Em meio às Olimpíadas, e logo após uma visita aos Estados Unidos e ao congresso desse país, Netanyahu ataca um general de alta patente do Hezbollah na capital do Líbano, matando civis, inclusive, e também o líder politico, não militar, do Hamas, no Irã, que lá se encontrava para participar da posse do novo presidente iraniano, aumentando o potencial da ampliação da guerra para além do Oriente Médio propriamente dito.
Muitos analistas dizem que a ação de Netanyahu só foi possibilitada graças não só ao aval, mas também à participação ativa dos Estados Unidos e Grã Bretanha, que teriam fornecido informações de inteligência.
Com o assassinato de Ismail Haniyeh em Teerã, Israel selou o fim das negociações de paz e levou a mensagem de que não parará a guerra tão cedo. Muitos analistas dizem que com isso Netanyahu deu um xeque-mate no Irã, ou seja, o convocou para a guerra direta ou, caso nada faça, à humilhação pública. Mas o que se deve perguntar é o que Neanyahu busca, a morte de todos os palestinos em Gaza a "justificar" a ocupação e anexação do território por Israel, ou uma guerra total no Oriente Médio, a "justificar" a ampliação do território de Israel ou até a sua aniquilação, outra possibilidade?
Quando uso o termo justificar, pretendo dizer da utilização da situação criada como forma oportunista de tentar dar alguma legitimidade, se é que é possível, a pretensões premeditadas, sendo que os resultados podem não ser exatamente os esperados.
Além dessas questões, pouco se debate na mídia brasileira sobre a atitude criminosa, violadora de tratados internacionais, de Israel matar civis na capital Beirute, invadindo o espaço aéreo desse país, como costumeiramente faz, impunemente, e também a invasão ao Irã, atacando esse país em plena Teerã, logo após a cerimônia de posse de seu novo presidente.
O Irã deverá retaliar Israel, ainda que esteja sob a mira de um porta-aviões dos Estados Unidos em pleno golfo pérsico. O Irã deverá calcular milimetricamente suas ações, assim como o Hezbollah, de forma a não promover a guerra total.
Israel está com o exército enfraquecido e confia demasiadamente na capacidade de sua força aérea para enfrentar o Irã, além de contar com todo o poderio bélico dos Estados Unidos a seu favor, evidentemente. Porém, as guerras atuais, tanto na Ucrânia como em Gaza, estão dando evidências de que aviões de combate caríssimos podem ser neutralizados com mísseis potentes e até drones, muito mais eficazes e baratos, que Irã e Hezbollah têm aos montes.
A guerra em Gaza está a se ampliar paulatinamente, já alcançando o sul e o norte de Israel e o sul do Líbano. A sua extensão para a Síria, Iraque e Irã é algo que as potências asiáticas (Rússia e China) parecem não querer.
Israel só parará se o Hezbollah e o Irã forem capazes de neutralizar (destruir) a maior parte da força aérea israelense, algo demasiadamente difícil e complexo. Algum país asiático ajudaria o Irã a efetuar um ataque com tamanha precisão e que necessita de informações de inteligência, além de imagens de satélite? Talvez para garantir a estabilidade na região, conexões possam vir a ser feitas para frear Israel, mas isso só o tempo dirá.
E em meio a tudo isso, nada mais se fala sobre a morte de crianças em Gaza, selando e normalizando o genocídio de um povo ao vivo e em cores para todo o planeta. Quem continua a perder é o povo palestino, preso a uma pequena faixa, sem ter para onde se refugiar, servindo de mira aos bombardeios permanentes e inconsequentes de Netanyahu.