm se calado frente a essa realidade que agride a todos nós, brasileiros. O Brasil e os brasileiros não têm feito a sua parte.
Assim como a Caatinga e Fernando de Noronha, a Amazônia é de todos os brasileiros, e que, por essa circunstância, se tornam responsáveis pela sua manutenção. Os interesses estrangeiros e especulativos têm que ser repudiados de imediato e cabe aos cidadãos exercer esse papel de defensores não apenas da natureza, mas do bem-estar coletivo, cobrando das autoridades determinadas atitudes.
Se os governos estrangeiros querem intervir no direito dos brasileiros explorarem a floresta, vedando qualquer atividade deste tipo, deveriam contribuir para tanto. Não há motivo para que um país que ainda abriga famintos, miseráveis, desempregados e pobres, ser compelido a abrir mão do direito de progresso industrial, como o alcançado pelos estadunidenses e europeus. Não se esqueça de que aqueles desmatavam o que viam pela frente e estes últimos conseguiram dizimar as suas florestas, restando hoje apenas 3% da área original.
Não podemos nos esquecer que em relação à Amazônia devemos sempre observar os seguintes interesses: o respeito ao meio-ambiente sadio; o da soberania nacional; o dos índios à dignidade; o da população local ao emprego digno; o da exploração equilibrada da floresta para o crescimento econômico brasileiro; e o das gerações futuras, que é viver. Sem radicalismos de um lado ou de outro, poderemos alcançar o equilíbrio necessário para preservar uma área que é tão cara a nós brasileiros e, ao mesmo tempo, fomentar a criação de empregos para os habitantes da região. Outros interesses apenas alcançam propósitos particulares ou estrangeiros e, por isso, devem ser recebidos com muita cautela.
No Iraque e no Afeganistão houve a invasão militar e forças de ocupação apoderaram-se das riquezas petrolíferas e de gás. No Brasil, dissimuladamente, estrangeiros vêm se apropriando de nossas terras e impondo condições, ao mesmo tempo em que ONGs e grupos religiosos pressionam os governos no sentido que lhes convêm. O Brasil, sem guerra, sem beligerância, vem perdendo o domínio sobre uma área tão importante. Não podemos permitir isso.

Não à internacionalização da Amazônia, assim como se diz não à internacionalização das armas nucleares, não às atitudes beligerantes e não ao imperialismo dissimulado de preocupação ambiental.

sábado, 21 de junho de 2008

A OMISSÃO NA PERIFERIA FICOU NO PASSADO?

por Cyro Saadeh*


Muitos especialistas afirmam que o crime organizado, como o tráfico de entorpecentes, conseguiu estabelecer-se na periferia, em especial na região das favelas, em razão da omissão estatal. De fato, durante a ditadura militar, a questão social ficou em segundo plano e não houve um planejamento estratégico de inclusão.

A ausência de escolas, de áreas de lazer e de postos de saúde nas favelas, levou os traficantes e outros criminosos a, espertamente, oferecer ajuda financeira, incluindo medicamentos, aos moradores e, assim, ganhou certa simpatia da comunidade. Enquanto os criminosos agiram em prol dos carentes, o Estado permaneceu inerte por muito tempo.

Hoje, uma parceria entre os Governos federal, estadual e municipal promete repassar 1,49 bilhão, grande parte vinda do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento, para investimento exclusivo nas favelas paulistanas, que somam mais de 1.600, com um total próximo de 1,5 milhões de moradores. É um número espantoso. O dinheiro, que não é muito se dividido pelo número de beneficiários, será utilizado em assistência médica e laboratorial, construção de moradias populares e implantação de uma Fatec.

O falecido Mário Covas havia iniciado um programa inteligente e revolucionário de implantação de órgãos públicos nos locais mais distantes, incluindo so Centros de Integração de Cidadania, há quinze anos. E esse projeto das 3 esferas de governo vem complementar o que já fora iniciado, mas é necessário mais. Mais dinheiro. Mais escolas. Ampliação do período de aulas, alcançando a integralidade. Transporte público. Construção de centros culturais, praças, parques e centros poliesportivos. É necessário levar a cidadania aos excluídos do mundo cultural, mercadológico e social em que vivemos.
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* jornalista

sexta-feira, 20 de junho de 2008

AS PRISÕES DURANTE O REGIME MILITAR

Recentemente pude ter o privilégio de conversar longamente com um ex-preso político; ex-presidente da Federação Nacional de Ferroviários, de 1959 a 1964; atual presidente do Fórum de ex-presos e ex-perseguidos políticos do Estado de São Paulo; e um dos fundadores da ALN - Ação de Libertação Nacional, em 1967, logo após ele e o Marighella saírem do Partido Comunista do Brasil, o Partidão. Diz que brigou com os líderes do antigo PCB porque sempre acreditou na necessidade de ensinar a teoria comunista aos trabalhadores, ideal abandonado pelos comunistas à época.
É um senhor simpático, curvado pelo tempo e cujos olhos azuis brilham ao falar sobre sua história e a de muitos companheiros. É daqueles que não perdeu o ideal e continua fiel ao socialismo. Acredite, já na casa dos 80 anos ele continua um militante político, mas das causas que crê serem de justiça, como do amplo acesso à educação e à saúde e outras causas que diz serem comunistas. Acha que a geração de adolescentes e de jovens é muito apolitizada e recomenda relembrarmos o nosso passado para repudiarmos qualquer tipo de regime totalitário que pretenda cercear a manifestação do pensamento e as liberdades ideológica e partidária.
São tantas as confissões e tantos os sonhos que criamos ao ouví-lo, que a fala torna-se um enredo de um bom livro.
A cada instante de conversa, uma surpresa. Na mesma cadeia em que permaneceu estavam membros de 27 diferentes organizações revolucionárias que aproveitaram a oportunidade para trocar informações. O regime fortalecia a resistência.
Eu creio que você não saiba, mas houve até um navio-cadeia ("Raul Soares") para os presos políticos. Algo horrendo, pois quem era detido imaginava que o seu destino poderia ser tão somente o alto mar.
São informações deste tipo que fazem de Raphael Martinelli um dos raros idealistas que não esqueceram dos sonhos de outros tempos, e é isso o que o torna especial.
Em breve, mais revelações.
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Cyro Saadeh é jornalista

quinta-feira, 19 de junho de 2008

UM MUNDO MAIS XENÓFOBO E QUE TRATA O SER HUMANO COMO OBJETO DE LUCRO

O mundo está ficando cada vez mais xenófobo, onde o que reina são os interesses exclusivos dos que detêm a força. Você duvida disso? Então veja o que anda acontecendo no mundo afora.
A Colômbia, que detém as forças militares mais bem aparelhadas da América do Sul, invadiu recentemente o território equatoriano, a pretexto de enfrentar guerrilheiros das FARCs. Sob o mesmo argumento, Israel invadiu o Líbano há 2 anos e a Turquia atacou o norte do Iraque no ano passado em mais de uma ação beligerante. Agora, o Afeganistão, governado por pró-americanos, ameaça invadir o Paquistão, a pretexto de combater os Talebãs que se escondem no país vizinho. Os países mais fortes ou os que detêm alianças mais poderosas burlam leis internacionais e afrontam a soberania territorial alheia.
Ao mesmo tempo, evita-se o ingresso de estrangeiros clandestinos. Os Estados Unidos constroem enormes muros na fronteira com o México e a Europa resolveu que os imigrantes ilegais podem ir para a cadeia e não simplesmente serem expulsos com concomitante punição administrativa, como ocorre na maior parte do planeta. A França, sob o governo do direitista Sarkozy, em cinco meses aumentou em 80% a expulsão dos ilegais. Tais medidas européias podem ser vistas como meramente protetivas, mas têm um efeito humanitário devastador, pois atingem basicamente os africanos, os turcos, os árabes e os latinos, que viajam em busca de um conforto econômico, inexistente no país de origem.
O mundo globalizado perdeu o pequeno equilíbrio que vinha mantendo. Hoje, permite o bombardeio e a invasão de território estrangeiro, bem como a construção de muros enormes segregadores e ainda a aplicação de pena de cadeia para aqueles que busquem não diversão, mas trabalho em países mais ricos. O mundo que tentou globalizar-se denota agora que o que importa é o imperialismo econômico, com as transnacionais lucrando mundo afora. As pessoas se tornam mero objeto, de lucro, óbvio.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O ÁRABE NA LÍNGUA PORTUGUESA

Saiu no Observatório da Imprensa, nesta última edição, uma matéria de autoria de DEONÍSIO DA SILVA, escritor, citando os livros "Português para Falantes de Árabe" e o "Léxico Português de Origem Árabe", ambos da Almadena editora, e também a existência dos escritores de origem árabe, onde se destacariam Emil Faraht e Salim Miguel. Na verdade há muitos outros, como Milton Hatoum e intelectuais da altura de Emir Sader e Aziz Ab'Saber.
Para quem não sabe, há dezenas e mais dezenas de palavras em português de origem árabe. Muitos dos costumes, no que se inclui a arquitetura, foram influenciados pelos árabes. Muitos dos navegadores que acompanharam Cabral na sua chegada às terras brasileiras eram mouros, ou seja, árabes. O português tem muito de árabe, de certo, mas os brasileiros também.
Vale a pena ler o artigo A PRESENÇA ÁRABE NO PORTUGUÊS. Boa leitura!
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DEVANEIOS DE QUEM SE ACHA ESCRITOR, POETA OU, APENAS, UM SER REFLEXIVO

O CONVENCIONAL

O convencional pode não apenas significar um conformismo, mas massificação e burrice. É o deixar levar-se. Opor-se a modismos pode trazer a sensação de concretizar descobertas, ainda que pequenas. É o posicionar-se. Quando se descobre a essência das coisas, tudo que é superficial perde o sentido.


SOB A CHUVA

SOB A CHUVA QUEREMOS NOS RECOLHER, DORMIR, SONHAR.COM ESSE TEMPO, NÃO QUEREMOS NADA QUE NOS TIRE DO ACONCHEGO.SOB A CHUVA HÁ UM CERTO TEMOR DA NATUREZA.SINAL DE QUE AINDA NÃO A DOMINAMOS. SERÁ QUE LHE RESTA ALGUMA DÚVIDA, MESMO COM OS ACONTECIMENTOS ATUAIS?

terça-feira, 17 de junho de 2008

ESTADOS UNIDOS E PERU NEGOCIAM CONSTRUÇÃO DE BASE MILITAR

Acaba de ser confirmado pelas Forças Armadas do Peru que há uma negociação com o Pentágono sobre a instalação de uma base militar estadunidense naquele país, na zona de Ayacucho, próxima ao Acre. Nessa região já operam mais de 100 soldados estadunidenses com o aval do governo peruano. Os Estados Unidos têm profundo interesse em substituir a de Manta, no Equador, que será fechada em 2009 por força de decisão do parlamento equatoriano. A notícia é do jornal argentino Página 12.

QUEM PRECISA SER POETA PARA ESCREVER SOBRE A VIDA E O AMOR?

Não consigo escrever pouco, não adianta.
Não consigo não desejar viajar, amar e tantas outras coisas.

Já me falaram que estou nas profissões certas, advogado e jornalista, pois são trabalhos que exigem uma boa escrita. Ah, mas eu não quero só escrever bem, sonho em ser escritor, daqueles que escreve de montão... montão de realidades, montão de sonhos e também de utopias.

Já me disseram que seria um bom caminhoneiro, de tanto que pego estradas pelo Brasil afora. Ah, mas queria era ser astronauta, para viajar além do nosso planeta.

Também já me falaram que para amar basta estar vivo. Mas não quero só viver e amar. Quero fazer tudo isso intensamente, respirar e me alimentar da vida e amar a própria vida.

Ah, talvez não esteja poético, mas quem precisa ser poeta quando escreve da vida e do amor? São poesias vívidas.

domingo, 15 de junho de 2008

CANUDOS

por Cyro Saadeh*

Creio que não tenha contado a absolutamente ninguém que há uns 2 anos e meio havia iniciado um longo escrito sobre Canudos e o seu açude Cocorobó. Tinha lá umas 30 páginas com uma redação para lá de caprichada e poética e perdi por conta de um problema que tive com esse objeto imprescindível de informática chamado computador.

Acabei desistindo da idéia de escrever, pois isso exigia uma forte inspiração, coisa que já não tinha mais, e optei por realizar um vídeo complementar àquela proposta, o de retratar a realidade infantil naquilo que poderia ter sido chamado de barbárie contra a infância. Trata-se de projeto e está configurado como tal. Um dia, como planeja e sonha todo documentarista e também os cineastas, irei realizar essa idéia.
Muitos não sabem, mas as crianças carregaram as dores da guerra de Canudos ou, em outras palavras, do Brasil contra o Brasil, por muito tempo. Várias centenas tornaram-se órfãs e outro tanto foi levado à prostituição na capital Salvador e em Sergipe. Muitas foram adotadas irregularmente e a história familiar desses seres foi rompida bruscamente.
A realidade, hoje, não é diferente naquela cidade que se denominou de Canudos. Sim, a Canudos atual é na verdade Cocorobó e a Canudos da história ficou submersa por conta de um enorme açude também chamado de Cocorobó. A história de Canudos não se resume a Cocorobó, ou coisa grande em tupi, mas está cercada dessas coisas. É uma ferida mal cicatrizada na história da nossa república. E, se fosse poeta, poderia dizer que Cocorobó é a lágrima de dor.
Fiz um documentário, juntamente com a jornalista Mariana Di Lello, sobre o açude que prometia trazer tranqüilidade e sossego aos persistentes moradores da região e que pôs fim à possibilidade de vermos o que restou das 4 famigeradas guerras de brasileiros pobres vindos de todos os cantos contra brasileiros sonhadores do sertão.
Muitos dizem muitas coisas sobre o projeto de Antônio Conselheiro. Era implantar o socialismo; era criar um movimento de lutar por terras, embrionário do MST; era um movimento estritamente religioso; era um movimento de loucos; era um movimento financiado por potências estrangeiras; era um movimento financiado por setores avessos à forma republicana de governo. São tantas as teorias e elucubrações. O que posso afirmar, por ter estudado e pesquisado, é que o movimento era de brasileiros que passavam necessidades e que criam na possibilidade de mudança dessa realidade.
A história de lá é tão rica. Nunca é demais ler 1, 2, 3 ou dezenas de vezes a obra de Euclydes da Cunha, “Os Sertões”, um marco na história do Brasil e uma das obras-primas da humanidade.
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* jornalista

quinta-feira, 12 de junho de 2008

NO DIA DOS NAMORADOS

Hoje é o dia dos namorados. Eu sei que se trata de um dia voltado especificamente às vendas no varejo. Na verdade, o comércio tem vários dias, como o Natal, o dia dos Namorados, o dia dos Pais, o dia das Mães e outros tantos. É, este tal de comércio realmente merece mais um dia só para comemorar o êxito em suas campanhas de marketing.

Mas, deixando de lado o consumismo embutido neste dia dos Namorados, que tal fazer uma comemoração sem ser em um shopping center? Restaurantes e motéis são uma boa, mas será que tem algo diferente? Eu não sei e se soubesse, sinceramente, não falaria, pois quero ser original nisso. Talvez amanhã, depois de surpreender, eu conte...

É, talvez seja essa a palavra-chave: surpresa... E surpresa não é só presente, não é só um jantar romântico e nem uma ida ao motel. É muito mais. Surpreenda-se!

terça-feira, 10 de junho de 2008

TESTE NUCLEAR NO ATOL DE BIKINI

Você conhece a história dos testes nucleares que o governo estadunidense realizou no Atol de Bikini, no Oceano Pacífico, a partir do fim da Segunda Guerra Mundial? (saiba mais do Atol e de sua história clicando aqui).
Essa história foi uma das mais sigilosas, mas um documentário feito com retalhos de filmes dos próprios militares revelou como os nativos foram convencidos a se retirar e o que aconteceu com muitos marinheiros e familiares que permaneceram na ilha, crentes que nada lhes afetaria, mesmo com o estouro de bombas nucleares logo após a Segunda Guerra Mundial. Ah, mas este documentário não é encontrado facilmente, nem nos Estados Unidos nem no Brasil, mas passou na TV Cultura de S. Paulo nos anos 90.

Na página domínio público você poderá ver, ao menos, o estouro de uma das bombas (clique aqui para ver) e imaginar a história que foi narrada muito brevemente aqui, sem detalhes para não estragar a curiosidade daqueles que almejam ver na íntegra o documentário sigiloso de 1987 que chama-se Radio Bikini. Se você quiser ter uma breve noção do que o aguarda, leia o comentário da espectadora Maria José P. M. de Almeida, publicado numa revista de física de uma renomada Universidade (clique aqui para ler).

Você pode encontrar algumas imagens militares utilizadas no documentário Radio Bikini lá no youtube, mas o melhor mesmo é alugar o dvd e assistir o filme na íntegra.

domingo, 8 de junho de 2008

NOSSAS BANCAS DE JORNAL

por Cyro Saadeh
Talvez você não tenha reparado na quantidade de bancas de jornal no bairro da Pompéia. Tem aqueles jornais e algumas revistas interessantes, onde é possível aguçar a nossa vontade de ampliar o conhecimento.
Tem várias bancas, de diversos tamanhos e espalhadas por todos os cantos. Tem aquelas que se situam nos grandes postos de combustíveis, outras que se situam no meio das quadras de algumas ruas, outras nas esquinas das grandes ruas e na avenida do bairro. Sim, temos uma grande avenida, a Pompéia. Até a Afonso Bovero, que tem cara de avenida, é chamada de rua, mas isso não importa. Somos quase uma cidade dentro de São Paulo.
Caso você não conheça nenhuma banca, a dica é a do posto Ipiranga, na baixada da avenida Pompéia. Lá tem de tudo. Outras bancas você pode localizar no guiaperdizes.

sábado, 7 de junho de 2008

ABIN

por Cyro Saadeh*
Muitas pessoas assistem filmes de ação e espionagem, como os do 007, e imaginam que isso só ocorra lá fora, com o Mossad israelense, a CIA estadunidense, o francês Segurança Exterior, o britânico MI5, o Serviço Federal de Segurança russo...
O Brasil também tem um serviço de espionagem, chamado ABIN - Agência Brasileira de Inteligência. Mas a história da espionagem brasileira remonta aos anos 20 do século passado, ou seja, há mais de 80 anos, com o Conselho de Defesa Nacional, criado pelo então presidente da República Velha, Washington Luis, em 1927. Posteriormente, o presidente Dutra substituiu esse serviço pelo Serviço Federal de Informações e Contra-Informações - SFICI, ligado ao Conselho de Segurança Nacional.
No auge da guerra-fria, nos fins dos anos 1950, com a divisão do mundo em dois blocos, o comunista, liderado pela União Soviética, e o capitalista, capitaneado pelos Estados Unidos, o serviço secreto brasileiro passou a repassar informações a vários países do bloco ocidental.
Com o golpe militar em 1964, substituiu-se o anterior serviço secreto pelo SNI - Serviço Nacional de Informações, a quem incumbiria coordenar as atividades de informações e contra-informações relativas à Segurança Nacional. Houve a incorporação de todos os antigos funcionários, civis e militares. No auge da repressão da ditadura militar brasileira foi criada a Escola Nacional de Informações, a EsNI e o Sistema Nacional de Informações - SISNI, que era coordenado pelo SNI e composto por diversos organismos do Executivo, atuarquias e empresas públicas, inclusive. Os agentes não confirmam, mas é certo que o setor de informações brasileiro repassou inúmeros dados confidenciais aos governos ditatoriais da Argentina, Chile e Uruguai durante o áspero tempo da operação Condor. Dizem, até, que o ex-presidente João Goulart foi assassinado no Uruguai por conta da troca de informações entre os serviços secretos daquele país e o Brasil. De qualquer modo, foi uma época que ninguém sente ou deveria sentir saudades.
Em 1989, com a promulgação da Constituição Cidadã, com o fim da ditadura militar e o governo civil de José Sarney (transição democrática), as informações passaram a ser voltadas à produção do conhecimento e as contra-informações à salvaguarda do conhecimento. O SNI voltou-se à defesa dos objetivos do Brasil no cenário internacional e de salvaguarda dos interesses do Estado contra as ações terroristas, de sabotagem ou espionagem.
O primeiro presidente eleito pós-golpe de 1964, Fernando Collor de Melo, extinguiu o SNI e criou a SAE - Secretaria de Assuntos Estratégicos, em 1990. Com a posse do vice Itamar Franco, em 1992, houve uma reestruturação administrativa e criou-se a SSI - Subsecretaria de Inteligência.
Com o fim da guerra fria, os serviços de inteligência passaram a combater o crime organizado, o terrorismo, o narcotráfico, a biopirataria, a espionagem industrial e os crimes transnacionais. E em 1997 era criada a ABIN- Agência Brasileira de Inteligência, que em 1999 passou a assessorar diretamente a presidência da República e como órgão central do Sisbin - Sistema Brasileiro de Inteligência, composto por todos os órgãos de inteligência do país, sejam militares ou policiais.
Por falar nisso, hoje é moda falar em serviços de inteligência. Todas as polícias têm o seu serviço de inteligência, a Receita Federal e muitas Secretarias Municipais e Estaduais Fazendárias também o têm. Outros órgãos públicos, os mais diversos, também já o criaram. Há até grandes empresas privadas e de economia mista que possuem núcleos de inteligência. Na verdade, os especialistas preferem chamar essas atividades de centros de informações, já que a inteligência propriamente dita é destinada não só a quem detém informações, mas ao organismo ou setor que pode, ao mesmo tempo em que conhece os fatos, analisá-los e tomar decisões imediatas para salvaguardar interesses vitais.
Hoje, a ABIN visa assessorar o Presidente nas questões de interesse do Estado e proteger assuntos sigilosos relativos aos interesses do Estado e da sociedade. Para isso, a agência pode, inclusive, firmar convênios com os serviços de espionagem de outros países. Há poucos anos, na época do PAN de 2007, criticou-se a ABIN por manter contatos próximos com a espionagem cubana.
Tema polêmico é a disposição da ABIN de fazer escutas e interceptar dados, quando houver suspeitas de terrorismo ou sabotagem, independentemente de autorização de juiz de direito. Hoje, a Constituição Federal exige prévia autorização judicial para qualquer modalidade de escuta ou de interceptação de dados. Embora haja projeto legislativo prevendo esses poderes ao nosso serviço de inteligência, a aprovação dessa permissão ainda depende de aprovação do Congresso Nacional.
O atual dirigente da ABIN é um civil, ex-delegado federal e ex-superintendente nacional da Polícia Federal.
Hoje, a ABIN pode ser conhecida um pouco melhor até pela internet http://www.abin.gov.br/.
O serviço que antes assustou muitos brasileiros devotados durante os perversos tempos de uma ditadura não tão distante, hoje tenta se aproximar das pessoas com necessidades especiais e até das crianças, através da criação de personagens infantis. Isso não apaga o passado negro, mas é sinal de que a condução e os objetivos são outros, observando o respeito à cidadania e às diferenças que não afastam, mas que formam uma brasilidade necessariamente tolerante.
E se você curte aventuras e todo o estresse por detrás da atividade de inteligência e também domina outro idioma, pode arriscar a prestar concurso para ser um agente da ABIN. O concurso está agendado ainda para 2008. É, mas não se esqueça de que glamour e mulheres maravilhosas só há nos filmes. A vida real é bem mais dura e também mais humana, ainda bem.
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* jornalista

sexta-feira, 6 de junho de 2008

NOS CAMINHOS DA VIDA

Nos caminhos da vida podemos encontrar pedras ou pontes. Podemos ter acesso irrestrito ou obstáculos logo à frente. Podemos ter vontade de parar e chorar ou de continuar e desfrutar os momentos. Nos caminhos da vida o importante é enxergar o caminho. As dificuldades ou facilidades são meras circunstâncias que não podem nos impedir de visualizar o caminho e de querer conhecê-lo melhor. Isso é o caminho e é a própria vida.
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Cyro Saadeh é jornalista e escritor

quinta-feira, 5 de junho de 2008

RENDA MÉDIA DA REGIÃO

A região da Lapa, que inclui o bairro da Vila Pompéia, tem uma das rendas médias mais altas do município, juntamente com o Butantã e Pinheiros. É o maior valor médio do município: R$.2.636,00, segundo dados de 2006. A renda média do município é de R$.1.262,00 e a menor está em R$.772,00.
A informação é do Observatório Cidadão - Nossa São Paulo.
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Cyro Saadeh é jornalista

BRASIL, MOSTRA A TUA CARA

por Cyro Saadeh*


Pelo o que ouvimos e vemos, o Brasil está mudando, e muito, numa velocidade prá lá de gigantesca. Ainda há muita miséria e desigualdade social, mas a riqueza que produzimos e a maneira como as pessoas enxergam as possibilidades futuras é bem diferente de 10 ou 15 anos atrás.

Geralmente, o nosso país somente é manchete internacional por violação aos Direitos Humanos, desmatamento ou alguma tragédia eventual.

Porém, a Newsweek, uma famosa revista semanal estadunidense, traz como manchete a visão de responsabilidade social de alguns empresários. Se você adivinhar de que país... Sim, Brasil.

Realmente o Brasil está mudando sua face, os brasileiros passam a enxergar e a interagir com o seu país de outra forma, e, com isso tudo, o nosso velho Brasil está ajudando a mudar o mundo, com a sua visão estratégica de diminuir a produção de poluentes; com os biocombustíveis; com a defesa internacional dos Direitos Humanos e tantas outras coisas. É bom que não fiquemos só no papel, que se evite o desmatamento da Amazônia, que se extermine a moda do extermínio e que a Justiça Social seja realmente implantada, propiciando amplo acesso à cidadania a todos os brasileiros de todos os cantos, recantos, camadas sociais, cores, fés e ideais.

Como diria o Cazuza, "Brasil, mostra a tua cara"... e parece que está começando a mostrar.
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* jornalista

segunda-feira, 2 de junho de 2008

CONHECENDO A SÍRIA

por Cyro Saadeh*
A República Árabe da Síria localiza-se no Oriente Médio, entre a Turquia, o Iraque, a Jordânia, o Líbano e Israel. Calcula-se sua população em 18 milhões de habitantes, praticamente o número de habitantes da cidade de São Paulo.
É um país que sempre acolheu refugiados ao longo de sua história e, hoje, ainda alberga centenas de milhares de palestinos e iraquianos.
Sua independência ocorreu apenas há pouco mais de meio século. A capital da Síria é Damasco, a cidade mais antiga ainda habitada. Lá foi berço de diversos impérios. O mais famoso é o Assírio. Por lá já passaram os domínios persa, macedônio, romano, bizantino, árabe, turco e francês. O território é dominado por um governo laico, nacionalista e de vertente socialista.
O ensino naquele país é obrigatório até o 3º ano do ensino médio e a língua oficial é o árabe, mas aprende-se o inglês e o francês nos colégios. Você pode não saber, mas o país adota o sistema econômico socialista, algo raro nesse planeta pós-muro de Berlim.
Lá você encontrará belas praias do mediterrâneo, uma costa lindíssima, região montanhosa repleta de neve, cidades antigas, comércio farto, deserto, sítios arqueológicos bem preservados, diversidade religiosa e cultural. É o único lugar do mundo onde se preservou a língua falada à época de Cristo, o aramaico, em vilas cristãs. Embora a maioria dos habitantes seja de islâmicos sunitas, há os xiitas, os católicos, os cristãos-ortodoxos, evangélicos, judeus e ateus espalhados pelo território. Viajar para lá é se defrontar com a diversidade, com a história, com a natureza e com a religiosidade.
Embora o país tenha adotado a cultura, a língua e a religião dos árabes, a Síria é formada por descendentes de assírios, gregos, romanos e árabes que dominaram por muito tempo aquele território. Ela foi o berço do império Assírio e por muito tempo abrigou o império Bizantino (império romano do Oriente). Posteriormente, abrigou o império Árabe. É um país multicultural em sua própria essência.
Muitos sírios imigraram para o Brasil a partir de 1885, sendo a grande maioria composta por cristãos-ortodoxos.
Viajando para aquele canto, além de aproveitar toda a beleza natural, cultural e arqueológica, de quebra, você ainda poderá aproveitar para degustar a rica e deliciosa culinária síria, que inclui um café com aroma especial, esfihas, kafta, pães exóticos, abobrinha recheada, charuto de folha de uva e também de repolho, coalhada seca e fresca, doces folhados e muito mais. Até quibe crú de peixe você encontrará. Por essa você não esperava, não é mesmo? Então, prepare as malas e vá treinando o seu inglês ou francês ou, se preferir, o árabe.
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* jornalista

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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