O Brasil é um país violento, aliás, violentíssimo.
O Brasil do povo cordial talvez esteja somente no imaginário.
Fomos o país que mais importou escravos em todo o planeta e um dos últimos a encerrar o triste processo de subjugação de seres humanos pela cor.
Fomos o país dos bandeirantes, que atacavam reduções missionárias, aldeamentos, faziam saques e escravizavam indígenas para além das nossas terras, invadindo áreas de outros países.
Fomos o país da guerra do Paraguai, onde nossos militares chegaram a lutar contra pequenas crianças paraguaias.
Fomos o país da esquecida Canudos, onde a regra da degola foi aplicada pelos militares contra a população que resistia no célebre vilarejo baiano.
Fomos o país dos inúmeros golpes militares ao longo da história, inclusive com golpe militar dentro do próprio golpe militar, a começar por aquele que instalou a nossa República.
Fomos o país de ditaduras longínquas, da tortura sempre horrenda e do assassinato de presos políticos.
Somos o país em que o governo fomentou o armamentismo desenfreado, facilitando o fortalecimento do grande crime organizado que comanda periferias, presídios e grandes regiões do país.
Somos o país que exporta o crime organizado, seja do tráfico de mulheres, seja o do bem estruturado de entorpecentes, para quase toda a América Latina e exterior.
Somos o país da hipocrisia, da mentira, da falta de compromisso, da falta de ética e do jeitinho, da vantagem, da corrupção disseminada, onde só se vê aquela pequena ou grande praticada pelo outro e não aquela quase corriqueira, praticada por cada um de nós no dia a dia.
Somos o país que mais mata transgêneros e um dos que mais mata mulheres no globo.
Somos o país em que a insegurança na rua e até dentro dos lares se tornou característica dos grandes e médios centros urbanos.
Somos o país em que muitas Igrejas não pregam o amor e a solidariedade fraternal, mas o individualismo extremado, primado não pela elevação espiritual e moral, mas pelo endeusamento do enriquecimento financeiro.
Somos um país em que, ao ver tantas pessoas largadas na rua, sem comida, bebida, sem ter onde tomar banho e fazer necessidades, se tornou comum, nos tornando insensíveis ao sofrimento alheio.
Somos um país que não respeita e não respeitou a cidadania e onde o trabalhador, no trajeto para o trabalho ou para casa, é submetido a intensa violência, pelos criminosos e até por certa parte de agentes públicos incumbidos da segurança pública.
Não há mágica para mudar isso, mas há remédios quase homeopáticos que podem reorganizar a nossa sociedade.
O primeiro e eterno fator de mudança social e econômica de qualquer país é a educação. Ela necessita ser valorizada e ver valorizados os seus profissionais. O respeito aos professores pelos alunos e suas famílias e também pela sociedade e Estado é fundamental. São eles, professoras e professores, que estruturarão nossas crianças para o Brasil do futuro. Nesse aspecto, há a necessidade de melhorar a formação do professorado, repensar a estrutura da carreira e valorizá-la financeiramente, para que a sociedade passe a voltar a olhar a carreira de professor como um sonho a ser perseguido e alcançado. Não respeitar o professor é o passo que antecede o desrespeito à autoridade, às leis, à ética e ao outro e por isso precisa ser imediatamente estancado.
A segunda medida já foi tentada por alguns governos de centro direita, centro e centro esquerda, que é levar o Estado para as periferias, com escolas, delegacias de polícia, centros esportivos. Mas além de ter que dar continuidade a isso, para que todos possam ser cidadãos e ter acesso à cidadania, é necessário integrar ações com a própria comunidade empresarial, Igrejas e Universidades, visando levar comércio ou indústria a essas localidades, ensinos profissionalizantes etc.
Na era da informatização tecnológica, temos que repensar nossos cursos profissionalizantes para atrair os jovens e permitir o desenvolvimento de tecnologia nacional, inclusive.
Na outra mão, é importante trazer as periferias para o Estado, para que se possa saber das necessidades locais.
Com o Estado e a sociedade articulados e realmente presentes e atuantes, a recuperação dos centros tomados pelo crime é factível, possível e de fácil concretude.
Uma Justiça mais célere e rigorosa com crimes violentos e uma policia com mais estrutura de inteligência para apurar crimes violentos, crimes contra a pessoa e as organizações criminosas é essencial. O investimento tem que ser na reestruturação do Judiciário e no fortalecimento da inteligência policial, com parcerias com as universidades com cursos de desenvolvimento tecnológico, para que, ao mesmo tempo, fortaleçamos a ação eficiente e rápida da polícia para localizar e desbaratar qualquer ação criminosa, e também o desenvolvimento de tecnologias nacionais, trazendo economia aos cofres públicos, empregos e renda aos pesquisadores e empreendedores brasileiros. Com isso, com a sensação de segurança, o turismo local e até de estrangeiros aumentará vertiginosamente, trazendo emprego, rendas e uma importante movimentação econômica em todos os inúmeros polos turísticos do Brasil.
As Igrejas tradicionais e as novas vertentes que promovam a paz têm papel fundamental para priorizar na sociedade o fomento à solidariedade, à comunidade, pondo fim a essa visão individualista de uma falsa espiritualidade tão em voga.
Com essas ações, além de muitas outras também importantes, já é possível sonhar com o futuro e de um Brasil mais justo e próspero a todos nós, e que respeite as pessoas e seus sonhos. A mudança é possível, necessária e urgente! Só depende de nós! Para isso, pense antes de votar. Não vote em alguém que apenas pronuncie falas de efeito. Vote em quem tem propostas que unam e promovam a cidadania. Quem discursa pelo individualismo desenfreado, o verdadeiro mal de nossa Era, e pelas falsas fés não merece o nosso respeito nem o nosso voto