quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Pequenas geram mais de 50% dos empregos

As micro e pequenas empresas respondem por mais da metade dos postos de trabalho formais no Brasil. A maior parte desses empregos está no interior do país, informa o Sebrae.

Agência Brasil - Brasília

As micro e pequenas empresas correspondem a mais de 99% dos 5,8 milhões de negócios formais existentes no Brasil e empregam 52,3% dos 24,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada. Isso corresponde a 13,1 milhões de empregados. Destes, 8,5 milhões, ou 64,9%, vivem no interior do país.

Os dados constam da terceira edição do Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa, lançado hoje (31) pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A edição apresenta números de 2008 e 2009.

“As micro e pequenas empresas são responsáveis por um volume expressivo dos empregos e também por um volume e uma massa de rendimentos bastante relevantes”, avalia o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz, durante a apresentação do anuário. “Nossas empresas continuam empregando boa parte das pessoas formalizadas e, além disso, estão aumentando os salários. Isso é uma tendência que vem se mantendo desde 2002”, acrescentou o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto.

De acordo com o anuário, mais da metade dos 8,5 milhões de empregos estão localizados no interior da Região Sudeste, enquanto o interior da Região Sul registra 2,2 milhões de empregos, e o Nordeste, 967,7 mil. No Centro-Oeste, são 449,3 mil, e na Região Norte, 246,5 mil empregos situados no interior dos estados.

De 2000 a 2008, o número de micro e pequenas empresas aumentou de 4,1 milhões para 5,7 milhões – um crescimento de 40%. No período, foi ampliado em 4,5 milhões o número de empregados com carteira assinada, que estava em 8,6 milhões e passou para 13,1 milhões.

Os homens continuam sendo maioria entre os trabalhadores das micro e pequenas empresas. Em 2008, foram 3,7 milhões na microempresa e 4,5 milhões na pequena empresa. No entanto, essas empresas ampliaram a contratação de mulheres entre 2000 e 2008, passando de 1,5 milhão para mais de 2,3 milhões nas microempresas e de 1,3 para 2,3 milhões nas pequenas empresas.

Segundo o Sebrae, o aumento da contratação da mão de obra feminina é registrado principalmente nos setores do comércio e de serviços, seguido pela indústria. As unidades federativas que mais empregaram mulheres foram o Distrito Federal e as regiões metropolitanas de Salvador (BA), Belo Horizonte (MG) e Porto Alegre (RS). Já as regiões metropolitanas de São Paulo e Recife foram as que apresentaram a menor participação feminina no mercado de trabalho dos micro e pequenos empreendimentos.

Outra mudança apontada pelo anuário está relacionada à escolaridade, com as micro e pequenas empresas passando a contratar trabalhadores com grau de ensino mais elevado entre 2000 e 2008. Os trabalhadores com o ensino médio completo passaram de 21,4% para 41,7%. As contratações de empregados com o terceiro grau completo apresentaram uma leve subida, passando de 3,4% para 4,7%.

O anuário tem como base de dados diversos órgãos públicos, entre eles a Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese, a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Sebrae também lançou hoje o MPE Data, um site que atualizará constantemente informações sobre micro e pequenas empresas, bem como sobre o trabalhador brasileiro. A nova ferramenta pretende agregar em um único ambiente dados que ajudem a entender a realidade dos negócios no país e, dessa forma, facilitar o trabalho de profissionais e estudiosos interessados em desenvolver políticas públicas.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

MPF vê cartel entre Clube dos 13 e Globo

BRASIL DE FATO
Fábio Oscar,
Rede Brasil Atual

O grande ponto questionável é a cláusula de preferência da Rede Globo na transmissão do campeonato brasileiro

O Ministério Público Federal (MPF), consultado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), emitiu parecer contra o Clube dos 13 e a TV Globo. O órgão público entende que as partes praticam cartel na negociação dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. O processo tramita no Cade desde 1997 e cita até o SBT, que não entrou na briga pelos direitos de TV nas duas últimas negociações trienais. Até o fim do ano, o órgão deve definir uma pena para a Globo ou o Clube dos 13.

A entidade esportiva não quis comentar o caso, segundo reportagem do UOL. A emissora ainda não tem uma posição oficial sobre o assunto. O grande ponto questionável, segundo o MPF, é a cláusula de preferência da Rede Globo, que tem sempre o direito de igualar a proposta das rivais. Segundo Marcus da Penha, procurador regional da República e representante do MPF no Cade, o sistema não é legal.

“A prática teve efeitos anticompetitivos. O Clube dos 13 e a Globo limitaram e prejudicaram a livre concorrência ao usar a cláusula de preferência”, disse o procurador, em nota divulgada no site oficial do MPF.

Desde que o processo foi iniciado, outras empresas também reclamaram do sistema. A Record, por exemplo, abandonou a negociação de 2008 por entender que a cláusula dava preferência à Globo. A próxima negociação de direitos de TV do Campeonato Brasileiro está marcada para o primeiro semestre de 2011, quando serão acertados contratos dos próximos três anos.

A receita com direitos de transmissão das partidas é uma das principais fontes de renda dos clubes de futebol profissional. Além da fonte, transações de jogadores, principalmente para o exterior, e ações de marketing relacionadas ao fornecimento de material esportivo e patrocínios no uniforme completam a arrecadação.

Reforço à oposição do C13

Dirigentes que fazem oposição a Fábio Koff, presidente do Clube dos 13, ganham um argumento a mais com o parecer. Eles teriam iniciado um plano chamado de "implosão" da entidade, com o objetivo de minar o poder da atual diretoria. Corinthians, Vasco e Botafogo estão entre os líderes da oposição de acordo com o Blog do jornalista Ricardo Perrone.

Parte importante da ação é uma chuva de pedidos de clubes para negociarem diretamente com a Globo o próximo contrato de transmissão para o Brasileirão. Dez times teriam até procurado a emissora para negociar diretamente e afastar o Clube dos 13 – tirando sua principal função.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

RENATO, 1 ANO DE PARTIDA

Hoje faz um ano que um grande e importante amigo deixou de estar presente. Não está mais a rir, a brindar, a contar piadas e contagiar com a sua alegria sem fim. Está em uma dimensão que não conhecemos e é melhor que não conheçamos tão cedo.
Saudades desse amigo.
Renato, hoje já não choro como antes, mas as lembranças não desaparecem nem se ofuscam, continuando a brilhar, representando uma esperança de um dia lhe encontrar, amigo.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Doenças crônicas e ligadas à violência levam a novo perfil de mortes no país



Paula Laboissière

Brasília - Pesquisa divulgada hoje (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o padrão de mortes provocadas por causas infecciosas e transmissíveis no Brasil está sendo progressivamente substituído por óbitos decorrentes de doenças crônicas, degenerativas e também por causas externas ligadas a acidentes e à violência.

Dados indicam que doenças do aparelho circulatório constituem o principal grupo de causas de morte no Brasil. Entre os homens, o segundo lugar fica com acidentes e violência e, entre as mulheres, com as neoplasias (alterações celulares que podem provocar câncer).

De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais, uma melhora na cobertura e na definição das causas de morte permitiu a investigação de alguns padrões de mortalidade no Brasil. Houve uma redução considerável das chamadas causas mal definidas de óbito, por exemplo, nas regiões Norte e Nordeste.

Segundo o IBGE, transformações no perfil demográfico brasileiro foram intensificadas a partir da segunda metade da década de 70, marcadas pela significativa queda na fecundidade. Foram registradas também migrações, urbanizações, transformações sociais e econômicas e reorganização na composição e no tamanho da família.

Um dos resultados, de acordo com o estudo, é o progressivo envelhecimento da população, com impactos e novas demandas no sistema público de saúde. Uma avaliação das proporções de óbitos por grupos de idade registrados entre 1999 e 2008 destaca a redução da mortalidade nos primeiros anos de vida mas a elevação de óbitos de pessoas com 60 anos ou mais.

“O novo quadro epidemiológico decorrente da transição da estrutura etária brasileira requer adequação da infraestrutura de saúde para atender à crescente população idosa, de modo que profissionais relacionados às principais causas de enfermidades na população de 60 anos ou mais de idade sejam mais frequentes”, destaca o documento do IBGE.

domingo, 26 de setembro de 2010

O MONSTRO QUE SE FORTALECE


Israel confirma expulsão de 400 crianças não judias e ameaça usar força para cumprir a ordem

O governo de Israel determinou a expulsão de 400 crianças filhas de imigrantes que estão no país, segundo reportagem do canal de TV TeleSur divulgada nesta terça-feira (7/9). A razão exposta por Israel foi que "essas crianças não são judias". O governo ameaçou usar a força para cumprir a ordem, se necessário.

As expulsões devem começar a ser realizadas assim que acabarem as festas de celebração do ano novo judaico, que começam na quarta-feira (8/9).

O ministro do Interior israelense, Eli Yishai, que também é líder do partido religioso Shas, foi o principal defensor da medida. Ele considera que a presença das crianças "ameaça a totalidade da empreitada sionista".

"É preciso dizer adeus a eles, acabou o passeio. Todos têm que voltar para seus países", declarou Yishai, ao mesmo tempo em que acusou os pais de usá-los como "escudos humanos".

A disposição foi aprovada em agosto pelo gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em princípio, afetaria 1,2 mil filhos de trabalhadores estrangeiros não-judeus, procedentes na maioria das Filipinas, Tailândia e de países de maioria árabe da África, como o Sudão e o Egito.

Uso da força

Depois de varias revisões e apelações, estableceu-se que 400 crianças seriam enviadas de volta para os respectivos países de origem, sem importar que se tenham nascido em Israel. Os 800 menores restantes poderão ficar desde que comprovem que cumprem alguns requisitos exigidos pelo governo.

Entretanto, o Ministério do Interior determinou um prazo de 30 dias para "dar tempo" às crianças para que saiam do país e divulgou que, após esse período, recorrerá a "métodos mais drásticos" para executar a expulsão.

Um deles, afirma a TeleSur, poderia ser a Unidade Oz, braço armado da polícia de imigração de Israel, que tem ordens de usar a força para tirá-los do país.

sábado, 25 de setembro de 2010

CUBA MUDA E INCENTIVA AS COOPERATIVAS E O TRABALHO AUTÔNOMO

Cuba impulsa el trabajo autónomo y las cooperativas para salir de la crisis

El Estado concederá 250.000 permisos para empleos privados y les dará créditos

MAURICIO VICENT - La Habana

La apertura de Cuba a la iniciativa privada parece ir en serio. Cada día se conoce un poco más de los planes del Gobierno de Raúl Castro para reactivar la economía y aligerar la carga de un Estado mastodóntico e ineficiente, que controla más del 80% del empleo y que en el plazo de tres años ha de despedir a un millón de trabajadores (el 25% de los empleados estatales), la mitad de ellos en 2011. Según varios documentos a los que ha tenido acceso EL PAÍS, el plan es conceder el año próximo 250.000 licencias para ejercer el trabajo por cuenta propia y se prevé que otras 215.000 personas pasen al "sector no estatal" y creen cooperativas o microempresas. Las autoridades contemplan conceder créditos bancarios a los cuentapropistas y también que estos puedan "comercializar sus productos y servicios a las entidades estatales". Toda una novedad.
Se creará todo un sistema fiscal para gravar las nuevas actividades

Es pronto para saber cómo funcionará en la práctica esta apertura a la iniciativa privada y cuáles serán sus limitaciones, que sin duda las habrá. Hay muchas incógnitas, por ejemplo qué hará el Estado para garantizar a los nuevos autónomos y cooperativistas los suministros de materias primas, ya sea un simple tinte de pelo o la tela para hacer un pantalón. ¿Se encargará el Estado con su sistema de distribución ineficiente? ¿Lo hará a precios minoristas, como ahora, o mayoristas, como la gente pide? ¿Los particulares podrán importar?

Las preguntas son muchas. Tantas como la urgencia de poner el plan en marcha por la gravedad de la situación económica y para combatir el desempleo masivo que se avecina. El "proceso de inscripción" de los nuevos autónomos comenzará en octubre, según los documentos. Hasta ayer, en Cuba, con una población de 11 millones de habitantes, ejercían el autoempleo unas 140.000 personas. No había más porque el Estado restringió durante años la entrega de licencias por considerar esta iniciativa privada un "mal necesario". Ahora la pretensión es llegar a 400.000 en 2011.

Todavía más novedosa es la apertura al sector cooperativo no agrícola y, en menor escala, a las microempresas. El Gobierno se plantea permitir el trabajo asalariado y que los cubanos creen cooperativas de diversos tipos, tanto en el sector de la construcción -con la posibilidad de trabajar en obras públicas-, como establecer carpinterías, fábricas de conservas y de producción de alimentos, tintorerías y servicios funerarios.

Se introducirá un nuevo sistema fiscal para regular y gravar todas estas nuevas actividades. Está previsto un impuesto progresivo sobre los ingresos personales, otro sobre las ventas o los servicios, impuestos por la utilización de la fuerza de trabajo, por la contribución a la Seguridad Social (que será del 25%) y hasta una tasa "por la radicación de anuncios y propaganda comercial". Preocupa el impacto social que tendrá la eliminación de medio millón de empleos estatales en los próximos meses. El Estado prácticamente no tiene empleo que ofrecer, y a quienes no acepten ofertas en los sectores como la agricultura o la construcción, solo les garantizará un mes de salario por cada 10 años trabajados.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

ABSURDO: AUTORIZAÇÃO PARA DISCRIMINAR!

Discriminar con autorización


El director del Registro Civil avaló que los cinco funcionarios argumentaran “objeción de conciencia” para no cumplir la ley de matrimonio igualitario. Hay un pedido de informes por el caso y una inminente denuncia en la Justicia y el Inadi.


En Córdoba, al menos cinco oficiales del Registro Civil se niegan a cumplir la ley y cuentan para ello con el amparo de su director, Lorenzo Gatica. Se trata de funcionarios que, porque “no quieren ser afectados” por la labor, alegan “objeción de conciencia” para no casar a parejas integradas por personas del mismo sexo. La decisión fue posible gracias al beneplácito de Gatica, quien a fines de agosto distribuyó un instructivo en su jurisdicción para recordar que la Constitución provincial considera “inviolables” la libertad religiosa y de conciencia. Con esos argumentos, Gatica autorizó a que funcionarios públicos, alegando su moral privada, incumplieran la ley de matrimonio igualitario. “No se los puede obligar a hacer algo contra su voluntad, se niegan a casar parejas homosexuales y yo no los puedo obligar”, afirmó el funcionario. Sin embargo, la resolución ya le valió un pedido de informes (de acuerdo con la ley pública provincial), una inminente demanda penal por “incumplimiento de los deberes de funcionario público” y una denuncia ante el Inadi. Así lo explicó la abogada cordobesa Natalia Milisenda, representante de la ONG Devenir Diverse, que integra la Federación Argentina LGBT (Falgbt).

La ley de matrimonio igualitario no admite objeción de conciencia. “Ningún oficial público puede negarse a celebrar un matrimonio entre personas del mismo sexo. Cualquier propuesta de legitimar esta práctica ilegítima resulta claramente discriminatoria e inconstitucional”, explicó a este diario el dirigente Esteban Paulón, nuevo presidente de la Falgbt.

El funcionario Gatica declaró al diario Día a Día que, de acuerdo con su interpretación, la Constitución provincial cordobesa tiene preeminencia por sobre la ley de matrimonio igualitario, en lo que a libertad religiosa y de conciencia se refiere. El ejercicio de esos derechos, aseguró, “queda sujeto a las prescripciones de la moral y el orden público” y “nadie puede ser obligado a declarar la religión que no profesa”. Gatica afirmó que ambas observaciones son aplicables a la ley de matrimonio civil sancionada y promulgada este año. Los “objetores de conciencia”, contó, son “cuatro o cinco” oficiales a quienes no es posible “obligar a hacer algo en contra de su voluntad”, como casar parejas integradas por personas del mismo sexo. “La Constitución provincial avala la libertad de conciencia, y por eso aceptamos la objeción”, continuó, para luego aclarar que, de todas maneras, ese tipo de decisión por parte de oficiales del Registro Civil “no impide que las parejas gays contraigan matrimonio”. La ecuanimidad, sostuvo el funcionario Gatica, reside en que “a todos se les garantiza el derecho a casarse y para ello se designa a otro oficial que no presenta reparos de conciencia”. Todos los funcionarios de una localidad cordobesa podrían rehusar cumplir con su función: “Si hace falta, los casa el intendente de la ciudad”.

“Exigimos la retractación del funcionario de inmediato o procederemos a la denuncia penal”, aseguró Paulón en diálogo con este diario. Negarse a cumplir con lo que manda la Ley 26.618 de matrimonio civil igualitario hace que los funcionarios sean “penalmente responsables y pasibles de las sanciones que establecen los artículos 248 y 249 del Código Penal” para quienes no cumplan con sus deberes públicos.

En Córdoba, “las parejas se están casando de todas maneras”, aclaró la abogada Milisenda. “Pero la gravedad del caso es que un funcionario que es director del Registro Civil provincial se haya auto-otorgado potestades que no tiene al autorizar una objeción que no existe y que nuestro sistema normativo no permite.” El artículo 42 de la ley de matrimonio, recuerda, “dice que ninguna otra disposición legal puede entenderse de manera que restrinja o altere los derechos de las parejas integrados por personas del mismo sexo. El prejuicio no deja ver la gravedad del caso: un funcionario no puede decir ‘no hago esto porque es judío, gay, lesbiana...’ Un funcionario tiene que cumplir la ley, porque es general para todos”.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

MOSTRA INTERNACIONAL DE SÃO PAULO

Um dos eventos de cinema mais esperados do país é a "Mostra", como é carinhosamente chamada pelos cinéfilos paulistas. Ao lado do Cine Direitos Humanos e do É Tudo Verdade, de Documentários, a "Mostra" coloca São Paulo no circuito mundial do cinema de qualidade.
Vá ao site (www.mostra.org) para saber os filmes que passarão de 22 de outubro a 4 de novembro em algumas das melhores salas de cinema de S. Paulo.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mais da metade das mulheres negras trabalham sem carteira assinada


Rio de Janeiro - As mulheres negras (pretas e pardas) estão em situação pior no mercado de trabalho que as brancas, revela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no dia 17, mostrando que elas são maioria entre as trabalhadoras informais.

A pesquisa Síntese dos Indicadores Sociais 2009 destaca que enquanto metade das mulheres pretas (54,1%) e pardas (60%) trabalha sem carteira assinada, portanto, sem direito a benefícios como seguro desemprego e licença maternidade, o percentual de brancas na mesma situação é de 44%.

A situação contrasta com o fato de "um tipo de família mais vulnerável", segundo o documento, ser o de mulheres sem cônjuge, com filhos pequenos, cujos percentuais de mães pretas é de 23,3% e pardas, de 25,9%. Famílias nessas condições com mulheres brancas representavam 17,7% do total.

De acordo com o IBGE, a situação menos favorável das mulheres negras se dá em função da escolaridade e da renda. “Quando consultamos menores rendimentos, a maioria se declara preta ou parda. Tem uma correlação entre escolaridade, renda e cor flagrante”, justificou a pesquisadora, Ana Lúcia Sabóia.

Do total da população, a informalidade é maior entre as mais jovens e mais velhas. Entre aquelas de 16 a 24 anos, é de 69,2% e entre as com mais de 60 anos, de 82,2%. Segundo a pesquisa, os dois segmentos concentram pessoas com mais dificuldade de conseguir emprego.

"No caso da mais jovens, pode ser também pela dificuldade de conciliar emprego e estudos, e, no caso das mais idosas, o retorno de aposentadas e pensionistas ao mercado", diz o texto.

Em relação à posição na ocupação, a síntese destaca que os brancos eram 6,1% dos empregadores, enquanto os pretos eram 1,7% e os pardos, 2,8%. A maioria da população negra trabalhava sem carteira (17,4% entre os pretos e 18,9% entre os pardos). Entre os brancos, o percentual era de 13,8%.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Revolução mexicana serviu para romper com a Europa e gerar cultura própria, diz historiador

Marisol Rueda
OPERA MUNDI

A Revolução Mexicana, iniciada em 20 de novembro de 1910, foi uma resposta aos mais de 30 anos de governo do general Porfirio Díaz, uma ditadura que suprimia os direitos da maioria dos cidadãos e permitia grandes abismos na sociedade, favorecendo as classes mais abastadas do país – as únicas que gozavam dos benefícios da prosperidade mexicana. A falta de liberdades políticas, a pobreza que atingia grande parte dos mexicanos e as fraudes eleitorais de Díaz foram criando no país uma agitação que levou à irrupção da violência armada.

Em 1917, o ex-presidente Venustiano Carranza promulgou a Constituição, que não só foi o documento decisivo para a organização do Estado pós-revolucionário como também codificou várias das demandas que haviam dado início à revolução, como a inclusão dos direitos humanos, o fim da reeleição do presidente e do vice, a reforma agrária, a divisão do Poder Legislativo e uma maior soberania das entidades federativas, entre outras.

Cem anos depois da revolução, o historiador e escritor mexicano Alejandro Rosas analisou em entrevista ao Opera Mundi as contribuições do movimento armado, os retrocessos e o futuro político do país, entre outros temas.

Quais são as contribuições mais importantes da Revolução Mexicana para o país?

Ela contribuiu para proporcionar uma série de elementos jurídicos fundamentais. Ou seja, todas as demandas que sustentaram a Revolução Mexicana e não foram reconhecidas pelo ditador Porfírio Diáz terminaram codificadas na Constituição promulgada em 1917. Dentre os exemplos, o direito à greve, à associação e à educação.

Qual a herança positiva da Revolução Mexicana no país?

É o fato de que, apesar de tudo o que os mexicanos enfrentaram – crises econômicas e repressão – melhoramos na cidadania. Se a classe política continua comportando-se com os vícios de antes, se os sindicatos continuam corruptos como no passado, a cidadania se transformou. Hoje, mais de 80% da população sabe ler e escrever, as pessoas sabem exercer seu direito ao voto, criou-se uma consciência social importante. A cidadania já se organiza para se opor contra certos abusos de autoridade, para se posicionar com o governo e partidos políticos. O ponto mais forte é que, apesar de tudo o que aconteceu no século XX, houve a construção de uma sociedade, de uma cidadania que foi se consolidando de maneira firme. E este é o motor que nos permite esperar uma verdadeira mudança na mentalidade do país.

O México conseguiu uma revolução, mas quais foram os problemas posteriores?

Depois da Revolução Mexicana, houve uma ruptura do processo de desenvolvimento econômico e político do país. O problema é que, depois do século XX, o que sobra no México é um sistema que melhora os mecanismos do Porfiriato. O sistema político do PRI (Partido Revolucionário Institucional), que nasce em 1929, recupera do Porfiriato a submissão do Poder Legislativo ao Executivo, o controle dos Estados por parte do presidente, o controle e a submissão dos governadores pelo Executivo, da imprensa. Não vivemos sob uma ditadura, mas vivemos sob um regime autoritário durante 70 anos, um regime que construiu uma série de redes e interesses por sob a mesa, com impunidade, com privilégios, com certos compromissos com os grupos importantes do país, fossem legais ou não.

E é exatamente por causa dessa rede que a transição nos dá tanto trabalho hoje. Durante 70 anos, os mexicanos viveram sob um regime de impunidade, no qual todos cresceram de algum modo. Assim, a corrupção continua presente por causa desses anos de construção de um sistema que permitia a corrupção e a simulação. Era um sistema que dizia ser democrata, mas tolerava fraudes eleitorais; que dizia apoiar o campo, mas usava o controle político e social dos camponeses; que dizia respeitar o direito à greve, mas tinha centrais operárias totalmente corruptas.

Pela dimensão da Revolução Mexicana (um milhão de pessoas mobilizadas, vítimas, a diminuição da população e grandes batalhas), o país que nos resta está realmente muito abaixo das próprias expectativas em torno do movimento. Pode-se dizer, por exemplo, que a revolução trouxe segurança social, mas hoje o sistema previdenciário está à beira da bancarrota. O que temos hoje como país é o mínimo que o sistema poderia ter oferecido como produto da Revolução Mexicana. Hoje temos 40 milhões de pobres e só chegamos a um suposto regime democrático 70 anos depois.

Quais avanços a Revolução Mexicana permitiu em relação aos demais países da América Latina?

Em termos políticos, o México é um dos países mais vanguardistas em legislação até 1920. Todas as demandas, como o direito à greve, jornada de trabalho de oito horas, educação gratuita, recuperação da terra, são demandas que quase nenhum país havia atendido até aquele momento, e o México as codificou na Constituição de 1917.

Em termos culturais, há uma descoberta importantíssima sobre o que é a “mexicanidade”, pois a partir da revolução começamos a enxergar nós mesmos. Ocorreu um importante processo educativo e cultural nos anos 1920, com os muralistas, o surgimento da música mexicana e das letras. A revolução serviu para parir o México, pois o Porfiriato era um afrancesamento e uma europeização que se manifestavam em todos os âmbitos da cultura. Com a revolução surgiu uma cultura mexicana que se colocou à vanguarda dos países europeus.

Que retrocessos ocorreram no México depois da revolução?

Ainda não conseguimos estabelecer um estado de direito. A lei continua sendo aplicada de um modo discricionário em alguns casos. Setores que já deveriam ter sido sanados, como a segurança pública, vivem seu pior momento. Agora que supostamente já avançamos na transição rumo à democracia, temos os piores momentos na segurança pública, com a corrupção ainda reinando nas esferas do poder. Mais que retroceder, não conseguimos vencer certas etapas que já deveriam ter sido superadas, como a impunidade, a corrupção e a discricionariedade na aplicação da lei.

Qual o futuro da sociedade do México?

A classe política atual ficou abaixo das expectativas no que diz respeito às necessidades do país para consolidar essa transição política à democracia, pois não vivíamos em um regime democrático. Diante de uma ausência de poder e de um projeto nacional, o papel da sociedade é continuar exercendo essa responsabilidade e ampliá-la. É na sociedade civil que está a solução para que o país avance e encontre uma renovação geracional nas estruturas políticas, uma maior participação e uma maneira de enfrentar os problemas. Se não retomarmos a ideia defendida por Francisco I. Madero, a do cidadão livre independente, livre e comprometido com seu país, não poderemos dar o próximo passo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A mídia é o grande prato do restaurante canibal

Breno Altman - Opera Mundi
extraído da agência Carta Maior

Não é a primeira vez que importantes meios de comunicação metem o pé na jaca. A revista Veja, em abril de 1983, publicou matéria anunciando a fusão da carne de boi com o tomate, depois de cair em uma brincadeira da revista inglesa New Science, preparada para celebrar o dia da mentira. O caso Boimate, como é conhecido, entrou para a mitologia jornalística como a maior “barriga” (notícia inverídica) de todos os tempos. O caso do "restaurante canibal" em Rondônia tem grandes chances de roubar-lhe o lugar no pódio.

O trabalho eficaz de dois jornalistas, Pedro Aguiar e Laisa Beatris, profissionais da redação de Opera Mundi, trouxe ontem (26/08) a público caso vergonhoso de colonialismo cultural e abuso da boa-fé dos leitores. A história, que pode ser lida no artigo “Mídia internacional ignora indícios de fraude e publica notícia sobre restaurante canibal”, revela o estado de indigência que afeta parte da imprensa mundial.

Tudo começou quando um político alemão denunciou, ao diário sensacionalista Bild, a existência de restaurante brasileiro, chamado Flimé, no estado de Rondônia, que oferecia carne humana e estaria planejando abrir filial em Berlim. O vereador Michael Braun, dirigente local da União Cristão-Democrática, alegando ter recebido informação de eleitores, protestou contra as intenções do famigerado estabelecimento.

A origem primária das denúncias, logo se soube, estaria em vídeo e página divulgados pela internet. Os autores, provavelmente de nacionalidade portuguesa, talvez na intenção de se vingar das piadas contra seus patrícios, resolveram armar pegadinha contra os brasileiros. No jargão da rede, chama-se essa informação forjada de hoax.

O mais incrível é que a existência do restaurante canibal imediatamente se espalhou entre diversas agências e veículos do planeta. O inglês The Guardian, a espanhola Efe, a italiana Ansa, a alemã Der Spiegel e o português Expresso estão entre as publicações que caíram no engodo. Também comprou gato por lebre a brasileira Folha.com. A reportagem de Opera Mundi provou que não há canibalismo nem restaurante algum.

Aparentemente nenhuma das redações enroladas pelo conto dos portugueses se deu ao trabalho de apurar história tão escabrosa. O restaurante não foi checado. Não se analisou com rigor a gravação que circulou no You Tube. A página web que anunciava as estranhas iguarias tampouco recebeu o devido escrutínio.

Não é a primeira vez que importantes meios de comunicação metem o pé na jaca. A revista Veja, em abril de 1983, publicou matéria anunciando a fusão da carne de boi com o tomate, depois de cair em uma brincadeira da revista inglesa New Science, preparada para celebrar o dia da mentira. O caso Boimate, como é conhecido, entrou para a mitologia jornalística como a maior “barriga” (notícia inverídica) de todos os tempos. O affair Flimé tem grandes chances de roubar-lhe o lugar no pódio.

O problema não é apenas a preguiça dos jornalistas que deram ares de verdade à denúncia fajuta. A substituição da informação pelo espetáculo, de fato, tem poder tóxico sobre a inteligência da imprensa e contamina sua disposição de pegar no batente. Mas, é evidente, nesta situação também jogou peso decisivo a arrogância colonial dos brancos de olhos azuis. Canibalismo no Brasil? Terceiro Mundo? Terra de índios, negros e mulatos? Pau na maquina, que se não for verdadeiro, ao menos está bem contado.

A barrigada, que deveria provocar indignação da mídia brasileira e resposta à altura do governo, porque difama a imagem internacional do país, diz muito a respeito de como funcionam os monopólios mundiais da comunicação. Seus donos e operadores, de tão imbuídos do papel de vanguarda cultural do colonialismo, não perdem sequer uma história da carochinha para demonstrar a suposta primazia civilizatória das nações ricas sobre os povos do sul.

Breno Altman é jornalista e diretor editorial do site Opera Mundi (http://www.operamundi.com.br/)

domingo, 19 de setembro de 2010

sábado, 18 de setembro de 2010

SERES HUMANOS LIMPOS E CONSERVADORES?

Baseada numa pesquisa realizada por canadenses e britânicos em universitários estadunidenses, a revista Super Interessante revela que ficamos propensos a agir da forma que julgamos correta, inclusive fazendo julgamentos morais mais rigorosos, quando "estamos fisicamente limpos", e isso por 'nos sentirmos também “moralmente limpos'".

Clique e leia a matéria.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

CRUELDADE CONTRA FILHOTES É FILMADA

Jovem, que a mídia afirma ser croata, atira filhotes de cão em rio e filma a cena.
O que muitos seres humanos não são capazes de fazer para obter 5 minutos de fama? Precisa de tanta crueldade?
As cenas abaixo foram divulgadas pela internet e gravadas pela TV Record, disponibilizadas na sua página R7.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Washington apoia processo de paz entre Israel, Síria e Líbano

Após as declarações do enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, George Mitchell, à Agência AFP, de que os Estados Unidos desejam a paz entre Israel, Síria e Líbano, é possível que o governo Obama parta para uma ofensiva diplomática exitosa. Trata-se de uma estratégia para conter a perigosa extrema direita estadunidense que se apega ao ofuscamento dos Estados Unidos no plano internacional.

Que os fundamentalistas de lá colaborem de certo modo para a obtenção de paz do outro lado do mundo. 

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

DIREITOS HUMANOS: UM NOVO MINISTRO PARA O STF


O Supremo Tribunal Federal é a mais alta Corte jurídica do país. É nesse órgão que são decididas as grandes questões nacionais, as grandes causas e os grandes impasses jurídicos.

O STF, como é chamado no dia-a-dia de quem milita no direito, é composto por 11 Ministros, todos indicados pelo Presidente da República. Os requisitos básicos para os candidatos a compor o Supremo Palácio da Justiça são ter notório saber jurídico e conduta ilibada, além da idade mínima.

Há grandes nomes, juristas de peso, que compõem o Tribunal. Disso ninguém tem dúvidas, mas falta um tipo específico. Falta alguém profundamente ligado aos Direitos Humanos. Alguém que tenha tido uma militância combativa e que tenha grande conhecimento teórico. Em um país com tanta injustiça social, com um salário mínimo para lá de indigno, com um passado não muito remoto de ditadura e de infinitas atrocidades, com o desprezo de culturas nativas, e um verdadeiro oceano de oportunidades para os assassinatos de parte da população por esquadrões da morte, torna-se necessário ou, mais exatamente, de rigor, a indicação de alguém com o perfil de defensor dos direitos humanos, seja para arejar os demais Ministros componentes da mais alta esfera judiciária nacional, seja para nortear algumas decisões, seja para permitir, de vez, que o Brasil ingresse em um mundo mais próspero em respeitabilidade das diferenças, dos direitos fundamentais e da valorização de princípios muito caros à nossa sociedade.

Afinal, o respeito aos Direitos Humanos é o básico do direito, como qualquer estudante primeiro-anista tem conhecimento. De nada adianta, portanto, termos grandes decisões sobre células-tronco e direito aeroespacial se não tratarmos o básico, o elementar, os direitos humanos de todos nós.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

FICA PARA A HISTÓRIA: Fidel admite injustiça com homossexuais em Cuba

Por: João Peres, Rede Brasil Atual

São Paulo - O líder cubano Fidel Castro admitiu que se cometeu uma grande injustiça contra os homossexuais no país. Na segunda e última parte da entrevista ao diário mexicano La Jornada, o ex-presidente assumiu o tom da autocrítica frente a duras observações da repórter Carmen Lira Saade.

Fidel apontou que, embora não tenha preconceitos pessoais, não deu a devida atenção ao tema ao longo das cinco décadas de governo. Ele afirmou que esteve muito atento a resistir às tentativas dos Estados Unidos de derrubar o regime e não soube explicar exatamente como o preconceito foi se instalando dentro do Estado, embora tenha apontado a raiz cultural de uma nação em que se valorizava a condição do homem.

Durante muitos anos a homossexualidade foi punida com a prisão em Cuba. Atualmente, Mariela Castro, filha de Fidel, comanda uma instituição que tenta promover os direitos dos homossexuais e reverter o desgaste gerado no exterior pela questão.

Reproduz-se a seguir uma parte da entrevista publicada no La Jornada com o líder.

- Quem foi, portanto, o responsável, direto ou indireto, de que não se desse um basta ao que estava ocorrendo na sociedade cubana? O Partido? Porque o Partido Comunista de Cuba não explicita em seus estatutos a proibição a discriminar por orientação sexual.

- Não. Se alguém é responsável, sou eu... É certo que nesses momentos eu não podia me ocupar desse assunto. Encontrava-me imerso, principalmente, da Crise de Outubro, da guerra, das questões políticas.

- Mas isso se converteu em um sério e grave problema político, comandante.

- Compreendo, compreendo. Nós não soubemos valorizar... sabotagens sistemáticas, ataques armados ocorriam todo o tempo: tínhamos tantos e tão terríveis problemas, problemas de vida ou morte, sabe? Não prestamos suficiente atenção.

- Depois de tudo aquilo tornou-se muito difícil fazer a defesa da Revolução no exterior... A imagem havia se deteriorado para sempre em alguns setores, sobretudo da Europa.

- Compreendo, compreendo. Era justo.

- A perseguição a homossexuais podia se dar, com maior ou menor protesto, em qualquer parte. Não na Cuba revolucionária.

- Compreendo. É como quando o santo peca, né? Não é o mesmo que peque o pecador, não?

domingo, 12 de setembro de 2010

Maquete do bicentenário

País discute com a sociedade metas para os 200 anos da Independência. Plano busca antídoto para políticas neoliberais e quer garantir ações efetiva

Por: Maurício Thuswohl

Plano para 2022 inclui universalização do atendimento escolar
Empossado em outubro de 2009, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, foi chamado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e recebeu uma encomenda: elaborar um plano para o bicentenário da Independência do Brasil. “Ele pediu que eu colocasse em um documento aquilo que a sociedade desejaria ser em 2022”, resume o ministro. Começava um processo de consultas que resultaria no Plano Brasil 2022. O documento, apresentado oficialmente no final de junho, estabelece metas e ações para os próximos 12 anos nas áreas sociais, de economia e infraestrutura – fruto de um processo de consulta a 20 mil entidades civis, que contribuíram com críticas e sugestões.

As discussões se deram em grupos de trabalho que contaram com a participação de dirigentes de diversos ministérios, técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e representantes de setores da sociedade, como trabalhadores, empresários, artistas, políticos e intelectuais. As ações envolverão 36 setores de governo em áreas definidas como Estado, economia, infraestrutura e social.

A partir de uma perspectiva totalmente antineoliberal, o Plano Brasil 2022 já ganhou lugar no rol das iniciativas do atual­ governo que provocam arrepios em seus críticos. Em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, o ex-secretário de governo tucano José Goldemberg critica Pinheiro Guimarães por expor “visões ideo­lógicas” e afirma que as metas propostas são “arbitrárias”.

Algumas metas parecem impraticáveis para setores da política brasileira que pregam a diminuição dos gastos públicos e a redução da presença do Estado na economia. Entre os objetivos estão listados pontos como “reduzir à metade a concentração fundiária”, “erradicar o analfabetismo”, “universalizar o atendimento escolar de 4 a 17 anos”, “reduzir pela metade o número de homicídios” ou “reduzir o desmatamento ilegal a zero”.

Tendências

O plano parte de perspectivas do cenário global nos próximos anos, no qual o mundo conviverá com a aceleração da transformação tecnológica, mas também com o agravamento da situação ambiental e energética, das desigualdades sociais e da pobreza; as migrações, o racismo e a xenofobia; a concentração de poder pelos países ricos e a insistência destes em ditar parâmetros para as economias domésticas dos subdesenvolvidos. Segundo Pinheiro Guimarães, o fosso tecnológico que separa países ricos e pobres tende a aumentar nos próximos anos e será fator de crise. Ele cita a informática e nichos como a engenharia genética e a nanotecnologia como exemplos de setores particularmente sensíveis nesse “apartheid tecnológico”.

O ministro chama a atenção também para os aspectos militares da crise provocada por essa desigualdade: “O progresso tecnológico afetará desde a doutrina ao equipamento e aumentará cada vez mais a eficiência letal dos armamentos, a sua miniaturização, o seu controle remoto e a sua colocação no espaço. Isso terá como consequência a ampliação do hiato de poder, especialmente entre os Estados Unidos e os Estados subdesenvolvidos da periferia”, diz.

No campo energético, ele acredita que ocorrerá uma transformação da atual matriz energética baseada em carbono para outra, baseada em fontes de energia renováveis: “Tudo indica que essa transformação será lenta e conflituosa devido aos poderosos e numerosos grupos de interesse econômico dentro dos países”.

O fortalecimento da relação do Brasil com outros países também é meta prioritária para os próximos anos: “A ação brasileira em um cenário mundial político e econômico tão complexo e difícil somente poderá ter êxito se articulada politicamente com a ação de outros Estados da periferia, sejam eles grandes, como a Argentina, a África do Sul, a China e a Índia, sejam de menor dimensão. Mas, certamente, essa articulação deve começar pelos países da América Latina e, nela, pelos nossos vizinhos da América do Sul”.

O físico José Goldemberg faz críticas ao plano por lançar “toda a culpa dos atuais­ problemas em opções neoliberais, o que é um exagero”. Para ele, o plano parece não compreender a realidade atual, particularmente quando atribui o agravamento da situação ambiental-energética às teorias liberais. O ministro Pinheiro Guimarães expressa essa tese da seguinte forma: “A expansão das atividades industriais com base nas teorias liberais relativas à melhor organização da produção e do consumo, a partir do dogma do livre jogo das forças de mercado, levou a um desperdício enorme de recursos naturais e de vidas humanas”.

ALGUMAS METAS DO PLANO BRASIL 2022 (www.sae.gov.br/brasil2022)

Reduzir à metade a concentração fundiária

Regularizar a propriedade de terra

Dobrar a produção de alimentos

Dobrar a renda da agricultura familiar

Concluir o zoneamento econômico-ecológico de todo o país

Garantir a segurança alimentar a todos os brasileiros

Reduzir pela metade o consumo de drogas

Alcançar 50% de participação das fontes renováveis na matriz energética

Elevar para 60% o nível de utilização do potencial hidráulico

Dobrar o consumo per capita de energia

Instalar quatro novas usinas nucleares

Erradicar o analfabetismo

Universalizar o atendimento escolar de 4 a 17 anos

Atingir as metas de qualidade na educação dos países desenvolvidos

Interiorizar a rede federal de educação para todas as microrregiões

Atingir a marca de 10 milhões de universitários

Ter uma praça de esportes em cada município

Incluir o Brasil entre as dez maiores potências olímpicas

Garantir o monitoramento integral das fronteiras terrestres e das águas jurisdicionais

Lançar o primeiro veículo lançador de satélites (VLS) construído no Brasil

Assegurar tratamento digno a todos os presidiários

Reduzir à metade os detidos sem sentença

Reduzir pela metade as mortes no trânsito

Reduzir pela metade o número de homicídios

Universalizar a Previdência Social

Ter agências da Previdência em todos os municípios ou consórcios de municípios

Demarcar todas as terras indígenas e dar sustentação socioeconômica às áreas indígenas demarcadas

Assegurar a efetividade da execução da dívida ativa da União

Implantar e expandir os mecanismos de conciliação e transação com o Estado

Assegurar total transparência das despesas públicas nos três níveis e nos três poderes

Reduzir o desmatamento ilegal a zero

Reduzir em 50% a emissão de gases de efeito estufa

Tratar de forma ambientalmente adequada 100% dos resíduos sólidos

Aumentar a reciclagem dos materiais que têm valor econômico no pós-consumo para 30%


Nova economia

Para o vice-presidente-executivo do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, o empresário Paulo Itacarambi, tão importante quanto o objetivo é o planejamento, ou seja, como atingir as metas. “A agenda tem de incluir uma nova economia”, afirma. O próprio Ethos discutiu recentemente a sua visão para os próximos dez anos. O instituto defende “uma economia ao mesmo tempo inclusiva, verde e responsável”.

Ouvido para o plano como representante do Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção, Itacarambi observa uma “macrotendência mundial” de crescimento da chamada economia verde, incluindo baixo nível de emissões de carbono e melhor reaproveitamento de resíduos como matérias-primas. “Os processos industriais vão se relacionar de forma muito mais amigável com as questões ambientais.” Isso passa também por uma melhor distribuição da riqueza, acrescenta o executivo. “O processo concentrador está na forma como a riqueza é produzida. Cada vez mais a participação do trabalho é menor”, afirma. Assim, essa nova economia terá de garantir “menor desigualdade de acesso à renda, ao trabalho, aos direitos, à Justiça, aos serviços básicos”.

É preciso ainda, aponta, que as ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) incorporem essa perspectiva de longo prazo. “Estamos pensando nas obras de infraestrutura com esse critério? O pré-sal também está sendo pensado dessa maneira? O importante é que o plano tenha continuidade, mesmo que haja mudança de partido que está na condução do governo.”

Eficiência

Para o Greenpeace, o plano – que fala em crescimento anual de 7% nos próximos 12 anos e, para isso, dobrar o consumo de energia per capita – peca por não estabelecer metas de aumento da eficiência dos sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia, além do consumo. “Dobrar o consumo per capita é uma necessidade relativa. Podemos ser mais eficientes nos processos produtivos e ter crescimento da economia utilizando cada vez menos energia”, diz Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energias renováveis da ONG.

Segundo ele, o plano para 2022 mantém a política de construção de grandes hidrelétricas em regiões remotas e a dependência de linhas de transmissão de “milhares de quilômetros” para abastecer as principais atividades econômicas e as maiores cidades do país. “Fala-se muito pouco em relação à eficiência das linhas de transmissão”, critica.

Para Baitelo, o plano de expansão da capacidade instalada de geração elétrica será feito na Amazônia – “fatalmente” com impacto nas populações locais. Como acontecerá, cita, na futura usina de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). O coordenador do Greenpeace teme que os impactos sociais e ambientais provoquem conflitos e demandas na Justiça e lamenta que o plano não contemple a potencialização das hidrelétricas já instaladas, com a substituição de turbinas antigas por equipamentos novos e mais eficientes.

Ideias não faltam. O professor Ladislaw Dowbor, do Departamento de Pós-Gradua­ção da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, identifica uma inovação já no fato de ter havido uma consulta pública técnica. “Não me lembro de ter visto uma consulta assim antes (no Brasil).­ Vi vários tipos específicos, mas não amplos assim, nem com consulta à sociedade”, diz Dow­bor, uma das personalidades consultadas. Para o presidente do Núcleo de Estudos do Futuro, da PUC, o planejamento de Estado não pode mais se restringir a um ciclo de governo de quatro anos. “Quando se elabora um documento que apresenta uma visão estratégica para o país, você estimula a reflexão da sociedade”, diz. “Hoje, os representantes do povo no Brasil são eleitos basicamente pelas grandes empresas, por meio do financiamento de campanhas. Temos bancada dos banqueiros, dos ruralistas, que defendem seus interesses... Só não tem bancada do cidadão. Isso não deixa que aflorem interesses mais amplos. Enquanto isso não mudar, é difícil.

O professor defende a conduta adotada pelo atual governo, que tem direcionado esforços para uma “significativa” redução da desigualdade social. “Então há esperança.”
Ensaio geral

Os principais pontos do Plano Brasil 2022 foram apresentados pelo ministro Samuel Pinheiro Guimarães a estudantes da Universidade de Brasília (UnB) na primeira semana de julho. O ministro disse que a afirmação política e econômica do país deve passar pela superação de antigos dogmas: “Os parâmetros que surgiram como resultado das negociações da Rodada Uruguai (foro de negociações desenvolvido de 1986 a 1994) e se concretizaram no conjunto de acordos que vieram a criar a OMC (Organização Mundial do Comércio) limitaram de forma significativa a capacidade dos países subdesenvolvidos de organizar e executar políticas de desenvolvimento necessárias à superação de suas fragilidades econômicas e sociais”.

No ensaio que abre o Plano Brasil 2022, Pinheiro Guimarães afirma que a aproximação do bicentenário da Independência acontece ao mesmo tempo em que “se inicia a etapa soberana e altiva do Brasil multirracial, multicultural e multifacetado”. Afirma também que a data simbólica é uma oportunidade de “reduzir de forma radical as desigualdades sociais que nos dividem e nos atrasam, de eliminar as vulnerabilidades externas que nos ameaçam em nosso curso e de realizar nosso gigantesco potencial humano e material”.

O ministro admite não nutrir ilusões de que o sistema internacional venha a sofrer mudanças significativas nos próximos 12 anos, mas acredita que o Brasil, “devido às suas dimensões territoriais e geográficas e aos seus extraordinários recursos naturais”, tem potencial para marchar por conta própria: “A extensão do papel do Estado é a grande questão que surgiu com a crise de 2008, em que ainda está o mundo imerso, resultado da aplicação extremada na ideologia neoliberal, crise que clama por uma solução”.

sábado, 11 de setembro de 2010

A IMBECILIDADE E A FALTA DE RAZÃO

Nesse mundo pasteurizado e globalizado, onde as pessoas tendem a tornar-se mais assemelhadas, não importando tanto as tradições culturais ou étnicas, tampouco o canto em que residam, há indivíduos que surpreendem pelo seu caráter, idealismo, inteligência e obstinação. Mas esse não é o caso do pastor protestante Terry Jones (foto), líder de uma Igreja na Flórida, Estados Unidos, que tem ao todo 50 ardorosos fiéis, e que entre nós, pode ser chamado de "im-be-cil". Sim, separei as sílabas para dar a impressão da palavra ter sido dita vagarosamente.

E, calma, não estou precisando de água com açúcar. Não estou nervoso. Fiz apenas uma constatação. Veja abaixo.

Esse senhor Terry deseja queimar cópias do Alcoorão, a Bíblia Sagrada dos irmãos Muçulmanos, em “razão” dos ataques havidos no dia 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos. Nove anos após os fatos dolorosos ao povo estadunidense, vem um “líder” religioso perante a mídia pedir “vingança”. Absurdo? O fato é que muitos líderes religiosos - de quase todas as religiões - parecem estar recebendo a visita do anticristo que visa pregar a luta entre os irmãos. Esse é apenas mais um deles. Parece-nos inconcebível que o ódio seja uma palavra de ordem proclamada pelos líderes de Fé.

Inicialmente, tenho que relembrar que eu tenho sérias dúvidas sobre a articulação desse ataque terrorista. Já expus os meus motivos neste blog. Porém, ainda que a barbaridade tenha sido organizada por meia dúzia de radicais islâmicos de uma organização chamada Al Qaeda, isso não justifica uma provocação dessa ordem.

Queimar os livros Sagrados de qualquer Religião é pedir um confronto certo. Espero que os mais de 1 bilhão de muçulmanos percebam que a queima de um livro não significa a morte de uma fé. Há uma grande diferença envolvida. Espero, assim como boa parcela da humanidade de todas as Religiões, que a reação dos irmãos muçulmanos seja menos emotiva e mais racional, diferenciando os ocidentais desse bárbaro que se diz pregador de uma Igreja e o ato de queimar um livro do ato quase que impossível de se tentar apagar a fé.

Esse senhor, que com o seu pequeno bigode tenta lembrar o visual do mais famoso militar americano - o Coronel Custer (foto ao lado), comandante da Sétima Cavalaria-, afronta os princípios e interesses do seu próprio país. A última coisa que os Estados Unidos precisam, hoje, é  envolver-se em um episódio gratuito de confronto, pois vivenciam uma crise econômica e de poder sem precedentes em sua história.

Que a salvação esteja a caminho, seja através da Sétima Cavalaria, seja através do bom senso dos Justos e dos Injustos.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Após 20 anos da abertura da vala de Perus, ativistas defendem revisão da anistia

Autoridades e integrantes de organismos de direitos humanos ponderam que há remanescentes da ditadura em cargos públicos e que é preciso fazer o acerto de contas com o passado



A ex-prefeita Luiza Erundina ao lado do vereador Ítalo Cardoso e de representantes do MPF e do Planalto na Câmara Municipal (Foto: Renatto de Sousa. Câmara Municipal)

São Paulo – São Paulo lembrou nesta segunda-feira (30) os 20 anos da abertura da vala clandestina do Cemitério Dom Bosco, no bairro paulistano de Perus. Uma sessão solene organizada na Câmara Municipal contou com a presença de autoridades e integrantes da sociedade civil envolvidos no trabalho realizado em 4 de setembro de 1990.

À época, familiares de mortos e desaparecidos da ditadura militar (1964-85), em parceria com o poder público municipal, conseguiram comprovar a localização dos corpos de vítimas do regime. Hoje se sabe que a intenção oficial era incinerar as ossadas. Os mortos passaram a ser enterrados em valas comuns ou em túmulos separados a partir do fim da década de 1960, primeiro no Cemitério de Vila Formosa, e depois no Dom Bosco, construído na gestão municipal de Paulo Maluf.

A prefeitura chegou a encomendar a uma empresa dos Estados Unidos dois fornos crematórios que seriam instalados em Perus. No entanto, a empresa estranhou a encomenda e se negou a fornecer os equipamentos, mais tarde instalados em Vila Alpina.

Com isso, as ossadas, que já haviam sido retiradas dos túmulos, foram todas arremessadas em uma vala comum. Em 1990, por fim, foi possível fazer a abertura e detectar que havia mais de 1.500 corpos lá dentro, a maior parte de mortos “comuns”.

A deputada federal Luiza Erundina, à época prefeita de São Paulo, lembra da manhã em que recebeu a notícia da abertura da vala e se deslocou ao cemitério para evitar ações danosas de integrantes do Instituto Médico Legal (IML) remanescentes da ditadura. “Devem ter colocado alguns pareceres para esconder a verdade sobre aqueles crimes políticos. Tivemos de buscar apoio político para ajudar a preservar a integridade daquelas ossadas porque havia rumores de que os autores poderiam vir a desaparecer com aquelas ossadas”, afirma.

Tereza Lajolo, que foi relatora da comissão parlamentar de inquérito aberta na Câmara Municipal, destaca que o êxito do trabalho é fruto dos que não se curvam a abrir mão da história, mesmo que sejam chamados de revanchistas.“Se eles (familiares) não tivessem persistência pela nossa história, não estaríamos aqui. É isso que é fundamental. Quero chamar atenção para isso. O que verifico é que as pessoas abrem mão da sua história por conta de acordos que vamos fazer para poder avançar. Avançar no quê?”

Acerto histórico

Todos os presentes à sessão solene lembraram a necessidade de fazer o acerto histórico com as contas da ditadura para garantir que o problema não se repita. Uma das críticas principais voltou-se ao Supremo Tribunal Federal (STF), que em abril decidiu que a Lei de Anistia firmada em 1979 foi fruto de um amplo acordo da sociedade com o regime, não havendo motivo para possibilitar a punição dos crimes de tortura. “A lei está incompleta, não é o resultado do movimento pela anistia, não é o que passou pelo crivo da sociedade civil”, resumiu Erundina.

Amelinha Teles, da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, pondera que a descoberta da vala de Perus foi um fato tão grande quanto a própria anistia. “Estamos aqui num caminho de busca da verdade e da justiça. Não é possível que torturadores matem, escondam os corpos, torturem, e nada aconteça. Vamos fazer de conta que no nosso país não aconteceu isso? É vergonhoso”.

Ivan Seixas, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), lembra que falta a identificação das ossadas de pelo menos três das vítimas de Perus e a abertura das valas de Vila Formosa. “O outro lado não dorme, não descansa. Nós que defendemos a humanidade temos de estar constantemente atentos, vigilantes para elucidar os crimes. Tem o segundo trabalho, que é de elucidar esses monstruosos crimes de assassinato.”

O vereador Ítalo Cardoso, que participou à época da CPI, lembrou que o modo de operação das polícias paulistas é o mesmo da época da ditadura. “Cada dia mais percebemos que não podemos ficar desatentos. Quando bobeamos um pouquinho aconteceu o caso do Carandiru. Em 2006 foram às ruas, com toda sua força, e com a conivência dos comandantes mataram quase 500. Há pouco tempo jovens desapareceram em Parelheiros”, ponderou.

Responsabilização

O Ministério Público Federal ingressou no ano passado com ação contra a União, o estado de São Paulo e o município para que fosse concluído o trabalho de identificação das ossadas de Perus. Na mesma ação se pedia a responsabilização de agentes, entre eles Paulo Maluf e Romeu Tuma, e dos institutos que foram, um a um, postergando os exames de DNA.

A Justiça chegou a conceder liminar determinando que o Estado brasileiro se manifestasse rapidamente sobre o assunto e colocasse à disposição os recursos necessários ao trabalho. Mas a Advocacia Geral da União conseguiu cassar a liminar com o argumento de que os R$ 3 milhões que seriam empenhados poderiam provocar prejuízo à ordem econômica.

Marlon Alberto Weichert, procurador regional da República em São Paulo, espera que a Corte Interamericana de Direitos Humanos defina até o fim do ano pela responsabilização do país em ação movida por organismos de direitos humanos sobre os mortos no Araguaia. “Pode ser um novo marco na luta por direitos humanos no Brasil. Fazer com que o Estado brasileiro se submeta e cumpra a decisão de um tribunal internacional.”

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

TRIBUNAL FRANCÊS ANULA EXPULSÃO DE 7 CIGANOS

EL PAIS
ANA TERUEL

Un tribunal francés anula siete órdenes de expulsión de gitanos dictadas por la policía.

El tribunal administrativo de Lille ha anulado siete órdenes de expulsión de gitanos decididas por la jefatura de policía del Norte, al considerar que la ocupación ilegal de un terreno no supone la "amenaza al orden público" esgrimida para justificar tal decisión. El dictamen supone un revés para la política de mano dura del Gobierno contra los poblados ilegales de gitanos, que se acompaña de la expulsión de aquellos que se encuentren en situación irregular. El ministro de Inmigración, Eric Besson, aseguró ayer en Bruselas que la libre circulación de los ciudadanos europeos no podía ser "incondicional".

Los gitanos que presentaron el recurso en Lille habían sido expulsados de un campamento ilegal el jueves de madrugada, según explicó ayer su abogado en la web del diario Le Monde. "Estoy convencido de que la mitad de las expulsiones forzadas son ilegales", añadió. En total, 151 de las casi 1.000 expulsiones de gitanos rumanos y búlgaros registradas desde finales de julio han sido forzadas.

De visita a Bruselas, donde se ha reunido con las comisarias europeas de Interior y de Justicia, Cecilia Malsmtröm y Viviane Reding, Besson ha explicado la política de su Gobierno con los gitanos rumanos y búlgaros, ciudadanos europeos desde 2007. "El logro europeo de la libertad de circulación es extraordinario, pero no puede ser incondicional ni tampoco pretexto para la realización de actividades ilícitas y, en particular, el tráfico de seres humanos", señaló el titular de Inmigración, que acudió acompañado por el secretario de Estado francés para Asuntos Europeos, Pierre Lellouche. "Francia no estigmatiza a nadie" ni ha llevado a cabo "ninguna expulsión colectiva", señaló Lellouche. Por su parte, Besson aseguró que se ha seguido "escrupulosamente" la ley. "La acción llevada a cabo por el Gobierno francés ha sido objeto de numerosas caricaturas y tergiversaciones inaceptables", añadió. Tras recordar que la libertad de circulación no equivale "a la regularización de todos los ciudadanos comunitarios en situación irregular", el ministro ha trasladado la voluntad de París de entrar en "una fase de diálogo constructivo con la UE".

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Para professores, ausência da família aumenta problemas em sala de aula

Rede Brasil Atual
(extraído da revista Carta Capital)

Docentes temem que pouca presença dos familiares transforme escola em “depósito de crianças”

Uma certa confusão ronda a educação. O que é responsabilidade de quem parece que é uma grande dificuldade para pais e mestres. Os professores chamam atenção para a falta de participação de pais ou responsáveis na vida escolar das crianças e a transferência de responsabilidade da educação informal, aquela que acontece no ambiente doméstica e a partir do convívio familiar – para a escola.

Para o professor Tomé Ferraz, das disciplinas de física e matemática da rede pública estadual e municipal, a escola transformou-se em “depósito de crianças” e os professores seriam “babysitters” (babás) de luxo.

As crianças da geração conhecida como “Y”, parece que já nascem “conectadas” na informática e é difícil convencê-las a prestar atenção à aula ou valorizar a educação propiciada pela escola. Parte das aulas é perdida em pedidos de atenção à aula ou para desligar o “Ipod”, descreve o docente. “Eles não têm só celular, eles têm uma verdadeira tevê e levam para a sala de aula”, condena.

Lidar com essa nova face da infância e da adolescência é cada vez mais difícil sem a colaboração das famílias, indica. “A família participa pouco da vida da criança, sobra tudo para a escola”, reflete Tomé.

“Realmente não entendo como os pais, por mais simples que sejam, não tenham consciência de que é preciso valorizar a lição de casa, dar um abraço, acompanhar pelo menos um pouco o filho”, indigna-se Jaime*, da área de Geografia.

Rosana Almeida, professora de sociologia, conta que adora dar aula, mas não pode ser responsável pela educação familiar. “Eu vou ensinar a pensar, sou uma professora à antiga, comer com garfo e faca é responsabilidade de pai e mãe”, declara.

Segundo Cristina*, professora de biologia, a família ou a ausência dela “pesa muito”. “Na cabeça dos pais, parece que agora a escola é obrigada a dar toda a educação”, adverte. “Eu vejo o aluno um hora por dia, por mais vontade que eu tenha, há 35 precisando de atenção, que eu não posso abandonar”, alerta.

* Os nomes de alguns entrevistados foram alterados a pedido dos professores

terça-feira, 7 de setembro de 2010

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA

Nesse dia 7 de setembro, dia da independência do Brasil, saiba um pouco mais sobre a Estratégia Nacional de Defesa, instrumento necessário para nos salvaguardar e garantir o futuro desta Nação.


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O homem burguês

por Ari de Oliveira Zenha
CAROS AMIGOS

Ao tratarmos da questão do homem burguês, temos diante de nós uma complexa interação entre o que o filósofo Leandro Konder coloca como tipo de homem no sentido genérico e também específico.

O homem, ou melhor, o ser humano no seu aspecto genérico lhe confere uma amplitude que açambarca inúmeras características e propriedades que estão interligadas dialeticamente e de forma abrangente à história da humanidade.

Com o objetivo específico de lidarmos com esse assunto – o homem burguês – o tipo humano burguês, temos necessariamente de contextualizá-lo histórica e concretamente, ou seja, ele é representante e personificação da estrutura produtiva, ideológica, moral, ética, social e política do modo capitalista de produção.

O homem burguês é a expressão e revelação dos interesses hegemônicos da sociedade capitalista. Podemos nos referir a que o burguês esta condicionado pelo conjunto da sociedade burguesa, apresentando um todo de diversidades e de contradições que lhe confere valores e interesses de sua classe, a burguesia.

No nosso modo de pensar não existe uma separação, a não ser informal, entre o burguês enquanto proprietário dos meios de produção – o industrial, o banqueiro, o grande comerciante, o latifundiário – do tipo humano burguês (aquele que expressa valores, ideais, idéias e ideologia) que a sociedade burguesa difunde para o mundo estruturando dessa forma as características sociais elaboradas enquanto classe hegemônica de dominação.

O burguês não pode existir separadamente – a não ser de forma aparente – enquanto proprietário dos meios de produção, como dito anteriormente, do tipo humano burguês (aquele que pratica valores da burguesia), eles são partes de uma mesma “moeda”, se completam, se integram através de uma conexão estreita e constitutiva, formando um único “ser” que age interativamente no sentido de impor de forma estruturada o seu domínio sobre todas as dimensões e sentidos que compõem a sociedade mundial.

O sistema de produção capitalista é permeado de contradições que são de sua gênese, não é diferente para a classe que o representa, a burguesia.

O homem burguês enquanto representante de um sistema produtivo na sua concretude, ele como componente da espécie humana, subjetiva e objetivamente, tem seus sofrimentos, seus conflitos, que fazem dele um tipo, um modelo de individuo que cultiva inúmeras relações humanas com objetivos, metas, do tipo: “vencer na vida”, “levar vantagem em tudo”, entre tantas.

As ambigüidades do homem burguês o fazem não só ter uma concepção de mundo como da existência humana uma forma mercantilista, fatalista, a- histórica, utilitarista, onde ele como “ser” burguês é para si um consumidor sedento de consumo, de acumulação e dinheiro.

O dinheiro para ele é um complemento/objetivo que alimenta o seu cínico viver multifacetado, num encadeamento em que a função sujeito/sujeito cede lugar a uma vinculação reificada, ligada a uma relação sujeito/objeto e objeto/sujeito, onde o culto ao mercado, a idolatria pela propriedade, pela acumulação, pelo lucro é que se funda a sua forma coisificada das relações sociais e afetivas, que se entrelaçam com uma forma existencial medíocre, conflituosa, procurando tornar a estrutura capitalista como permanente, a-histórica, espraiando este tipo de existência para todo o nosso planeta como o único possível em termos de existência para o ser humano.

Ari de Oliveira Zenha é economista

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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