O cinema começou na rua,
literalmente, e para poucas pessoas. Mas ele, que quase deixou de existir, pode
vir a ser a opção no mundo dos streamings.
A primeira exibição de um
filme que se tem notícia ocorreu na Paris de 1895, em um Café, quando os Irmãos
Lumière apresentavam sua invenção, o Cinematógrafo, e o filme L'Arrivée d'un Train à La Ciotat a pouco mais de 30 presentes no Salão Grand Café.
Aos poucos os cinemas foram tomando conta das ruas da cidade e as salas
passaram a acomodar um público enorme, de até mil pessoas, até que os shoppings
passaram a dominar os cenários de comércio e lazer das grandes cidades,
incluindo aí as confortáveis salas de cinema, com suas poltronas quase extravagantes.
As salas de cinema passaram a migrar para os grandes Shopping Centers já
no final da década de 1970, e nos anos 1980 os shoppings já dominavam esse
mercado.
As grandes salas de cinema de rua de São Paulo e Rio de Janeiro foram, aos
poucos, dando espaço a Igrejas Evangélicas e cines pornô.
Países que sempre preservaram as salas de cinema de rua, como Argentina
e Espanha, também sofreram com a diminuição desse espaço, mas lá a resistência
foi maior, com um público fiel ao espaço das ruas e manifestações públicas para a preservação desses espaços.
Já há alguns anos, com o boom das gigantes do mercado de streaming, as
pessoas têm ido menos às salas de cinema, inclusive dos shoppings, que passaram
a ficar quase sempre vazias, em oposição à toda infra-estrutura custosa oferecida.
E é nessa realidade que os cinemas de rua podem voltar, mas menos
glamourosos, de espaço reduzido, mais econômicos e como opção de arte e lazer aos moradores das
grandes e médias cidades brasileiras.
Assim como as pessoas buscam os mercados de bairro, as pequenas salas de
cinema de bairro podem vir a ser a opção daqueles que não resistem em assistir
um bom filme diante de uma enorme tela, em uma sala mais intimista e próxima de onde moram, sem precisar pegar um carro e pagar os caros estacionamentos dos shoppings ou de bairros nobres.
Hoje, a cidade do Rio de Janeiro, importante polo cinematográfico
brasileiro, tem apenas 7 salas de cinema de rua. São elas: Cinema Nosso, no Centro; Centro Afro Carioca
de Cinema, também no Centro; Salas
Kinoplex São Luiz, no Catete; Estação Net Rio, no Botafogo; Espaço Itaú de
Cinema, também no Botafogo; Cine Santa Teresa, no bairro homônimo e Cine Carioca Méier, no Méier.
A gigantesca São Paulo, que teve a sua primeira sala de cinema inaugurada
em 1907, no Centro da cidade, hoje também tem poucas salas de cinema, uma delas
inaugurada há poucos meses. São elas: Playarte Marabá, na avenida Ipiranga; SPCine
Galeria Olido, na avenida São João; Cine Centro Cultural, na rua Vergueiro; Petra
Belas Artes, na rua da Consolação; Reserva Cultural, na avenida Paulista; Cine
Marquise, também na avenida Paulista; Espaço Itaú de Cinema, na rua Augusta; CineSesc,
na rua Augusta; Cinemateca Brasileira, na Vila Clementino; CineSala, em
Pinheiros; e a pequena Produtora e Cine LT3, em Perdizes, inaugurada em
setembro de 2022.
Se você mora em uma dessas duas grandes cidades, aproveite e vá conhecer todas as salas de cinema, sem exceção. Cinema não é só nostalgia, é arte que ainda vive e pulsa.