É certo que o pequeno e lindo Líbano,
proporcionalmente à sua população de 4 milhões de pessoas, é o país que mais
abriga refugiados em todo o mundo. São mais de 500 mil refugiados palestinos e quase
2 milhões de refugiados sírios (830 mil deles reconhecidos pelo ACNUR).
Também é certo que o país mediterrâneo
do Cedro sofre uma prolongada grave crise econômica, com falta de recursos
básicos.
Nessa realidade, nem tudo são e
poderiam ser flores para os refugiados. Os palestinos formados em medicina, por
exemplo, são proibidos de trabalhar em tal área. Os sírios abrigados em barracas
em campos de refugiados informais, são obrigados a pagar aluguéis aos
proprietários das áreas.
Favelas urbanas, antigamente
destinadas aos palestinos, hoje é dividida com os libaneses pobres e os
refugiados sírios.
O sentimento contra os refugiados
não é novo no Líbano. A longa guerra civil que durou de 1975 a 1990 escancarou
tal sentimento pela extrema direita libanesa, então aliada de Israel. O
massacre de Sabra e Chatila, com massacre de palestinos refugiados, é o maior
exemplo disso.
Há uma forte campanha para
retirar o status de refugiados dos sírios abrigados no Líbano e deportá-los em
seguida.
Muitos políticos libaneses, pressionados
por parte da população libanesa, pretendem deportar refugiados sírios, medida
que sofre forte crítica de órgãos de direitos humanos, dentre eles o
Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
O fato é que a guerra na Síria
não acabou, o território está dividido e parcialmente ocupado por nações
estrangeiras e a Síria está muito longe de ser reconstruída. E o pior: ela
continua matando civis.
O território sírio sofre ocupação
militar de estadunidenses, turcos, russos, iranianos, libaneses e ataques
constantes de Israel. A Síria, sem floreios, é um país sob ocupação militar e
sob um regime ditatorial, e os sírios sofrem foram do país e também dentro de
sua terra natal.
A Síria é uma ditadura e
opositores que se refugiaram correm risco de prisão, sofrer tortura ou assassinato
ao retornar à área controlada pelo governo. As outras áreas, controladas por
terroristas, pela Turquia e pelos Curdos, sob apoio militar dos Estados Unidos,
também não são nada amistosas aos sírios, sempre subjugados ao poderio desmedido
dos que controlam as áreas do país.
O drama da escravização humana,
do assassinato cruel e de falta de condições dignas de vida não deixou de ser
realidade em grande parte do território sírio.
Nem todo sírio que está no Líbano
ingressou pelo ACNUR, Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. O
fato é que a Agência da ONU não dispõe de condições humanas e financeiras de
cuidar de quase dois milhões de refugiados sírios no pequenino Líbano e muitos
sírios acabam permanecendo em campos de refugiados não oficiais, pagando
aluguel aos proprietários da área das barracas improvisadas para poderem permanecer
no território libanês.
O sírio submetido a essas
condições se vê obrigado a sair do campo de refugiado para procurar um
subemprego, a fim de poder sustentar a si e sua família.
E nesse panorama, centenas de
sírios já foram deportados do Líbano desde o início de abril. E segundo o
Observatório Sírio para os Direitos Humanos, muitos deles foram presos ao
ingressarem no país pelos serviços de segurança do governo.