De forma regulamentada,
ou não, o comércio existe desde as civilizações antigas.
As caravanas que atravessavam
desertos, a rota da Seda, as viagens de Marco Polo, e o povo Fenício bem
evidenciam o comércio forte existente em tempos remotos.
As pessoas e os próprios
governos comercializavam, vendiam e não eram capitalistas.
“Como assim?”, muitos
devem estar se perguntando.
Sim. O comércio existe muito
tempo antes do surgimento do capitalismo.
Hoje, muita gente
confunde a livre iniciativa, algo que já existia em tempos antigos, mas não com
esse nome, com o capitalismo, como se esse sistema econômico defendesse o
empreendedorismo. Não. Não é verdade.
O capitalismo, surgido no
Século XV, no final da Idade Média, e com o surgimento das grandes navegações, é
um sistema econômico que tem por base a propriedade privada e a acumulação ilimitada
de capital e que passou por três fases, a comercial, a industrial e a atual,
financeira.
A principal diferença do
comércio pré capitalismo para o capitalista é que naquele as mercadorias tinham
valor de acordo com a sua utilidade e demanda. Quanto mais exótico e raro o
produto, maior valor possuía. Hoje, ao contrário, o valor da mercadoria é apurado
pelos custos e lucros. Porém, para alguns produtos, o custo ainda se baseia na
demanda, pois quanto maior for essa, maior será o preço que o comerciante ou
industrial poderá cobrar, já que haverá procura e compra. Por isso, no
capitalismo a mão de obra não é concebida como uma parceira, e quanto menor for
o salário, maior será o lucro do empregador. Daí a concepção de luta de classes
formulada pelo comunismo e pelo seu criador conceitual, Karl Marx.
O capitalismo defende o
acúmulo de capital, o que difere diametralmente dos conceitos de livre
iniciativa e comércio.
Com o acúmulo de capital,
a tendência é formar-se grandes grupos econômicos ou financeiros, que por terem
capacidade maior de investimento e produção, cobrarão menos e ocuparão maiores
espaços, o que, ainda, gerará uma massa maior de trabalhadores que serão
submetidos aos salários pagos por esses grupos concentradores de mercado. É o
que se vê com os pequenos comerciantes, que se sujeitam a comprar franquias e
trabalhar para essas redes ou que tornam-se comerciantes (também considerados
trabalhadores) informais, como os camelôs.
Os defensores do
capitalismo dizem que é o lucro que tornará possível ampliar-se o
empreendedorismo e os avanços científicos. Balela!
Desde os primórdios
vendia-se de tudo e as pequenas invenções eram apreciadas por todos os povos
que tinham acesso ao comércio.
E, hoje, os avanços
científicos são, em grande parte, financiados pelos governos e não pela iniciativa
privada, o que torna a defesa do capitalismo, nesse aspecto, insustentável.
Uma pergunta. É possível
existir comércio sem que se adote o sistema capitalista ou comunista?
Sim. É perfeitamente
possível. A história da humanidade comprova isso, pois milênios antes de se
conceber o capitalismo, o mundo vivenciava grandes rotas e centros comerciais.
Um sistema que não adote
o lucro e a concentração de riquezas como objetivo, mas que tenha por base a
liberdade econômica baseada em critérios de igualdade de disputa, pode elevar
em muito o desenvolvimento de características do empreendedorismo.
Um outro sistema é
possível, e não precisa ser o comunista, que muitos tremem só de ouvir.
É possível um sistema
econômico menos cruel, menos predatório, menos centralizador e mais democrático
e, porque não dizer, respeitador da liberdade humana.
Mas um sistema desses não
interessa às Nações mais ricas, pois as mega empresas deixariam de existir para
dar espaço a pequenas e médias empresas, que tornariam o comércio mundial um
tanto mais competitivo e justo.
As relações de trabalho,
por consequência, seriam melhores aos trabalhadores.
Aos defensores
desenfreados do capitalismo, sugiro leitura e reflexão, além de amplitude de
consciência. O resto é conversa fiada.