Não tenho dúvidas de que Israel, com a baixa de soldados (são mais de dez mil entre mortos e gravemente feridos), a crise econômica e os refugiados internos, está, desesperadamente, a chamar os Estados Unidos para ingressar neste conflito. E, para isso, ataca Beirute, assassinando crianças e um líder do Hezbollah, e Teera matando um líder palestino e seu segurança.
Os Estados Unidos agem articuladamente com Israel, tanto que atacaram o Iraque ao mesmo tempo em que Israel desferia fortes golpes ao Hezbollah e ao Hamas, assassinando dois de seus líderes. Mas dificilmente os EUA entrarão para valer nessa guerra. Podem ajudar com homens, inteligência e armamentos, inclusive com muitas aeronaves e navios dos Estados Unidos na região, mais para amedrontar do que para efetivamente invadir o território iraniano. A economia dos Estados Unidos é num fator que impede a sua entrada de cabeça nesse conflito.
O Irã, por sua vez, sai enfraquecido com o ataque ao líder do Hamas em plena capital? Sim e não. Sim porque houve uma invasão ao seu território e mataram um líder de outro povo. Não porque o Irã não precisa reagir da forma que o ocidente espera. Afinal, o Irã nunca reagiu pronta e ferozmente aos ataques Israelenses. Os iranianos, na forma de agir, estão mais próximos dos chineses, sempre pacientes, do que do ocidente imediatista.
É possível que o Irã reaja, mas tardiamente, e isso para deixar o Estado de Israel tenso e desgastado por um bom período. Ou talvez o Irã nem reaja dessa vez. O Irã está crescendo econômica e militarmente e também em importância geopolítica, e parece primar pelo crescimento em vez de entrar numa guerra total e suicida contra os Estados Unidos e Israel.
Quem ganha com o movimento de peças de xadrez do Irã é o grupo de resistência. Quem perde é Netanyahu, pois Israel tenderá a sofrer maior crise militar e econômica, aparentemente sem uma saída estratégica para essa guerra duradoura entre os proxys do Irã e Israel.
O jogo de xadrez é entre povos e nações que sabem jogar. De um lado, o forte e poderoso Israel. De outro, o sábio e paciente Irã.
Para a sorte da humanidade como um todo, não há ocidentais belicistas e imediatistas se enfrentando dos dois lados, o que reduz a chance de um conflito de escala global. Nesse conflito, de um lado, há o explosivo, soberbo e vaidoso Israel; do outro, há um país que pensa em cada passo milimétrico que dá, o Irã.