Andava desacreditado do Brasil, de muitos de seus políticos e de grande parte de sua população pela absoluta falta de percepção do Brasil, de suas necessidades e de seu futuro. Mas talvez eu esteja errado, ao menos parcialmente.
O Brasil foi um país colonizado por europeus e segue, até hoje, a cartilha do ocidente que não tem sido nada favorável ao crescimento do país. Estadunidenses e europeus veem o Brasil como um território que deve lhes servir, incluindo aí a nossa floresta amazônica. Muitos presidentes dos Estados Unidos já chamaram o nosso país de Japão das Américas e China das Américas, ou seja, um concorrente perigoso à hegemonia do império. O Brasil, embora pouco seja dito, sempre foi alvo das ações indiretas e de inteligência dos Estados Unidos. O boicote ao progresso do Brasil continua ativo e frequente. Nunca tivemos acesso a armamentos de ponta dos Estados Unidos, o país vizinho participou ativamente do golpe de 1964, visando derrubar um governo nacionalista, herdeiro político de Getúlio Vargas, também participaram da arquitetura da Lava-Jato e de ações que dividiram o Brasil entre dois polos antagônicos, divisão essa que tanto cria dificuldades às soluções dos problemas, sejam sociais, econômicos ou geopolíticos, e ainda fazem ingerência em nossas ações políticas e econômicas, nos pressionando militar e verbalmente para o nosso afastamento de nosso maior parceiro econômico, a grande China. E a pressão só tende a aumentar, considerando-se a hecatombe econômica da Europa e a diminuição da influência dos Estados Unidos na Ásia e África. O que lhes resta é a América Latina, da qual o Brasil é o maior país territorial e econômico.
Por isso eu sempre disse e volto a repetir, desde a nossa independência, o maior perigo ao Brasil mora no nosso continente, mais ao norte.
Ao lado de tudo isso, o Brasil tem sofrido uma desindustrialização crescente, acarretando desempregos, empregos menos qualificados e pior remunerados. E nesse processo de desindustrialização encontra-se a nossa indústria de defesa, que já foi importante nos anos 1970, 1980 e começo dos anos 1990. Hoje, graças à visão tacanha que o neoliberalismo nos trouxe nas últimas décadas, que só favorece os grandes grupos econômicos e as potências dominantes, temos menos indústrias e menos indústrias de defesa. A Avibrás, uma das pouquíssimas indústrias bélicas que restou, está em processo de recuperação judicial (antigamente chamado de processo falimentar) e pode ser vendida a grupos da Austrália, dos Emirados Árabes Unidos ou da China. O resultado disso será o desemprego de um pessoal qualificado, perda da tecnologia na produção de armamentos de ponta, como mísseis e o sistema de defesa Astros. A OTAN, representada pela indústria australiana, não quer que o Brasil faça parceria com a China e disse, por meio dos Estados Unidos, que a empresa será sancionada se vier a ser parcialmente vendida para a China.
Nesse contexto, o que resta ao Brasil? Se desfazer da última grande indústria de defesa de capital privado nacional ou repensar o futuro da defesa do Brasil e estatizá-la, visando manter os empregos, a tecnologia produzida em territorio nacional e, ao mesmo tempo, avançar na reindustrialização, como tem proposto o vice-presidente Geraldo Alckmin, incluindo aí a ampliação da produção de mísseis, que têm se mostrado mais baratos, eficientes e eficazes na defesa do território, como as guerras da Ucrânia e de Gaza nos têm evidenciado?
Nunca fui a favor das guerras, mas isso não justifica e não autoriza que o Brasil, rico em bens naturais e com vasto território, fique desarmado frente aos interesses mesquinhos de países belicistas que cobiçam as riquezas do nosso país.
O Brasil tem que ter a defesa necessária para a defesa eficaz do seu território continental, marítimo e aéreo, gastando pouco e criando receio a qualquer pais que cobice nossas riquezas naturais. Para isso, nada melhor que produzir aqui dentro, gastando pouco e criando empregos e tecnologia própria, que pode vir a ser exportada, se for interesse de nossas Forças Armadas.
Lembre-se que os armamentos estrangeiros sujeitam o país a eventual bloqueio de fornecimento de insumos para a sua utilização, dos quais Iraque e Argentina foram grandes vitimas. E o Brasil tem que pensar de forma ampla, olhando para o futuro, vendo o contexto do passado, do presente e daquele que se desenha à nossa frente.
Nesse contexto, através de ações articuladas por PDT, PT e PSOL, um deputado federal paulista apresentou no dia 18 de julho, quinta-feira, o projeto de lei PL 2957/2024, para declarar a desapropriação, por utilidade pública, da empresa Avibrás Indústria Aeroespacial S/A, como noticiou em primeira mão o militar da reserva da Marinha, Comandante Farinazzo, do Canal Arte da Guerra, do YouTube. O deputado federal nacionalista não é militar, mas um brasileiro preocupado com as questões nacionais, sejam elas sociais, econômicas ou militares. Estamos falando do corajoso Deputado Federal por São Paulo Guilherme Boulos, do PSOL.
Aqui não importa se você é de esquerda, direita, do centro, da lua ou de Júpiter. O que importa é que você pense nas questões do Brasil, na sua soberania e no seu progresso social e econômico. E nisso o político Guilherme Boulos saiu corajosamente à frente na luta pelos interesses nacionais.