Muitos da extrema direita brasileira, contrariando o comportamento típico da extrema direita mundial, apoiam o líder estadunidense que ameaça o Brasil com tarifaço, que pode ocasionar desemprego, falências e crise no próprio Brasil.
O Brasil é um país de 210 milhões de pessoas e uma das qualidades básicas para ser brasileiro era a solidariedade, mas isso deixou de ser um requisito intrínseco e passou a ser odiado pela extrema direita, assim como qualquer símbolo de brasilidade, seja a literatura, o cinema, a música, a história, o carnaval. Adotam a camiseta amarela canarinho da seleção brasileira, mas sequer vibram com os bons jogos da seleção brasileira.
A extrema direita brasileira, mais que a mundial, é alienada de valores, a começar do real nacionalismo, que é a torcida incondicional pelo Brasil.
A extrema direita europeia pode ter mil equívocos, mas torce pelo seu país. A extrema direita latino-americana, ao contrário, visa seguir os Estados Unidos incondicionalmente, sem impor o necessário filtro para verificar se dada medida é boa para o seu próprio país. Nas manifestações, carregam as bandeiras dos Estados Unidos e de Israel. Mas há um motivo para isso. É a influência que vem sendo exercida por instituições estadunidenses - ligadas direta ou indiretamente ao governo dos Estados Unidos - no congresso brasileiro e em setores específicos, como Igrejas, grupos políticos, grupos empresariais e na educação desde os anos 1960. Daí a força do neoliberalismo a partir dos anos 1989, que enterrou áreas estratégicas, como empresas bélicas nacionais, pesquisas nas áreas espacial e nuclear.
Vemos a extrema direita em outros países na América Latina adotar o mesmo comportamento assustador dos extremistas brasileiros.
A própria extrema direita estadunidense é estranha e parece ficar no meio termo entre a latino-americana e a europeia. Ela não torce necessariamente pelo país, mas por grupos de poder, no caso as Big Techs. É abertamente a tomada do Estado por grupos de poder e de interesse, pelos lobbies. Não é por outro motivo que questões sociais, como moradia e saúde, sequer são consideradas pelo Estado estadunidense. É cada pobre por si, já o Estado é para poucos, para os mais ricos. Daí não é difícil imaginar que em poucos anos poderá haver uma convulsão social, uma guerra civil, a adoção da ditadura ou até movimentos iniciais de uma revolução socialista naquele país.
Voltando ao Brasil, a extrema direita que apoia Trump contra o Brasil nos envergonha. São os chamados entreguistas, fracos moralmente e capangas do império. Apoiar a chantagem de Trump contra o Poder Judiciário brasileiro, utilizando-se de pressão econômica, autoriza que o autoritário Trump utilize o mesmo recurso para barrar projetos de lei que tramitem no Congresso brasileiro e que firam interesse pessoal ou de grupo que o enlouquecido Trump defende.
É o momento de unir esquerda, direita e centro pelos interesses nacionais, pelo Brasil e pelos brasileiros. Nada mais solidário que isso. Nada mais racional. Nada mais nacionalista que isso.