INTRODUÇÃO
Precisávamos de um mísero vírus
para que notássemos um grande equívoco adotado no caminho da humanidade.
A guerra contra o COVID-19 não
envolve a utilização dos recursos bélicos mais tradicionais, mas principalmente
ações de inteligência, de ciência e da mais robusta solidariedade.
O objetivo primeiro, numa guerra travada
contra a própria humanidade, deve ser, obviamente, salvar a própria humanidade,
ou seja, salvar vidas humanas. Num passo seguinte, a guerra deve voltar-se à
busca da imunização. Assim, minimiza-se os danos num primeiro passo e, num
segundo, derrota-se o vírus.
Salvando vidas, a humanidade
poderá retomar o seu rumo.
Quem não seguir essa ordem, permitirá,
ou pela omissão ou pela pouca importância à própria humanidade, que sejam
debeladas milhares ou milhões de vidas humanas.
Se, de um lado, nesse momento, temos
o retorno da solidariedade à reflexão humana, de outro temos a questão econômica
como fator importante para a produção rápida de equipamentos de proteção e de equipamentos
e insumos hospitalares.
Porém, nessa guerra, a economia
não pode prevalecer sobre a vida, mas deve ser uma parceira, de forma a ser
utilizada, como sempre deveria ter sido, a favor da sobrevivência da
humanidade.
DA ECONOMIA
O radicalismo político, hoje, é
reflexo de divergência sobre a tomada de decisões econômicas.
O capitalismo mundial, hoje, não
é uníssono, pois há os que defendem uma maior ou menor capacidade da economia
ditar regras sobre o dia a dia do cotidiano. Enquanto há países que vivem a
falsa riqueza do capitalismo financeiro, outros vivem na fase do capitalismo
industrial e outros ainda acreditam que o Estado tem um papel econômico
importante, a fim de assegurar o bem estar social, enquanto outros acreditam
que o Estado deve ser o único controlador da economia.
O que o vírus põe em risco, hoje,
são os modelos adotados pelos liberais extremistas, defensores do mais radical
capitalismo financeiro. São esses países que correm o risco de terem maiores
danos econômicos e sociais, dentre eles estão os Estados Unidos, Brasil e
tantos outros.
DA FALSA IDEIA DE QUE A ECONOMIA
SOBREVIVERÁ COM O FIM OU O ABRANDAMENTO DO ISOLAMENTO SOCIAL
A economia é uma ciência humana,
voltada ao progresso da sociedade. Porém, hoje, a economia, ou o próprio
sistema financeiro, virou um fim em si mesmo, havendo governantes que defendem
a economia a qualquer custo, inclusive com o fim ou o abrandamento do
isolamento social, ainda que isso implique na perda de muitas vidas humanas.
O raciocínio desses líderes está
totalmente equivocado, pois o abrandamento do isolamento social não permitirá
que o sistema econômico não tenha graves danos. Explico.
O isolamento social inibe o consumo
desenfreado do desnecessário e levará à crise de pequenas e médias empresas,
mas a liberação social não servirá de garantia de que o consumo será retomado,
simplesmente porque o poder econômico e de consumo da população está diminuído
e, segundo, porque o objetivo primeiro de qualquer pessoa numa situação dramática
é salvar a sua própria vida, ou seja, evitar a exposição como ocorria no
momento precedente à pandemia do novo corona vírus, sem consumo de tantos
supérfluos. Assim, ainda que com a liberação social, o consumo será infinitamente
menor àquele existente na fase anterior ao COVID-19. Dessa forma, o
abrandamento do isolamento social só servirá para aumentar o número de pessoas contaminadas,
sobrecarregar o sistema de saúde e aumentar exponencialmente o número de mortos,
sem qualquer melhora significativa da economia.
Assim, os discursos daqueles que
dizem primar pelo salvamento da economia é vazio e de caráter meramente político
e demagógico.
DA SOLIDARIEDADE
Nessa crise humanitária, social e
econômica, quem surge no horizonte como uma das armas de salva vidas humanas é
a solidariedade.
Será ela, solidariedade, que
permitirá que um número enorme de pobres e desvalidos sejam salvos. Como em
qualquer guerra, são os pobres os primeiros alvos e as maiores vítimas da desnutrição
e da exposição ao conflito.
Será o ato fraterno de levar
alimentos, roupas e dignidade àquele invisível para o sistema econômico que
salvará a humanidade do maior risco que enfrenta nesse milênio.
E a solidariedade partirá primeiro
do próprio grupo social, alastrando-se para a sociedade, mas deverá alcançar o
Estado. Deve ele ser garantidor de que todos tenham, ao menos, capacidade de
sobrevivência.
DA RELIGIÃO COMO EXEMPLO
Não fujo, aqui, dos exemplos
simples trazidos pela humanidade por milênios. Dentre eles há os ensinamentos
religiosos, com exemplos clássicos do que significa o mal, como a imagem do
Bezerro de Ouro e os seus adoradores.
A adoração ao ouro era trazida
como corruptora do humano. E quando tentamos entender as profecias dos fins dos
tempos, com uma criação humana, julgávamos que seriamos colocados em risco
pelos robôs, quando na verdade será (ou já é, pois parece estar ocorrendo)
outra criação humana que poderá nos extinguir, o dinheiro, o capital, o sistema
econômico e a busca inconsequente, egoística e irresponsável pelo acúmulo de
bens e de capitais, a chamada riqueza econômica a qualquer custo, inclusive pela
miséria de tantos.
É óbvio que a religião não pode
ser adotada pela humanidade como um fim em si mesmo, mas como uma fonte que, ao
lado do conhecimento, do questionamento e da ciência, enriqueceria a Espiritualidade,
a busca pelo “Eu” pelo humano.
DA ESPIRITUALIDADE
Como em qualquer fase caótica, o
ser humano tende a interiorizar-se e praticar a já não tão valorizada reflexão,
buscando o que se denomina de Espiritualização ou Espiritualidade.
E é nessa espiritualização que o
ser humano poderá voltar a dar a todas as ciências humanas, como a filosofia, o
direito e a própria economia, o resgate de seu viés humano.
A filosofia era extremamente
humanista e espiritualizada durante a Idade Média árabe. E ela, filosofia, foi
se afastando da Espiritualidade e tornou-se cada vez mais fria, tão fria quanto
a irracionalidade que combate.
A economia surgiu nos primórdios,
como questão de troca, para a sobrevivência, mas hoje existe apenas como fonte
de acumulação, desvinculada de qualquer consequência social.
O direito, surgido como ideia de
por fim a litígios humanos, hoje preocupa-se mais com a ordem econômica e as
regras fictas que ela impõe aos humanos, afastando-se de sua natureza de
ciência humana.
Será ela, espiritualidade, sempre
ligada à ciência e à razão, o vetor de retomada do progresso humano. Para isso,
haverá a necessária precedente crise, o caos e a busca de socorro pelos valores
primeiros do humano.
DO POSSÍVEL NOVO CAMINHO PARA A HUMANIDADE
Menos arrogante, o humano deverá
aprender a valorar o outro e a própria natureza, buscando ter com ela uma
relação de equilíbrio.
A natureza, a nossa casa, a nossa
mãe primeira, continua a nos acolher, mas agora, não mais como bebês, que tudo
dela extraem de forma egoística, mas como jovens, devemos emanar amor, carinho,
compreensão e estender a mão, não para retirar algo, mas para oferecer a
retribuição.
Apenas essa busca pela retribuição,
pela fraternidade com os outros e pela espiritualização individual e coletiva será
capaz de mudar efetivamente o rumo da humanidade para melhor. É o progresso e a
mutação descritos sigilosamente na Cabala e na Alquimia. É a evolução que
buscamos. Busquemo-la! Revolucionemo-nos como esperança para o planeta e também
para o Universo que nos rodeia e a tudo observa silente.