quarta-feira, 31 de maio de 2023

ESQUERDA PRECISA RETOMAR O SEU PAPEL FUNDAMENTAL DE OUVIR O SEU POVO

Quão alentadora é a entrevista de Antônio Bispo à Folha de São Paulo, intitulada “Esquerda e direita dirigem o mesmo trem colonialista, diz quilombola Antônio Bispo”.

Bispo já foi político e escritor e deixou de votar em 1998, quando se desvinculou do movimento sindical. Hoje ele participa da comunidade Saco do Curtume, no Piauí, em defesa dos povos quilombolas.

Para o entrevistado, colonizar, significa retirar a identidade, dando uma conotação diferente à vida. Para ele é necessário fazer contraposição ao pensamento colonialista e eurocêntrico.

Ele diferencia decolonialidade de contracolonialismo. Aquele é a luta dos que foram colonizados contra toda a herança colonialista, o que inexiste na prática, já que os seus pensadores só leem autores europeus, ou seja, vivenciam a vida dos colonizadores e não do povo oprimido, colonizado.

Já o contracolonialismo é um movimento dos que nunca foram colonizados, como os quilombolas.

Cosmofobia é um termo utilizado pelo entrevistado para definir a desconexão entre a humanidade e a natureza. A humanidade descrita na Bíblia se opõe à vida harmônica com a natureza, o que não ocorre nos quilombos, onde a harmonia com a natureza é uma realidade básica.

O racismo, como forma discriminatória e segregacionista, é elemento vital do colonialismo.

Muitos programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida e o Fome Zero não visam libertar, mas prender o humano àquela forma que lhe foi concedida. Não há planejamento na vida e na felicidade. Há um pensamento maior na economia de escala. Não há o que festejar.

Para o Brasil mudar, não bastam os discursos só aparentemente antagônicos da esquerda e da direita, que seguem o mesmo trilho colonialista. É necessário que se ouçam o quilombola e o indígena.

E desde quando quilombolas e indígenas ditam regras, costumes, valores? Quando os ouvimos? Juruna foi o primeiro deputado federal indígena e era alvo de chacota e piadas discriminatórias, mas, por mais que tentasse, não era ouvido. Era, no país de tantas Nações indígenas, ridicularizado.

A esquerda moderna globalizou-se demais, em pensamento e atitude.

Hoje já não há esquerdas tão sonhadoras como anos atrás. Parte da esquerda se rendeu, talvez sem perceber, ao capital financeiro, ao colonialismo e ao imperialismo. É o caso das esquerdas europeias, com raríssimas exceções.

O PT é muito grande para generalizações, mas o que temos visto é um partido neoliberal com algumas propostas libertárias na área dos costumes.

Até o PSOL tem um lado que se pretende moderno, mas que é na verdade uma rendição ao modus operandi do império aos países eternamente visto como colonizados.

Sou plenamente favorável à liberdade de costumes e do respeito às minorias, mas isso está umbilicalmente ligado à defesa de valores muito próprios da esquerda, ainda que ela pose de conservadora nessa área.

O conservador Vargas foi o que deu às mulheres o direito ao voto, o que, ainda que não soubesse estar agindo em prol da defesa do meio ambiente, criou Parques Nacionais. Foi ele que, ao mesmo tempo, ainda que sob o rol de conservador, criou a aposentadoria social, a carteira de trabalho e muitos dos direitos trabalhistas.

Os direitos individuais e sociais andam lado a lado com as conquistas tradicionais da esquerda, ainda que não se faça alarde sobre isso.

Quando a pauta é considerada muito moderna por parte de um público conservador, este migra para a direita, ainda que não concorde com o “modus operandi” de fazer política deste ou com a defesa de outros interesses desse grupo.

Por isso a esquerda tem que defender o todo, mas a partir de suas bandeiras históricas. Sem alarde, pode ganhar apoio para vitórias importantes em direitos sociais.

A esquerda tem que dar espaço aos pretos, às mulheres, aos homossexuais e transgêneros, mas também aos quilombolas e aos indígenas, que formam nossa identidade como país.

Na verdade, cada partido tem um lado da esquerda que deveria ser somado ao dos outros, para assim voltarmos a ter uma esquerda nova, forte, atuante e sempre sonhadora.

O PDT de Brizola também já não é mais de esquerda. Deixou de sê-lo pouco antes da morte do líder gaúcho.

O que temos de esquerda, hoje, está espalhada em alguns partidos políticos e em muitos intelectuais, que se intimidaram com a nova roupagem dessa esquerda, moldada pelos Democratas dos Estados Unidos e por partidos europeus há muito de centro ou centro direita, mas que se denominam de esquerda.

Partido de esquerda apoiar o fornecimento de armas para a continuidade da guerra na Ucrânia, data vênia, é entregar-se aos interesses do imperialismo ianque, ainda que sob o pretexto de libertar a Europa. Esquerda apoiar deliberadamente a invasão da Ucrânia também é ir contra o direito de não intervenção. O que a esquerda deveria fazer é buscar a paz, no que acertou o presidente Lula, bem orientado geopoliticamente pelo seu assessor especial Celso Amorim.

A Europa depende economicamente da Rússia, sua vizinha. Depende do seu gás e do seu petróleo. E o mundo depende da paz.

Já o Brasil, historicamente violento, com as bandeiras e a escravização dos indígenas, hoje tem a criminalidade nas ruas, a violência policial e a omissão do poder público em garantir a cidadania a todos, em especial às pessoas em situação de rua.

Um país que, ao mesmo tempo, não ouve parcela dos formadores da identidade brasileira: quilombolas e indígenas.

Para o Brasil ser grande e independente, tem que pensar por si, ouvindo o seu povo. A esquerda não deveria ter esquecido isso.

quarta-feira, 24 de maio de 2023

COM UM POVO RESILIENTE E UMA CULTURA MILENAR, A SÍRIA VOLTA A REERGUER-SE, LENTA E CONTINUADAMENTE.










foto: Hekmat Aboukhater

Mesmo diante de uma guerra que já dura 12 anos, sob fortes sanções econômicas dos Estados Unidos, sob ocupação de parte do seu território por nações estrangeiras, sob bombardeio semanal israelense que desativaram os dois principais aeroportos da nação árabe, com mais de 7 milhões de refugiados, com gravíssima crise de desemprego e desabastecimento, sob horrenda desvalorização da moeda e fortíssima crise econômica, a Síria volta a se reerguer, devagar, muito devagar.

Sírios foram violentados sexualmente e sofreram as mais horrendas barbáries por grupos terroristas financiados e treinados por nações ocidentais e do golfo. Militares e civis sírios que sobrevivem à guerra estão, muitas vezes, mutilados, não apenas mental e espiritualmente, mas fisicamente.

Ao longo do tempo dessa guerra insana, muitos sírios se afogaram no mediterrâneo, sob olhares frios de nações europeias e sírios refugiados foram expulsos de países vizinhos.

Um povo altivo, com bom nível de ensino e formação cultural, hoje se submete a sobreviver com rações subsidiadas pelo governo e racionamento de energia elétrica limitada a 4 horas diárias, enquanto vê os estadunidenses apoderarem-se de seus recursos naturais na parte oriental do país, próxima do Iraque. Petróleo e trigo sírios são apropriados pelas forças militares dos Estados Unidos. Até a educação on line sofre bloqueio de plataformas dos Estados Unidos ao localizarem o IP de origem síria. O sírio de hoje está condenado a enfrentar atos heroicos para conseguir estudar e aprofundar-se em seus estudos.

O sírio que pretender voltar ao país terá que passar por aeroportos de países vizinhos, em especial o do Líbano e enfrentar toda a série de grosserias e desconfianças.

O povo sírio, que passou sob dominações de inúmeros outros povos e Nações, resiste resiliente e vê o seu país tentar voltar à normalidade, e muito se deve a alguns países irmãos.

A Síria foi readmitida na liga árabe, reatou pequenos e importantes laços diplomáticos e políticos com a Turquia, graças à Rússia, e recebe importantes doações de ônibus da China.

Enquanto a Rússia e o Irã atuaram militarmente em defesa do governo sírio, a China fez grandes doações em prol do país e do povo, em razão dos laços milenares das duas nações.

Muitos sírios voltaram a frequentar shows e apresentações culturais e religiosas.

Como diz o jornalista sírio-americano Hekmat Aboukhater, “o povo da Síria parece ter entendido que seu país é uma peça em um jogo jogado por nações poderosas. E reconhecem claramente que este jogo só se ganha com uma visão de futuro”. 

Leia a aprofundada matéria de Hekmat Aboukhater para o The Grayzone no link: https://thegrayzone.com/2023/05/16/syrians-survive-americas-economic-siege/

quarta-feira, 17 de maio de 2023

RESPEITO AO PROFESSOR E À EDUCAÇÃO, ESTADO MAIS PRÓXIMO DAS PERIFERIAS E ELAS DO ESTADO E REAL PARTICIPAÇÃO DAS IGREJAS E SOCIEDADE PODEM REVOLUCIONAR O PAÍS, ENFRAQUECER O CRIME ORGANIZADO E TRAZER PAZ E PERSPECTIVAS DE FUTURO, INCLUSIVE ECONÔMICO

O Brasil é um país violento, aliás, violentíssimo.
O Brasil do povo cordial talvez esteja somente no imaginário.
Fomos o país que mais importou escravos em todo o planeta e um dos últimos a encerrar o triste processo de subjugação de seres humanos pela cor.
Fomos o país dos bandeirantes, que atacavam reduções missionárias, aldeamentos, faziam saques e escravizavam indígenas para além das nossas terras, invadindo áreas de outros países.
Fomos o país da guerra do Paraguai, onde nossos militares chegaram a lutar contra pequenas crianças paraguaias.
Fomos o país da esquecida Canudos, onde a regra da degola foi aplicada pelos militares contra a população que resistia no célebre vilarejo baiano.
Fomos o país dos inúmeros golpes militares ao longo da história, inclusive com golpe militar dentro do próprio golpe militar, a começar por aquele que instalou a nossa República.
Fomos o país de ditaduras longínquas, da tortura sempre horrenda e do assassinato de presos políticos.
Somos o país em que o governo fomentou o armamentismo desenfreado, facilitando o fortalecimento do grande crime organizado que comanda periferias, presídios e grandes regiões do país.
Somos o país que exporta o crime organizado, seja do tráfico de mulheres, seja o do bem estruturado de entorpecentes, para quase toda a América Latina e exterior.
Somos o país da hipocrisia, da mentira, da falta de compromisso, da falta de ética e do jeitinho, da vantagem, da corrupção disseminada, onde só se vê aquela pequena ou grande praticada pelo outro e não aquela quase corriqueira, praticada por cada um de nós no dia a dia.
Somos o país que mais mata transgêneros e um dos que mais mata mulheres no globo.
Somos o país em que a insegurança na rua e até dentro dos lares se tornou característica dos grandes e médios centros urbanos.
Somos o país em que muitas Igrejas não pregam o amor e a solidariedade fraternal, mas o individualismo extremado, primado não pela elevação espiritual e moral, mas pelo endeusamento do enriquecimento financeiro.
Somos um país em que, ao ver tantas pessoas largadas na rua, sem comida, bebida, sem ter onde tomar banho e fazer necessidades, se tornou comum, nos tornando insensíveis ao sofrimento alheio.
Somos um país que não respeita e não respeitou a cidadania e onde o trabalhador, no trajeto para o trabalho ou para casa, é submetido a intensa violência, pelos criminosos e até  por certa parte de agentes públicos incumbidos da segurança pública.
Não há mágica para mudar isso, mas há remédios quase homeopáticos que podem reorganizar a nossa sociedade.
O primeiro e eterno fator de mudança social e econômica de qualquer país é a educação. Ela necessita ser valorizada e ver valorizados os seus profissionais. O respeito aos professores pelos alunos e suas famílias e também pela sociedade e Estado é fundamental. São eles, professoras e professores, que estruturarão nossas crianças para o Brasil do futuro. Nesse aspecto, há a necessidade de melhorar a formação do professorado, repensar a estrutura da carreira e valorizá-la financeiramente, para que a sociedade passe a voltar a olhar a carreira de professor como um sonho a ser perseguido e alcançado. Não respeitar o professor é o passo que antecede o desrespeito à autoridade, às leis, à ética e ao outro e por isso precisa ser imediatamente estancado.
A segunda medida já foi tentada por alguns governos de centro direita, centro e centro esquerda, que é levar o Estado para as periferias, com escolas, delegacias de polícia, centros esportivos. Mas além de ter que dar continuidade a isso, para que todos possam ser cidadãos e ter acesso à cidadania, é necessário integrar ações com a própria comunidade empresarial, Igrejas e Universidades, visando levar comércio ou indústria a essas localidades, ensinos profissionalizantes etc.
Na era da informatização tecnológica, temos que repensar nossos cursos profissionalizantes para atrair os jovens e permitir o desenvolvimento de tecnologia nacional, inclusive.
Na outra mão, é importante trazer as periferias para o Estado, para que se possa saber das necessidades locais.
Com o Estado e a sociedade articulados e realmente presentes e atuantes, a recuperação dos centros tomados pelo crime é factível, possível e de fácil concretude.
Uma Justiça mais célere e rigorosa com crimes violentos e uma policia com mais estrutura de inteligência para apurar crimes violentos, crimes contra a pessoa e as organizações criminosas é essencial. O investimento tem que ser na reestruturação do Judiciário e no fortalecimento da inteligência policial, com parcerias com as universidades com cursos de desenvolvimento tecnológico, para que, ao mesmo tempo, fortaleçamos a ação eficiente e rápida da polícia para localizar e desbaratar qualquer ação criminosa, e também o desenvolvimento de tecnologias nacionais, trazendo economia aos cofres públicos, empregos e renda aos pesquisadores e empreendedores brasileiros. Com isso, com a sensação de segurança, o turismo local e até de estrangeiros aumentará vertiginosamente, trazendo emprego, rendas e uma importante movimentação econômica em todos os inúmeros polos turísticos do Brasil.
As Igrejas tradicionais e as novas vertentes que promovam a paz têm papel fundamental para priorizar na sociedade o fomento à solidariedade, à comunidade, pondo fim a essa visão individualista de uma falsa espiritualidade tão em voga.
Com essas ações, além de muitas outras também importantes, já é possível sonhar com o futuro e de um Brasil mais justo e próspero a todos nós, e que respeite as pessoas e seus sonhos. A mudança é possível, necessária e urgente! Só depende de nós! Para isso, pense antes de votar. Não vote em alguém que apenas pronuncie falas de efeito. Vote em quem tem propostas que unam e promovam a cidadania. Quem discursa pelo individualismo desenfreado, o verdadeiro mal de nossa Era, e pelas falsas fés não merece o nosso respeito nem o nosso voto

sexta-feira, 12 de maio de 2023

DIREITOS HUMANOS | SÍRIOS SÃO AMEAÇADOS DE DEPORTAÇÃO NA TURQUIA

A Síria é um país em crise econômica, social e humanitária, sob uma ditadura e que está parcialmente sob ocupação estrangeira.

A guerra civil já dura 12 anos e já produziu mais de 600 mil mortos e 4 milhões de sírios refugiados somente na Turquia.

Pesquisas indicam que 80% da população turca quer o retorno imediato dos sírios e isso pode influenciar no fortalecimento de partidos xenófobos nessas eleições turcas. Há candidatos ditos moderados que prometem “devolver” todos os sírios em até 2 anos.

Os sírios não foram para a Turquia como opção. Fugiram de uma guerra que a Turquia, ao invadir a Síria, ajudou a perpetuar.

A Human Rights Watch denuncia que o retorno, quando ocorre, normalmente não é voluntário. Muitos sírios foram presos e agredidos por forças turcas, além de serem forçados a assinar formulários de deportação e a cruzar a fronteira síria sob mira de armas.

A Turquia invadiu e ocupou parte do norte da Síria, ao mesmo tempo em que recebeu grande volume de recursos financeiros da Europa para impedir o acesso de sírios ao continente, e agora promove a deportação forçada de sírios para um país ainda em conflito armado.

A situação não está nada boa para os sírios, assim como para os iemenitas, sarauís e palestinos.

quinta-feira, 11 de maio de 2023

O CRESCENTE SIONISMO CRISTÃO APOIADO POR ALGUMAS IGREJAS NEOPENTECOSTAIS ESTADUNIDENSES E BRASILEIRAS. O PERIGO AOS INTERESSES NACIONAIS, À LAICIDADE DO ESTADO E DE SUAS AÇÕES GEOPOLÍTICAS

Poucos textos são tão diretos e esclarecedores. O artigo a seguir, escrito pelo Dr. M.Reza Behnam, cientista político especializado em Oriente Médio, para o The Palestine Chronicle, revela o perigo do chamado Sionismo Cristão, seja para os interesses dos Estados Unidos, onde se estabeleceu na década de 1970, seja para a manipulação de grande parte dos evangélicos neopentecostais, que idolatram não Cristo e seus exemplos, mas símbolos do sionismo, movimento fortalecido no Brasil pelo ex-presidente Bolsonaro ao aliar a extrema direita, os pseudo liberais e os evangélicos sionistas.

Não é a toa que sempre se via a bandeira de Israel ao lado de Bolsonaro.

O sionismo, seja de direita ou de esquerda, pretende a expansão de Israel até alcançar o Egito, a Síria, o Líbano e a Jordânia, além daquilo que resta da Palestina. A guerra não poderia cessar até que Israel tomasse todos os Estados árabes necessários para a formação da Grande Israel. Os sionistas cristãos, por mais que soe como aberração, apoiam isso, mesmo que isso signifique a subjugação dos cristãos palestinos.

Não se confunda o direito à existência de Israel, que deve ser aceito e respeitado por todos, com políticas de beligerantes de expansionismo e discriminação. Também não se confunda ter simpatia pelo povo judeu, que tanto contribuiu com a evolução da humanidade ao longo do tempo, com ter simpatia com políticas sionistas, que tanto mal fez a algumas Nações vizinhas e principalmente ao povo palestino, que reúne ateus, islâmicos e, sim, cristãos.

A nenhum Estado deveria ser permitido ser beligerante, seja Rússia, Estados Unidos ou Israel. Todos deveriam respeitar as autonomias dos povos. Porém, há Estados e Estados. Alguns podem mais que outros. Os auto declarados escolhidos podem ter bombas nucleares, tomar territórios e não sofrer sanções. Outros são compelidos a se render ou a tentar sobreviver com fome, miséria e sob a pisada cruel da bota do imperialismo regional sob uma interpretação religiosa anacrônica.

O risco aos verdadeiros interesses nacionais, seja dos Estados Unidos, do Canadá ou Brasil é visível. Apoia-se uma causa com fundamento "religioso" e afasta-se dos interesses próprios, econômicos e geopolíticos, da Nação envolvida. Ao mesmo tempo, esse movimento, que inicialmente podia ser de direita ou de esquerda, fortalece o fundamentalismo religioso, o radicalismo político e o surgimento de déspotas e populistas, seja em Israel, seja nos Estados Unidos, seja no Brasil.

Ainda que não se quisesse abordar questões humanitárias e de direitos humanos, sob o aspecto filosófico, de que adiantaria uma Israel gigante se para isso as guerras, o extremismo político e religioso dominassem o horizonte? Isso significaria o paraíso ou o verdadeiro inferno na Terra?

Leia abaixo parte do texto publicado no PALESTINE CHRONICLE. O texto integral você pode ler na página https://www.palestinechronicle.com/the-catastrophe-in-palestine-and-christian-zionism/

Boa leitura!


A Catástrofe na Palestina e o Sionismo Cristão

Comício pró-Israel em Los Angeles. (Foto: via Wikimedia Commons)

Ninguém deveria ficar chocado com a tendência direitista da política israelense. O regime extremista ultraortodoxo atualmente reunido em Tel Aviv é o produto final do uso sistemático da religião por Israel para defender a supremacia judaica e legitimar seu domínio colonial sobre a Palestina.

A questão de saber se Israel é uma nação ou uma comunidade religiosa, exclusivamente para o povo judeu, tem sido intrínseca à sua identidade e futuro. Como seus equivalentes israelenses ultraortodoxos, os sionistas cristãos respondem inequivocamente que é um estado apenas para judeus.

Com mais de 40 milhões de adeptos, os cristãos sionistas nos Estados Unidos têm sido influentes na determinação da formação da política americana de Israel em primeiro lugar.

O sionismo cristão é o resultado político do dispensacionalismo – um movimento que se originou com o padre anglicano do século XIX, John Nelson Darby. A teologia de Darby alcançou um vasto público americano com a publicação em 1909 e ampla distribuição da Scofield Reference Bible. Na década de 1970, o sionismo cristão tornou-se sinônimo de evangelicalismo americano.

Os sionistas cristãos têm se comprometido com a preservação e expansão do estado judeu com base na interpretação literal dos augúrios bíblicos. Em seu drama escatológico, a Segunda Vinda de Cristo será realizada em Israel – somente aqueles que aceitaram Jesus serão arrebatados para o céu, enquanto todos os outros serão destruídos. (...)

Os evangélicos americanos e os sionistas israelenses compartilham a crença de que a geografia da Terra Prometida é muito maior do que a atual Israel. Usando a Bíblia para vender a reivindicação de Israel a toda a Palestina histórica, os cristãos sionistas referem-se à aliança de Deus com Abraão em Gênesis 15:18: “À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates.” Tomado literalmente, abrangeria a Jordânia, partes do Líbano, Síria, Iraque e Egito.

A direita evangélica acredita que a colonização judaica e o controle sobre toda a Palestina são necessários para cumprir suas profecias do fim dos tempos. Em busca de sua cartografia bíblica, os sionistas cristãos, como seus equivalentes no atual gabinete israelense, apóiam categoricamente os invasores judeus expansionistas – a quem chamam de pioneiros – e o objetivo de Israel de anexar completamente a Cisjordânia. (...)

Uma pesquisa da Bloomberg de 2015 indicou que mais de 67% dos evangélicos acreditam que os Estados Unidos deveriam apoiar Israel, mesmo que os interesses das duas nações divergissem. Pesquisas da Brookings Institution, Gallup, Pew e Washington Post produziram resultados semelhantes. Um comentário do evangelista de rádio e TV, Kay Arthur, é representativo: “Se eu tivesse que escolher entre a América e Israel, escolheria Israel”. (...)

Com a eleição presidencial de Jimmy Carter, um cristão “nascido de novo”, em 1976, a aliança evangélica entre Israel e Estados Unidos se intensificou. Após a eleição de Menachem Begin como primeiro-ministro em 1977, surgiu uma coalizão de evangélicos americanos, o lobby judeu e os direitos políticos. Eles confiaram em argumentos religiosos para legitimar o confisco de terras palestinas por Israel. (...)

A Direita Cristã e o Partido Republicano se tornaram essencialmente um após a eleição de Reagan em 1980. Acreditando na missão divina da América de liderar o mundo, Reagan descreveu a Guerra Fria como a luta entre o bem e o mal, lançando a antiga União Soviética como o “Império do Mal”. ”

A influência da direita religiosa sobre a política do Oriente Médio cresceu ainda mais com a eleição presidencial de George W. Bush em 2000, que obteve 78% dos votos evangélicos, e o ataque de 11 de setembro de 2001. (...)

Na eleição presidencial de 2016, Donald Trump recebeu 81% dos votos evangélicos brancos. Ele empregou retórica baseada na fé e questões culturais divisivas para preservar seu apoio. Ele segue cortejando o voto evangélico em busca da presidência em 2024.

Israel e a direita religiosa encontraram aliados poderosos na Casa Branca de Trump.
Sionistas cristãos e fanáticos pró-Israel - Secretário de Estado Mike Pompeo; vice-presidente Mike Pence; O conselheiro de segurança nacional John Bolton e o televangelista da megaigreja do Texas, John Hagee, estavam entre os conselheiros mais próximos de Trump no Oriente Médio. (...)

A Christians United for Israel (CUFI), fundada por John Hagee, é uma das maiores, mais poderosas e mais bem financiadas organizações pró-Israel dos Estados Unidos. Com 11 milhões de membros, teve uma influência significativa na política do Partido Republicano e no reforço do já firme apoio de Washington a Israel. Com um número maior de evangélicos brancos do que de judeus americanos, Israel tornou-se cada vez mais dependente da direita evangélica como base de seu apoio nos Estados Unidos. (...)

Mais de 200 diferentes organizações evangélicas nos Estados Unidos e no Canadá estão comprometidas com o sionismo cristão. Por exemplo, o grupo de lobby Alliance for Israel Advocacy, composto por judeus que se converteram ao cristianismo, apresentou uma legislação no Congresso que pagaria aos palestinos para se mudarem permanentemente para outros países. Grupos de direitos humanos condenaram a legislação como uma estratégia para anexar toda a Cisjordânia e como um “plano de limpeza étnica financiado pelos EUA na Palestina”. (...)

Ao definir Palestina-Israel em histórias bíblicas explicitamente míticas, a direita religiosa incitou as políticas racistas e opressivas de Israel. A tragédia palestina resultante está completamente excluída do discurso e da compreensão do cristão sionista.

A religião desempenhou um papel significativo nas culturas políticas dos Estados Unidos e de Israel. Durante décadas, a direita evangélica trabalhou para “restaurar” sua ideia de cristianismo nos Estados Unidos. E em Israel, extremistas religiosos conservadores conseguiram comandar o regime do país, finalmente apagando a fachada democrática de Israel.

quarta-feira, 10 de maio de 2023

O DRAMA SEM FIM DOS REFUGIADOS SÍRIOS. RISCO DE DEPORTAÇÃO EM MASSA DO LÍBANO

É certo que o pequeno e lindo Líbano, proporcionalmente à sua população de 4 milhões de pessoas, é o país que mais abriga refugiados em todo o mundo. São mais de 500 mil refugiados palestinos e quase 2 milhões de refugiados sírios (830 mil deles reconhecidos pelo ACNUR).

Também é certo que o país mediterrâneo do Cedro sofre uma prolongada grave crise econômica, com falta de recursos básicos.

Nessa realidade, nem tudo são e poderiam ser flores para os refugiados. Os palestinos formados em medicina, por exemplo, são proibidos de trabalhar em tal área. Os sírios abrigados em barracas em campos de refugiados informais, são obrigados a pagar aluguéis aos proprietários das áreas.

Favelas urbanas, antigamente destinadas aos palestinos, hoje é dividida com os libaneses pobres e os refugiados sírios.

O sentimento contra os refugiados não é novo no Líbano. A longa guerra civil que durou de 1975 a 1990 escancarou tal sentimento pela extrema direita libanesa, então aliada de Israel. O massacre de Sabra e Chatila, com massacre de palestinos refugiados, é o maior exemplo disso.

Há uma forte campanha para retirar o status de refugiados dos sírios abrigados no Líbano e deportá-los em seguida.

Muitos políticos libaneses, pressionados por parte da população libanesa, pretendem deportar refugiados sírios, medida que sofre forte crítica de órgãos de direitos humanos, dentre eles o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

O fato é que a guerra na Síria não acabou, o território está dividido e parcialmente ocupado por nações estrangeiras e a Síria está muito longe de ser reconstruída. E o pior: ela continua matando civis.

O território sírio sofre ocupação militar de estadunidenses, turcos, russos, iranianos, libaneses e ataques constantes de Israel. A Síria, sem floreios, é um país sob ocupação militar e sob um regime ditatorial, e os sírios sofrem foram do país e também dentro de sua terra natal.

A Síria é uma ditadura e opositores que se refugiaram correm risco de prisão, sofrer tortura ou assassinato ao retornar à área controlada pelo governo. As outras áreas, controladas por terroristas, pela Turquia e pelos Curdos, sob apoio militar dos Estados Unidos, também não são nada amistosas aos sírios, sempre subjugados ao poderio desmedido dos que controlam as áreas do país.

O drama da escravização humana, do assassinato cruel e de falta de condições dignas de vida não deixou de ser realidade em grande parte do território sírio.

Nem todo sírio que está no Líbano ingressou pelo ACNUR, Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. O fato é que a Agência da ONU não dispõe de condições humanas e financeiras de cuidar de quase dois milhões de refugiados sírios no pequenino Líbano e muitos sírios acabam permanecendo em campos de refugiados não oficiais, pagando aluguel aos proprietários da área das barracas improvisadas para poderem permanecer no território libanês.

O sírio submetido a essas condições se vê obrigado a sair do campo de refugiado para procurar um subemprego, a fim de poder sustentar a si e sua família.

E nesse panorama, centenas de sírios já foram deportados do Líbano desde o início de abril. E segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, muitos deles foram presos ao ingressarem no país pelos serviços de segurança do governo.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

EXCLUSIVO DO GLOBAL TIMES | CIA, REVOLUÇÕES COLORIDAS E CYBERATAQUES

(você pode ver, literalmente, esse texto na VAMOS TV)

O jornal chinês Global Times divulgou relatório de suas agências que apontam para os meios que a CIA usou para planejar e promover distúrbios, as chamadas revoluções coloridas, em todo o mundo.

O relatório divulgado pelo “National Computer Virus Emergency Response Center” aponta que o início do século 21 e o avanço da internet, permitiu novos meios para as atividades de infiltração da CIA em outros países.

Com a liderança dos Estados Unidos em tecnologias de telecomunicações, a vigilância passou a ser global.

Nas últimas décadas, a CIA tentou derrubar ao menos 50 governos, embora reconheça apenas sete. A Ucrânia, em 2014, sofreu a chamada revolução colorida; Taiwan a revolução do girassol; Mianmar, em 2007, a revolução açafrão; o Irã, em 2009, a revolução verde.

Os cinco métodos mais comumente usados pelos Estados Unidos para criar instabilidades e derrubar governos são:

1º - fornecer serviços criptografados que ajudam os manifestantes a navegarem anonimamente pela internet, evitando serem rastreados e presos. A tecnologia TOR foi oferecida gratuitamente a agentes anti-governo no Irã, Tunísia, Egito e ouros países

2º - fornecer serviços de comunicação off-line, para garantir a comunicação com o exterior quando a internet for desconectada. O Google e o Twitter lançaram o chamado "Speak2Tweet", que converte mensagens em tweets e divulgação imediata, mesmo sem internet, nas mídias sociais.

3º -  fornecer ferramentas para melhorar a eficiência do uso da internet e de comunicações sem fio em protestos.

4º - fornecer software que suporte rede de banda larga 100% independente, sem telefone, cabo ou conexão via satélite, com WiFi variável que impede o monitoramento pelo governo.

5º - fornecer um sistema de informação "anticensura". O Departamento de Estado dos EUA já teria injetado mais de US$ 30 milhões nesse projeto.

E, além dos métodos de agitação, foram identificados outros 9 métodos usados pela CIA como "armas" para ataques cibernéticos, incluindo a entrega de módulos de ataque, controle remoto, coleta e roubo de informações e ferramentas de código aberto de terceiros, com controle das redes de outros países para roubar dados importantes e confidenciais.

Em ataques cibernéticos da CIA à China, foi identificado o uso de cavalos de Tróia ou plug-ins.

As atividades de inteligência e espionagem dos EUA e os ataques cibernéticos a outros países merecem alta vigilância da comunidade internacional.

quarta-feira, 3 de maio de 2023

O MERCADOR DE CAETÉS

Quem não se lembra das Viagens de Marco Polo, o mercador veneziano, e das descobertas e encantamentos que a obra de sua saga causou já na nossa infância ou adolescência?

Graças aos cientistas, historiadores, aventureiros e mercadores-desbravadores, e também às nossas leituras, descobrimos que nosso planeta não é plano nem quadrado, mas redondo, onde os seres, culturas e línguas mais diferentes convivem em um mesmo globo.

No planeta não há idênticos, mas diferentes, semelhantes e assemelhados e é com essa compreensão e respeito pelo outro que o Presidente Lula tenta reinserir o Brasil na diplomacia e nos jogos geopolítico e econômico de ampliação de mercado, o que é extremamente positivo em todos os aspectos para o Brasil e os brasileiros.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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