Se há algo que me incomoda nas relações humanas é a perceptível ausência de lealdade em sua grande parte.
As relações tornam-se superficiais, objeto de mero uso e prazer e não de divisão, de atenção e verdadeira preocupação. Não há lealdade. Sequer há o que se poderia chamar de companheirismo.
Utilizamos o outro como se ele fosse um sujeito menor, problemático, e nós, os bondosos, fazemos crer que "doamo-nos" ao criticá-lo ferozmente e ao querermos igualá-lo à massa. Não o ajudamos com fraternidade, com luminosidade ou com a verdade. Não enxergamos o outro, mas o modelo padrão que temos em mente, tentando assim livrarmo-nos do peso do nosso caráter doentio de ter prazer em estar em matilha ao avistar um cadáver à frente. De estar sedento em devorar os fracos e mutilar os diferentes. É uma espécie de prazer sádico que domina grande parte das pessoas e dos relacionamentos.
Quando ocorre um problema verdadeiro, os pseudo amigos fogem, e são muitos. Grandes oportunistas. Raros são os que ficam, inclusive em relacionamentos amorosos. Quando ficam, não são valorizados pela vitima também oportunista, que mais tarde demonstrará o seu caráter. Poucos são os que veem e realmente apreciam essa qualidade tão ímpar e básica de qualquer relacionamento, seja familiar, de amizade ou de relacionamento afetivo.
Se o ser humano sobreviveu até hoje é porque nas relações houve lealdade, seja na caça, na guerra, nas relações familiares.
Afinal, uma pergunta, quanto tempo durará essa sociedade sem o sentimento de lealdade?