No mês do aniversário da independência dos Estados Unidos, vou comprar briga com aqueles que não saem do casulo do conhecimento, os chamados chapéus de alumínio, mas esse texto é imprescindível e explica a aparente inercia do Irã e da China frente ao belicismo Yankee. Não que Irã e China não atuem para conter, ainda que comedidamente, o poderio estadunidense, mas não o fazem de forma tão acintosa como muitos gostariam. E há uma razão para isso. Não querem gastar mais energia e vida de pessoas, sabendo que o castelo estadunidense está a ruir.
Desde a segunda guerra os Estados Unidos vêm afundando em um lodo, o que se agravou desde a adoção do neoliberalismo por Ronald Reagan, com menor capacidade industrial e produtiva. Hoje os estadunidenses não têm saúde gratuita, os salários da classe média já não são tão bons, houve um aumento de dependentes de drogas e há um número assustador dos "home less", os sem teto de lá. Ao lado da crise social, os Estados Unidos vivem uma crise política, com um antagonismo nunca antes visto entre os Republicanos e os Democratas.
Ao lado dessa realidade, os Estados Unidos, desde a Segunda Guerra, vêm provocando guerras ininterruptas. Foi assim na Coreia, no Vietnã, no Iraque, no Afeganistão, só para citar alguns países, mas há muito mais. Além disso, os Estados Unidos financiam e treinam grupos opositores, muitos deles fundamentalistas ou terroristas, a governos legítimos que se opõem ao imperialismo. Os EUA gastam muito com inteligência, golpes e guerras, e o lobby da indústrias de armas é poderosíssimo.
Por falar em lobbies, há o lobby sionista que é ainda mais forte e dita rumos aos republicanos e democratas, com raríssimas exceções. E gastam-se bilhões de dólares do contribuinte estadunidense com as guerras expansionistas israelenses.
A máquina de guerra dos Estados Unidos. não para e conta com centenas de bases militares pelo mundo afora, boa parte delas na América Latina.
Enquanto demonstra força ao mundo, os EUA escondem a fragilidade interna que pode levar a uma convulsão social e a uma guerra civil. Os elementos para tanto estão postos, quais sejam: crise social aguda sem vontade de solução pelo governo federal, crise econômica, crise institucional e política, com aumento do autoritarismo e radicalização no posicionamento político da população e a existência de mais armas em poder de civis do que de número de pessoas.
Assim, ainda que os EUA tentem retardar, através das guerras a países periféricos, o progresso estrondoso da China, o fracasso dos EUA já está posto. Pode ele ser adiado por alguns anos ou uma década, mas parece ser irreversível. E o fracasso dos EUA arrastará com ele o neoliberalismo e o capitalismo selvagem, outros fracassos rotundos.
Tudo o que foi desaprendido no ocidente coletivo deve ser novamente colocado em pauta, a começar pelas garantias sociais e coletivas. Foi isso o que a China fez: reduziu a miséria, melhorou os salários e aumentou a classe média, enquanto os EUA faziam justamente o contrário, concentrando renda e mais renda na mão de um número cada vez menor de pessoas.
O fim do pesadelo estadunidense é questão de tempo. A depender dos rumos internos e externos, ele pode ser antecipado ou retardado por alguns anos. O único remédio possível seria a adoção de um governo revolucionário e com forte preocupação social, o que não parece ser possível naquele país politicamente reacionário.