Três grandes lideranças do grupo Hamas foram assassinadas por Israel. Teria
o Hamas condições de negociar um cessar fogo ou a paz na região?
Ao que parece, os Estados Unidos apoiam Israel nesses assassinatos dos
líderes do Hamas, ainda que em territórios estrangeiros. Os navios
estadunidenses recém posicionados próximos ao Irã nos permitem supor que os
Estados Unidos já sabiam com boa antecedência das intenções de Netanyahu
assassinar Hanieh em solo iraniano. Ademais, as manifestações de funcionários
do governo sobre as mortes dos demais líderes em Gaza foram de apoio à ação israelense.
Ismail Hanieh, assassinado nessa semana em Teerã, capital do Irã, era líder político do grupo e estava exilado
no Catar. Era ele que fazia negociações de paz em nome do grupo.
Mohammed Deif, comandante do braço
armado do Hamas, era considerado o número
2 do grupo em Gaza e foi
assassinado no dia 13 de julho na Faixa de Gaza, mas o exército de Israel só
confirmou a morte hoje.
Marwan Issa, era o vice-comandante da ala militar do Hamas e o número 3 do grupo na Faixa de Gaza e teria sido assassinado em março. A divulgação de sua morte foi feita pelo governo dos Estados Unidos.
Mas ao que parece o Hamas não está acéfalo e ainda tem condições de
negociar a paz. Do alto comando do Hamas ainda estaria vivo Yahya Sinwar, que exerce o cargo de chefe do conselho político do Hamas em Gaza desde 2017. Enquanto
ele viver haverá a possibilidade dos palestinos que restam de Gaza sobreviverem e a paz
ser alcançada.
Os Estados Unidos e Israel possivelmente estariam tentando assassiná-lo,
deixando o povo palestino sem uma liderança legítima, o que poderia propiciar a
Israel: a) a ocupação militar temporária ou definitiva da Faixa de Gaza, inclusive
com o possível deslocamento dos palestinos e exploraçao do gás e petróleo palestinos no mar de Gaza; 2) a ocupação definitiva com colonos e exploração de todas as poucas riquezas da região; ou, ainda, 3) uma negociação mais
frágil com a Autoridade Palestina, liderança da Cisjordânia.
Os Estados Unidos estão cientes de seu enfraquecimento militar e econômico e não querem ceder espaço ao mundo multipolar em formação. Dessa forma, manter Israel vivo e forte em uma região estratégica como o Oriente Médio é questão de sobrevivência hegemônica e uma exigência do poderoso lobby sionista. Assim, por mais que se diga o contrário, os Estados Unidos não pararão Netanyahu e não se preocupam, de fato, com a paz na região nem com a situação do povo palestino. O povo palestino, enquanto isso, é um alvo certo que continuará a ser executado, sem poder fugir.
Somente o tempo e os futuros livros de história contarão a barbárie havida nesse nosso tempo e o início do rápido debacle dos Estados Unidos e da sua decadência política, social, militar, econômica e moral.