segunda-feira, 10 de agosto de 2020

TERRA ARRASADA, E NÃO FALO DO LÍBANO, MAS DO BRASIL


As guerras mutilam corpos, separam famílias e países. Foi assim com a guerra da Coreia, que resultou em 2 milhões de mortos e a dividiu em dois países, Coreia do Sul e Coreia do Norte.

A Alemanha também foi dividida logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, que deixou a marca de 80 milhões de mortos, dos quais 2 mil eram brasileiros.

A Guerra de Secessão deixou quase 1 milhão de mortos nos Estados Unidos e dividiu o sul conservador e o norte liberal em um mesmo país, repleto de radicalismo, avanços e retrocessos.

Esses países superaram os traumas e se reergueram economicamente poucos anos após o fim das guerras.

Mas os números de mortos não param aí. A humanidade passou por muitas outras guerras. Citaremos algumas apenas exemplificativamente, dentre as quais a Primeira Guerra Mundial, que deixou 30 milhões de mortos e, na América do Sul, a Guerra do Paraguai, que dizimou esse pequeno país, deixou 450 mil mortos ao longo de 6 anos, dos quais menos de 60 mil eram brasileiros. Era, até meados desse ano, a maior marca de brasileiros mortos em uma guerra.

Todos os números citados, sejam altíssimos ou não, deveriam assustar, pois estamos tratando de vidas humanas.

Mas o que houve em comum nessas guerras? Além da barbárie, foi o confronto militar entre países e o rápido reerguimento econômico de muitas das Nações, através da solidariedade e da visão de Nação.

No entanto, a guerra mais sangrenta que o Brasil enfrentou e ainda enfrenta não foi contra um país estrangeiro, mas contra um vírus e em pleno território nacional. Sem um Ministro da Saúde, mas com um general da ativa como ministro interino da Saúde, o Brasil ultrapassou a marca de 100 mil brasileiros mortos em apenas 5 meses e ocupa a vergonhosa e triste segunda colocação no mundo em número de perdas de vidas para a pandemia do novo coronavírus.

Sem uma preocupação efetiva com a pandemia, tratando-a como se fosse uma simples gripe e usando a fé e um medicamento sem eficácia comprovada para a cura, o governo federal demonstrou a sua incompetência para o combate a essa doença, na verdade pandemia, que retirou a vida de mais de cem mil brasileiros e o trabalho e oportunidade de empreender de dezenas de milhões de nacionais. As saúdes física e mental, além da econômica dos brasileiros, foi tratada de uma forma absolutamente inepta e incompetente.

Foi a falta de compromisso e de seriedade do governo federal e dos militares que o integram e de muitos governos Estaduais e Municipais que permitiu que o Brasil sofresse esse verdadeiro massacre. Não foi uma derrota. Foi uma aniquilação. Não houve uma luta, mas quase uma rendição ao inimigo.

Países muito mais populosos sofreram baixas muito inferiores. Países africanos, asiáticos e até sul americanos mais pobres conseguiram minimizar ou até zerar o número de mortos.

Mas por aqui a incompetência e demagogia do governo federal e também o oportunismo de vários entes federados permitiu a maior matança de brasileiros que já se viu e ouviu falar.

Um “lockdown” ou confinamento sério por 20 dias poderia ser suficiente para minimizar os danos dessa horrenda pandemia, mas não. A maior parte de nossas autoridades preferiu optar por medidas brandas de combate, que além de se demonstrarem parcialmente ineficientes, foram prolongadas ao longo do tempo, afetando assim, além das vítimas humanas, mas também de forma grave, a própria economia brasileira. Como hoje pode ser visto claramente por todos, os resultados poderiam ter sido, emocional e financeiramente, muito menos impactantes.  

Mas não se pode deixar de consignar que, como se estivessem embriagados por um discurso ufanista, muitos “cidadãos” brasileiros deixaram de adotar as cautelas mínimas necessárias para evitar o contágio e a transmissão dessa doença e que muitos, até hoje, repudiam o uso das máscaras como medida de prevenção.

A irresponsabilidade desses brasileiros, principalmente de nossos governantes. será cobrada pela história. E os familiares dos brasileiros mortos na luta contra a pandemia um dia poderão ver assegurado, perante a Justiça brasileira, o direito à indenização, em razão da ineficiência e incompetência de muitos dos governos dos nossos entes federados.

Não há como não observar que nessa guerra, além de sofrermos com mais de cem mil mortos, ainda perdemos em todas as outras frentes. Fomos humilhados. Os nossos heróis foram aqueles que lutaram de forma silenciosa e permitiram condições dignas de combate àqueles grandes heróis que estiveram na linha de frente na guerra ao COVID-19.

Superamos a morte de brasileiros havida na guerra do Paraguai e estamos próximos de deixar registrado perante o mundo a incompetência de governantes e a irresponsabilidade de parcela do nosso povo.

Esse momento é de dor, mas também deve ser de solidariedade aos brasileiros acometidos pela doença, aos que se encontram adoentados e hospitalizados e aos familiares dos brasileiros mortos pela incompetência do governo no combate a essa pandemia.

Que o Brasil saia mais forte após a pandemia e que os brasileiros saiam mais conscientes do que é cidadania, abandonando a visão extremamente individualista de sobrevivência e de bem estar, tão características do jeitinho de levar vantagem em tudo.

Que a solidariedade e ações de cidadania, tão exigidas no enfrentamento a essa triste pandemia e reveladas às claras como nossa maior arma pela sobrevivência, contagiem nossas almas e permitam a mudança efetiva de nós brasileiros para melhor, permitindo um progresso humano, espiritual e econômico.

Que a morte de nossos irmãos brasileiros não se revele ter sido em vão. Que mudemos por eles e em homenagem a eles, bem como aos pequeninos brasileirinhos que por aqui já se encontram ou que em breve integrarão a nossa Nação.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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