segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

TRUMP E OS IDIOTAS

O Trump não é um idiota, embora seja um bonachão. Idiotas podem ser aqueles que o elegeram e aqueles que acreditam em suas ideias racistas.

O Trump tem o discurso que uma grande parte das pessoas do mundo ocidental adora, fácil, ácido, inconsequente e recheado de ódio. É um discurso que ganha um público fiel.

Há um famoso deputado federal no Brasil, eleito pelo Rio de Janeiro, que também tem um discurso desses. Não cito o nome, pois tudo o que ele quer é publicidade, e isso eu não farei. Ele é execrável e, sim, ele é um idiota, pois toda a base do seu discurso baseia-se apenas e tão somente no ódio, sem qualquer lógica (como se fosse possível num discurso de absoluto ódio) e sem qualquer profundidade. Ele exala palavras de ódio aos nordestinos, ódio aos gays (Freud explica), ódio às mulheres (Freud também explica), ódio aos refugiados, ódio ao centro, ódio à esquerda, ódio a tudo (isso nem Deus acho que consegue explicar). Se esse sujeito quer publicidade, temos que fazer o contrário do que ele espera. Se espera que divulguemos o nome, o omitamos, pois aí esse personagem ridículo terá que fazer um discurso consequente e que as pessoas apreciem pelo conteúdo e não pela roupagem ácida, vulgar e racista.

Voltemos ao Trump. Embora ele pregue a construção de muros, a proibição de entrada de determinado grupo religioso, a discriminação aos latinos e muçulmanos, com um discurso de enfrentamento, quase guerra, na verdade ele é menos belicista que era a sua concorrente Hillary, famosa pelos lobbies pró indústria armamentista. E quando falo em armamentos, não cito espingardas e revólveres, mas armamentos pesados, que matam milhares de pessoas em frações de segundo e que envolvem muito dinheiro.

Para você ter uma ideia do dinheiro envolvido, reflitamos. Você certamente conhece o Mc Donald's, o grupo Pepsico, a Coca-Cola, o Wall Mart, a Fox, a CNN, o Google, o Facebook e tantas outras empresas multinacionais de origem estadunidense. São todas gigantescas e presentes em praticamente todo o globo terrestre.

Todas elas são extremamente ricas, não? Bilionárias. Mas não são elas as que mais faturam. Há empresas ainda mais ricas e que faturam muito mais. São os grandes grupos de indústrias armamentistas. Essas não apenas escravizam, viciam e criam doenças. Essas matam homens; matam idosos; matam mulheres; matam crianças. Exterminam lares e comunidades. Esses grupos poderosos são proprietários de grandes redes de comunicação nos Estados Unidos e apoiavam abertamente a candidata do Partido Democrata, Hillary. Essa é a verdade que parte da esquerda não queria ver à época das eleições.

Se por um lado há o Trump com um discurso racista e contrário aos direitos humanos, a sua então concorrente à Casa Branca não era uma Santa. Lobista dos grandes grupos de armamentos, ela apoiou a invasão à Líbia e tinha conhecimento do apoio escuso que a inteligência estadunidense dava ao Estado Islâmico. Ou seja, falava doce e agia com acidez extrema. Trump fala ácido e tenta agir com tamanha acidez, mas não tem conseguido e talvez nem termine o seu mandato, como sustentam alguns especialistas em Estados Unidos.

De certo, com Hillary não seria fácil, mas com Trump, como se vê, também não está nada fácil. Não havia melhor e pior na eleição estadunidense. O melhor internamente era pior no cenário externo, e vice versa.

A saída serão as manifestações massivas. A pressão popular nos Estados Unidos e no mundo afora sempre será o melhor caminho. Que o dono da suposta peruca mais famosa do mundo perceba que o seu discurso não agrada à maioria. E que o mundo deixe de apreciar esse tipo de discurso inconsequente, radical, fácil e que até uma criança é capaz de repetir.

Mais inteligência, lógica, sensibilidade e transparência faz bem a todos!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

DIA DA CIDADE DE SÃO PAULO

SÃO PAULO leva o nome do Santo Paulo, importante líder da Igreja Católica. Em sua homenagem, transcrevo abaixo a sua Carta aos Coríntios.

Carta de São Paulo a Coríntios

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece,
não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal;
não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade;
tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos;
mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

EU ESTOU COM A NOIVA

IO STO CON LA SPOSA

Que é presente a gente já sabe!
Mas você deve querer saber algo a mais sobre o filme!

UM DOCUMENTÁRIO DE APARÊNCIA INOCENTE, MAS REVOLUCIONÁRIO

Sabe aqueles filmes ditos revolucionários? Pois é, o documentário italiano IO STO CON LA SPOSA (Eu estou com a noiva, em português), filmado em 2013 e finalizado em 2014, antes da grave crise dos refugiados em 2015, é um desses.
Não se trata de ser revolucionário especificamente no aspecto da linguagem cinematográfica, nas tomadas, no roteiro ou na edição. É revolucionário também por isso, mas mais por outras qualidades.  
Seria muito fácil comover. Afinal, quem não se sensibilizou com as imagens das crianças sírias afogadas no Mediterrâneo ou mortas em Aleppo? Quem não se emocionou ao ver a fotografia daquela criança pequenina que ao ver uma câmera de vídeo levantou as mãos, lembrando-se das armas que apontavam diuturnamente para ela? Quem não foi tocado ao ver Homs, Palmira ou a pequena Vila de Maaloula serem devastadas?
De forma simples, sem mostrar cenas de guerra ou de crianças mortas, durante a sua 1h30 de duração, EU ESTOU COM A NOIVA nos revela as atrocidades vivenciadas pelos refugiados durante a guerra e também nos próprios países em que buscam acolhida, no caso no continente Europeu. Numa viagem a pé, de carro e de trem pela Europa, revelam-se, gradativamente, as dores e os absurdos sempre presentes.
É revolucionário porque escancara o preconceito e as barreiras impostas pelo velho continente, principalmente pela criminalização da mera conduta de ajudar refugiados e imigrantes ilegais. As cenas de contestação, de protesto e de luto grafados numa parede em uma das paradas na longa viagem, evidencia por um lado o protesto sempre presente, sempre à frente, sempre vivo, daqueles que sofrem com o descaso, manifestado naquela simples parede; por outro lado, essa mesma a parede fria e grande representa a muralha imposta pelas leis europeias e a fortaleza fria e encastelada, com muros altos, que é a própria Europa.
E é ainda mais revolucionário porque de forma sutil, simples, revela como natural e obrigatória a prática da desobediência civil para salvaguardar um direito natural, um direito humano, um direito assegurado pelo ordenamento jurídico internacional, o de livre locomoção, ainda mais em se tratando de refugiado. O carinho e a ajuda minimamente planejada pelos ativistas italianos e sírios nos passam a sensação de que lá há verdadeiros heróis, gigantes e anônimos, que fazem a grande diferença na vida das pessoas em carne, osso, coração e espírito.
Também é revolucionário porque trata um assunto denso como o refúgio de forma leve, através de um casamento simulado, como forma de tentar evitar a abordagem dos refugiados e até mesmo a prisão pela polícia deles e daqueles que os acompanham. Quem desconfiaria de uma noiva e da suave leveza que passa? Num contraste quase absurdo, jamais imaginaríamos um refugiado assim. Alguém que foge de uma guerra com seus traumas, seus medos e suas perdas, nos passa um ar pesado, carregado, uma imagem densa e necessariamente triste.
Por tudo isso o IO STO COM LA SPOSA é um filme premiadíssimo, inclusive com o Prêmio Direitos Humanos, na Itália. É inédito no circuito comercial e foi exibido no Brasil em apenas três oportunidades. Uma através de exibição pela Embaixada Italiana, que divulga a cada ano os filmes concorrentes no Festival de Veneza, isso em 2014. Outra na Mostra Mundo Árabe de Cinema e no SINDPROESP, esta seguida de debates, ambas em 2016.
É um filme ao mesmo tempo triste e alegre e que nos envolve. É impossível sair sem pensar nas cenas, nas falas e na vida daqueles que sofrem as piores desgraças. Instintivamente passamos a refletir sobre as leis que, ao invés de amenizar as dores das pessoas, fomenta a segregação, a separação e até mesmo a punição de quem é solidário. É um filme sobre refugiados, mas também sobre desobediência civil e também e principalmente sobre humanidade. É absolutamente imperdível, portanto.
Depois de ver o filme, todos iremos querer estar com a noiva e agir como os ativistas italianos e sírios, por um mundo melhor, sem discriminação e arrogância, de forma anônima, mas eficaz. Por isso, principalmente, este filme é revolucionário, pois ele ajuda a nos transformar.
Haverá mais uma única exibição em São Paulo, gratuita, no dia 23 de janeiro de 2017, no Cine Olido, na cidade de São Paulo, às 19hs00, seguido de uma mesa de debates. É uma ótima oportunidade para nos depararmos e compreendermos uma realidade que vai ser cada vez mais frequente no Brasil e no mundo.
Cyro Saadeh, Procurador do Estado de São Paulo, fez diversos cursos na área de cinema e obteve autorização da produtora e dos diretores para apresentar o filme IO STO CON LA SPOSA gratuitamente aos refugiados em São Paulo.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

IO STO CON LA SPOSA

EU ESTOU COM A NOIVA

Tem presente pra cidade de São Paulo, tem presente pra mim que completo 50 anos este ano e tem presente para você.
O filme IO STO CON LA SPOSA é praticamente um presente para nós. É uma poesia em ação e que retrata a realidade dos refugiados. Você não pode perder.

Exclusivamente no dia 23 de janeiro de 2017, às 19hs00, no Cine Olido.
Após, terá mesa de debates com o refugiado sírio TALAL AL TINAWI e o advogado da Cáritas, especializado em refugiados, DANIEL BERTOLUCCI TORRES.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

CINQUENTA!

Dentro de poucos dias completo cinquenta anos. Sabe o que é isso? Muito tempo e que equivale a 600 meses ou a 18.250 dias de vida. Nem vou falar em horas ou segundos, pois isso é muito batido e poderia me deixar deprimido de tantos números.

Se pensar nos dias que vivi, chegarei à conclusão de que não realizei boa parte do que poderia ter feito. Tantos dias e tão poucas realizações. Poderia ter vivido e feito mais, muito mais.

Mas quase não chego lá. Há praticamente 10 anos, a serem completados em maio, tive uma interrupção temporária de vida e quase não voltei. Dizem que foi dramático, mas acho que estava me divertindo ou descansando, sei lá, pois quando acordei estava feliz, muito feliz!

Sofri seis infartos seguidos, com uma primeira parada de 50 minutos, tempo bem superior ao que os médicos consideram razoável esperar. Era para não ter retornado, mas voltei. Sofri outras cinco paradas, mas tirei de letra e cá estou sem sequelas (ao menos eu acredito nisso).

Podia ter vivenciado mais amores, ter escrito mais, ter sorrido e abraçado muito mais. Mas cá estou, tendo consciência de que ainda posso fazer tudo isso e muito mais, o que garanto que rejuvenesce.

Ainda quero produzir um documentário bem bacana, escrever um livro bem vago, com reflexões sobre a vida, plantar árvores frutíferas, contar histórias para adultos e crianças, ajudar o nosso país a ser mais sério e comprometido com as pessoas e sensibilizar alguns para a necessidade de sermos mais tolerantes.

No ano em que completo 50 consegui a autorização para exibir um documentário lindíssimo sobre refugiados da Síria que estão na Itália, mas tentam chegar na Suécia, o IO STO CON LA SPOSA ou Eu Estou com a Noiva, em português, seguido de uma mesa de debates sobre o tema refúgio. De forma surpreendente, consegui o apoio de diversas entidades éticas e com grande credibilidade para a divulgação do evento. Isso me deixou ainda mais feliz! Começou no improviso e acabou com um grande sorriso. Surpresa boa!

Talvez aos 50 eu me encontre com o significado do meu nome (sobrenome) que em árabe significa felicidade! Afinal, para o que é a vida se não para a felicidade?

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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