domingo, 12 de abril de 2020

FRATERNIDADE, ESPIRITUALIDADE E RETRIBUIÇÃO À NATUREZA: A NOSSA TRANSFORMAÇÃO


INTRODUÇÃO
Precisávamos de um mísero vírus para que notássemos um grande equívoco adotado no caminho da humanidade.
A guerra contra o COVID-19 não envolve a utilização dos recursos bélicos mais tradicionais, mas principalmente ações de inteligência, de ciência e da mais robusta solidariedade.
O objetivo primeiro, numa guerra travada contra a própria humanidade, deve ser, obviamente, salvar a própria humanidade, ou seja, salvar vidas humanas. Num passo seguinte, a guerra deve voltar-se à busca da imunização. Assim, minimiza-se os danos num primeiro passo e, num segundo, derrota-se o vírus.
Salvando vidas, a humanidade poderá retomar o seu rumo.
Quem não seguir essa ordem, permitirá, ou pela omissão ou pela pouca importância à própria humanidade, que sejam debeladas milhares ou milhões de vidas humanas.
Se, de um lado, nesse momento, temos o retorno da solidariedade à reflexão humana, de outro temos a questão econômica como fator importante para a produção rápida de equipamentos de proteção e de equipamentos e insumos hospitalares.
Porém, nessa guerra, a economia não pode prevalecer sobre a vida, mas deve ser uma parceira, de forma a ser utilizada, como sempre deveria ter sido, a favor da sobrevivência da humanidade.

DA ECONOMIA
O radicalismo político, hoje, é reflexo de divergência sobre a tomada de decisões econômicas.
O capitalismo mundial, hoje, não é uníssono, pois há os que defendem uma maior ou menor capacidade da economia ditar regras sobre o dia a dia do cotidiano. Enquanto há países que vivem a falsa riqueza do capitalismo financeiro, outros vivem na fase do capitalismo industrial e outros ainda acreditam que o Estado tem um papel econômico importante, a fim de assegurar o bem estar social, enquanto outros acreditam que o Estado deve ser o único controlador da economia.
O que o vírus põe em risco, hoje, são os modelos adotados pelos liberais extremistas, defensores do mais radical capitalismo financeiro. São esses países que correm o risco de terem maiores danos econômicos e sociais, dentre eles estão os Estados Unidos, Brasil e tantos outros.

DA FALSA IDEIA DE QUE A ECONOMIA SOBREVIVERÁ COM O FIM OU O ABRANDAMENTO DO ISOLAMENTO SOCIAL
A economia é uma ciência humana, voltada ao progresso da sociedade. Porém, hoje, a economia, ou o próprio sistema financeiro, virou um fim em si mesmo, havendo governantes que defendem a economia a qualquer custo, inclusive com o fim ou o abrandamento do isolamento social, ainda que isso implique na perda de muitas vidas humanas.
O raciocínio desses líderes está totalmente equivocado, pois o abrandamento do isolamento social não permitirá que o sistema econômico não tenha graves danos. Explico.
O isolamento social inibe o consumo desenfreado do desnecessário e levará à crise de pequenas e médias empresas, mas a liberação social não servirá de garantia de que o consumo será retomado, simplesmente porque o poder econômico e de consumo da população está diminuído e, segundo, porque o objetivo primeiro de qualquer pessoa numa situação dramática é salvar a sua própria vida, ou seja, evitar a exposição como ocorria no momento precedente à pandemia do novo corona vírus, sem consumo de tantos supérfluos. Assim, ainda que com a liberação social, o consumo será infinitamente menor àquele existente na fase anterior ao COVID-19. Dessa forma, o abrandamento do isolamento social só servirá para aumentar o número de pessoas contaminadas, sobrecarregar o sistema de saúde e aumentar exponencialmente o número de mortos, sem qualquer melhora significativa da economia.
Assim, os discursos daqueles que dizem primar pelo salvamento da economia é vazio e de caráter meramente político e demagógico.

DA SOLIDARIEDADE
Nessa crise humanitária, social e econômica, quem surge no horizonte como uma das armas de salva vidas humanas é a solidariedade.
Será ela, solidariedade, que permitirá que um número enorme de pobres e desvalidos sejam salvos. Como em qualquer guerra, são os pobres os primeiros alvos e as maiores vítimas da desnutrição e da exposição ao conflito.
Será o ato fraterno de levar alimentos, roupas e dignidade àquele invisível para o sistema econômico que salvará a humanidade do maior risco que enfrenta nesse milênio.
E a solidariedade partirá primeiro do próprio grupo social, alastrando-se para a sociedade, mas deverá alcançar o Estado. Deve ele ser garantidor de que todos tenham, ao menos, capacidade de sobrevivência.

DA RELIGIÃO COMO EXEMPLO
Não fujo, aqui, dos exemplos simples trazidos pela humanidade por milênios. Dentre eles há os ensinamentos religiosos, com exemplos clássicos do que significa o mal, como a imagem do Bezerro de Ouro e os seus adoradores.
A adoração ao ouro era trazida como corruptora do humano. E quando tentamos entender as profecias dos fins dos tempos, com uma criação humana, julgávamos que seriamos colocados em risco pelos robôs, quando na verdade será (ou já é, pois parece estar ocorrendo) outra criação humana que poderá nos extinguir, o dinheiro, o capital, o sistema econômico e a busca inconsequente, egoística e irresponsável pelo acúmulo de bens e de capitais, a chamada riqueza econômica a qualquer custo, inclusive pela miséria de tantos.
É óbvio que a religião não pode ser adotada pela humanidade como um fim em si mesmo, mas como uma fonte que, ao lado do conhecimento, do questionamento e da ciência, enriqueceria a Espiritualidade, a busca pelo “Eu” pelo humano.

DA ESPIRITUALIDADE
Como em qualquer fase caótica, o ser humano tende a interiorizar-se e praticar a já não tão valorizada reflexão, buscando o que se denomina de Espiritualização ou Espiritualidade.
E é nessa espiritualização que o ser humano poderá voltar a dar a todas as ciências humanas, como a filosofia, o direito e a própria economia, o resgate de seu viés humano.
A filosofia era extremamente humanista e espiritualizada durante a Idade Média árabe. E ela, filosofia, foi se afastando da Espiritualidade e tornou-se cada vez mais fria, tão fria quanto a irracionalidade que combate.
A economia surgiu nos primórdios, como questão de troca, para a sobrevivência, mas hoje existe apenas como fonte de acumulação, desvinculada de qualquer consequência social.
O direito, surgido como ideia de por fim a litígios humanos, hoje preocupa-se mais com a ordem econômica e as regras fictas que ela impõe aos humanos, afastando-se de sua natureza de ciência humana.
Será ela, espiritualidade, sempre ligada à ciência e à razão, o vetor de retomada do progresso humano. Para isso, haverá a necessária precedente crise, o caos e a busca de socorro pelos valores primeiros do humano.

DO POSSÍVEL NOVO CAMINHO PARA A HUMANIDADE
Menos arrogante, o humano deverá aprender a valorar o outro e a própria natureza, buscando ter com ela uma relação de equilíbrio.
A natureza, a nossa casa, a nossa mãe primeira, continua a nos acolher, mas agora, não mais como bebês, que tudo dela extraem de forma egoística, mas como jovens, devemos emanar amor, carinho, compreensão e estender a mão, não para retirar algo, mas para oferecer a retribuição.
Apenas essa busca pela retribuição, pela fraternidade com os outros e pela espiritualização individual e coletiva será capaz de mudar efetivamente o rumo da humanidade para melhor. É o progresso e a mutação descritos sigilosamente na Cabala e na Alquimia. É a evolução que buscamos. Busquemo-la! Revolucionemo-nos como esperança para o planeta e também para o Universo que nos rodeia e a tudo observa silente.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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