Geopolítica, hoje em dia, com líderes fracos, não é bem um jogo de xadrez, sempre calculado, com movimentos imaginados e críveis, mas um lançamento de bumerangue, a depender da sorte do lançamento correto para que retorne da forma esperada. Caso a força de lançamento seja menor ou maior que a necessária, a rota e a velocidade de retorno poderá colocar o lançador em maus lençóis.
Feita essa introdução, vamos à análise da questão da Venezuela.
Os Estados Unidos querem as riquezas da América Latina. O que acontecer na Venezuela pode ser apenas o início do que virá a ocorrer, em pouco tempo, em todo o continente, incluindo aí o Brasil.
Trump, que foi financiado pelas petroleiras estadunidenses, almeja o petróleo e gás bolivariano, venezuelano, possivelmente para permitir que essas empresas dos Estados Unidos explorem tais riquezas. e ganhem muito dinheiro, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos possam repor suas reservas estratégicas.
Trump já efetuou o cerco econômico e monetário com as sanções e também os cercos aéreo e naval com seus navios estacionados à margem do país venezuelano. Contudo, nada aponta que efetuará uma invasão terrestre. Poderá, no máximo, em se tratando de invasão territoria, efetuar operações especiais com grupos de militares estadunidenses que poderão efetuar ataques pontuais ou tentar eliminar autoridades de destaque. Uma invasão com ocupação exigiria um número superior a 500 mil militares, beirando 1 milhão, o que é absolutamente inviável, hoje, para os EUA.
O mais provável, porém, será ocorrer ataques aéreos e navais, com mísseis lançados por aviões ou navios, a pontos determinados (mais restritamente) ou, de forma mais ampla, a vários pontos nevrálgicos, a fim de minar o poder de Maduro.
Os Estados Unidos de hoje, porém, não calculam suas jogadas. Faltam-lhes assessores e técnicos à altura daqueles existentes há meio século.
Eventuais derrubadas de caças estadunidenses ou afundamento de navio(s) por parte de forças venezuelanas poderão colocar Trump na parede. Ele tem pequeno apoio popular, a economia dos Estados Unidos não vai bem, e militares já começam a se manifestar contrariamente a essas ações na Venezuela. Parte de sua base de apoio é contrária a qualquer participação em guerras, e se Trump der início a ataques, poderá angariar a antipatia não apenas da maior parte da população que já não lhe é favorável, mas também de parte significativa de seus apoiadores, o que significa perda de apoio popular e político.
A jogada de Trump poderá marcar o reinício do tacão estadunidense nas riquezas da América Latina e também o próprio afundamento daquele e da economia e da hegemonia estadunidenses.
China, Irã e Rússia não devem estar assistindo isso de braços cruzados. Geopolítica, para os asiáticos, não se mede com régua linear nem com alardes e ameaças.
Quanto ao Brasil, a situação é delicada. Se houver ataques, aumentará o número de refugiados que buscarão refúgio no Brasil. Uma guerra continuada poderá afetar a nossa economia e criar problemas de segurança em nossas fronteiras com a Venezuela. O Brasil tem que se preparar para o futuro. Armar-se de forma econômica e inteligente é de rigor. Mísseis, drones e submarinos nucleares, ao lado do fortalecimento de nossas indústrias bélicas, satélites nacionais e sistemas de comunicação nacionais são de rigor. São para ontem!